Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

O Estresse e as Doenças Psicossomáticas

2.2) Relação com doenças digestivas

O sistema gastrointestinal é especialmente sensível ao estresse geral. A perda de apetite é um dos seus primeiros sintomas, devido à paralisação do trato-gastro-intestinal sob ação simpática, e pode ser seguido por vômitos, constipação e diarréia, no caso de bloqueios emocionais. Sinais de irritação e perturbação dos órgãos digestivos podem ocorrer em qualquer tipo de estresse emocional.

É geralmente sabido que as úlceras gástricas são registradas com maior freqüência em pessoas que são desajustadas em seu trabalho e que sofrem de tensão e frustração constantes. O Dr. Gray demonstrou que pacientes sob estresse secretam uma quantidade considerável de hormônios digestivos pépticos na sua urina, isso indica que os hormônios do estresse aumentam a produção de enzimas pépticas, ou seja, a úlcera parece ser produzida com o aumento do fluxo dos sucos ácidos, causado pelas tensões emocionais, no estômago, que se encontra desprotegido do muco protetor secretado em estado de homeostase, sob ação do sistema nervoso autônomo parassimpático. A conexão entre distúrbio emocional, secreção gástrica e úlceras está bem documentada. Um estudo recente entre 2000 recrutas do exército americano mostrou que aqueles que apresentavam, durante o exame físico inicial, distúrbio emocional e secreção gástrica excessiva vieram a desenvolver úlceras, mais tarde, sob o peso da vida militar.

Estudos de úlceras em macacos mostraram que, aparentemente, tensão emocional provoca úlceras se seu período coincide com algum ritmo natural do sistema gastro-intestinal, na sua fase de bloqueio. O experimento realizado colocava dois macacos em "cadeiras restritivas" individuais e tentava-se condicioná-los a evitar um choque elétrico pressionando uma alavanca. Somente o macaco "executivo" poderia evitar que ele e o outro macaco "controle" não recebessem choque elétrico. O macaco "controle" diante de uma alavanca falsa não apresentou nenhum sinal de úlcera, já o macaco "executivo" depois de certo tempo de experimento morreu, a autópsia revelou grandes úlceras no duodeno. Este macaco era o único que estava sob tensão emocional diante da alavanca que poderia evitar os choques elétricos. O ritmo mais eficiente para produzir úlcera foi o de 6 horas.

Para finalizar devemos ressaltar que foi encontrado também uma bactéria, Helicobater pilori, que é também uma das causas de perfuração ulcerante.