Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997 |
2.3) Relação com câncer"Cada um tem sua própria participação na saúde ou na doença, a todo o momento. Os doentes participam de sua própria recuperação." Essa forma de pensar não pretende desfazer, de forma alguma, dos médicos; ela apenas ensina o que pode ser feito em conjunto, entre médico e paciente para a recuperação da saúde. Os Simonton, dirigem o Cancer Counseling and Research Center de Dallas, Texas. Carl é um médico radioterapeuta, especializado no tratamento do Câncer. Stephanie é formada em Psicologia. Eles defendem a idéia de que as doenças somático-viscerais sofrem grande influência psicológica. Ao tratarem de vários
casos de doentes com Câncer, eles puderam observar que a vontade de viver
influencia na espectativa de vida de seus pacientes. Pacientes que, por
algum motivo particular, achavam que teriam que viver mais tempo do que o
previsto pelos médicos, realmente o viviam, provando que tinham certa
influência sobre o curso de sua própria doença. O Câncer, por exemplo, surge como uma indicação de problemas em outras áreas da vida da pessoa, agravados ou compostos de uma série de estresses que surgem de 6 a 18 meses antes de aparecer o Câncer. Foi observado que as pessoas reagiram a esses estresses com um sentimento de falta de esperança, desespero, desistindo de lutar por uma vida melhor. Acredita-se que essa reação emocional dispara um conjunto de reações fisiológicas que suprimem as defesas naturais do corpo, tornando-o suscetível à produção de células anormais, devido a um desequilíbrio profundo mental, hormonal, orgânico e psicológico. Existe, ainda hoje, uma confusão entre "Efeito placebo" e "Doenças psicossomáticas". O "efeito placebo" ocorre quando um paciente recebe uma prescrição que produzirá um efeito colateral benéfico, o que acontece na realidade, mesmo que não haja nenhum medicamento no comprimido que pudesse produzi-lo. As doenças psicossomáticas, no entanto, são doenças originadas como resultado de, ou agravadas por processos múltiplos. As distorções que ocorrem neste sentido, fazem com que as doenças psicossomáticas pareçam menos reais, o que é puro engano. Costuma-se aceitar a conexão psicossomática em casos de pressão alta, ataques cardíacos, dor de cabeça, doenças da pele etc., mas, com o Câncer, em geral não. No entanto, hoje, já foi comprovada uma ligação evidente entre estresse e Câncer, ligação tão forte que é possível predizer a doença baseando-se na quantidade de estresse sofrida pelas pessoas, na vida cotidiana. Descobertas recentes foram primordiais para paciente canceroso, porque sugerem que efeitos do estresse emocional podem deprimir o sistema imunológico, abalando as defesas naturais contra o Câncer e outras enfermidades. Há maiores possibilidades de que ocorram doenças após acontecimentos altamente estressantes na vida da pessoa. Quando uma pessoa sofre dissabores emocionais, há um aumento não só das doenças reconhecidamente suscetíveis à influência emocional: úlceras, aumento da pressão sanguínea, doenças cardíacas, dores de cabeça, mas também de doenças infecciosas, dores lombares e até acidentes. Foi desenvolvida uma lista com valores numéricos de todos os acontecimentos estressantes da vida de uma pessoa, chegando-se assim, à quantidade de estresse que a pessoa estaria sofrendo. Ao observarmos esta lista, notaremos coisas que nós mesmos achamos estressantes, mas perceberemos também, curiosamente, sucessos pessoais excepcionais, normalmente considerados como sendo experiências agradáveis. Foi observado que essas experiências aparentemente agradáveis para nós, são experiências que implicam em mudanças de hábitos, na maneira de nos relacionarmos com as pessoas e em nossas auto-imagens. Mesmo sendo experiências positivas, podem exigir um grau profundo de introspecção, podendo chegar a causar o aparecimento de conflitos emocionais não solucionados. O ponto principal é, portanto, a necessidade de adaptação à mudança, quer ela seja positiva, quer negativa. Estresse também varia de pessoa para pessoa. Cada um vai agir de uma forma diferente diante das situações. Assim, fica claro que fatores de natureza psicossocial podem modificar a resistência a um número de doenças infecciosas e cancerosas.Muitas pessoas não ficam doentes mesmo quando recebem grandes cargas de estresse. É necessário examinar a reação específica de cada pessoa ao fator estressante. Agora, tornou-se claro, que níveis elevados de estresse emocional aumentam a suscetibilidade à doenças. O estresse crônico resulta na supressão do sistema imunológico, o que por sua vez cria uma maior suscetibilidade à doença, especialmente o câncer. O estresse emocional, realimenta o desequilíbrio emocional. Esse desequilíbrio pode vir a aumentar a produção de células anormais no momento em que o corpo encontra-se menos capacitado a destruí-las. A personalidade individual é também um forte diferenciador entre as pessoas que tem maior ou menor suscetibilidade à doenças. A maneira como reagimos às tensões diárias origina-se de hábitos e é ditada pelas nossas convicções íntimas sobre quem somos, quem deveríamos ser e a maneira como o mundo e as outras pessoas deveriam ser. Existem indícios de que diferentes tomadas de posição em relação à vida, em geral, podem estar associadas com certas doenças. |