Revista de Psicofisiologia, 2(1), 2000

O Sono, destacando o sonho, o ritmo biológico e a insônia

4.3) Causas

    Lembrando que o sono não é uma atividade passiva, o nosso cérebro trabalha selecionando o que deve ficar na memória e o que pode ser jogado fora. Segundo Fernando Pimentel de Souza (1992), professor da UFMG, o homem que não dorme bem é um cidadão de segunda classe, apto para o trabalho físico, mas incapaz de desempenhar um bom trabalho intelectual.

    Quando os ritmos externos saem muito fora do ritmo natural, ocorre a insônia. Há três formas de manifestação da insônia:

  • dificuldade para dormir,

  • sono fragmentado e

  • despertar precoce.

    A insônia pode ter várias causas, é um sintoma que pode decorrer de transtornos emocionais, afecções psiquiátricas, uso de psicoestimulantes, alcoolismo etc.

    O ruído é um dos sincronizadores ou perturbadores do ritmo do sono mais importantes. Pessoas que moram perto de autopistas, aeroportos, grandes centros urbanos etc. têm uma redução média de 35% na parte na parte mais nobre do sono, os estágios NMOR profundos e paradoxal (Vallet, 1982). O ruído torna o sono mais leve, causando danos fisiológicos, psicológicos e intelectuais. As cidades mais barulhentas do Brasil são Rio de Janeiro e São Paulo, estando Belo Horizonte em lugar de destaque, provocando na grande maioria de seus habitantes altos níveis de estresse e conseqüentemente, uma população com persistente insônia (Álvares & Pimentel-souza, 1992; Pimentel-Souza et al, 1996).

    Um número gigantesco de pessoas, que não são doentes, mas que trocam o sono por trabalho e diversão, também perde horas de repouso. Executivos levam montanhas de papel para casa, estudantes se matam noite adentro às vésperas de provas, mães de recém nascidos trançam pela casa com seus filhos no colo durante a madrugada, motoristas de caminhão, leitores vorazes, pessoas em cargo de responsabilidade costumam dormir menos do que precisam por vaidade, motivação ou para vender a imagem do dinamismo.

    Pessoas acham que podem dispensar noventa ou cem horas de sono por mês para trabalhar ou se divertir mais. Isso é um erro, um adulto em geral precisa, em média, de sete a oito horas de sono por noite, se não tiver uma estrutura de sono especial. Algumas pesquisas, no entanto, descobriram pessoas sadias muito acima e abaixo dessa faixa. Mas atenção, só uma pessoa em cem precisa de mais de dez horas por noite para se refazer e só uma em cem precisa de apenas quatro horas para estar bem refeita no dia seguinte. Pode se tratar de aprendizado ou herança, pois elas se tornam ou nascem assim.