Revista de Psicofisiologia, 2(1), 1998

Sobrevôo: da ontogênese, passando pela infância e se detendo na velhice

3.6) Envelhecimento por intoxicação

Ao longo da vida de um individuo ele passa por influências externas, que a longo prazo irão influenciar na sua velhice e na forma como este sujeito irá envelhecer. Vários problemas que o idoso enfrenta são reflexos de sua alimentação, do seu sono, do ar que respira, do ambiente em que ele vive e da sonoridade, que podem causar estresse e degradação da vida.

O excessivo crescimento tecnológico criou um meio ambiente no qual a vida se tornou física e mentalmente doentia. Ar poluído, ruídos irritantes, congestionamento de tráfego, poluentes químicos, riscos de radiação e muitas outras fontes de estresse físico e psicológico passaram a fazer parte da vida cotidiana da maioria das pessoas.

O envelhecimento pode ser resultante de todas as tensões que o corpo humano sofreu durante a existência, potencializando uma fraqueza genética. O homem também envelhece em função de outros fatores biológicos: agressões traumática, infecciosas, metabólicas, afecções nervosas, endócrinas descuido no tratamento de pequenos e grandes males que se acumulam etc

Algumas das causas de degeneração do sistema nervoso e um envelhecimento precoce são provenientes de intoxicações por produtos químicos, que são encontrados na nossa vida diária, estes produtos são conservantes alimentares, ou vários produtos de consumo ou mesmo os detritos de lixo industrial, trazendo respectivamente tanto mais benefícios à saúde, quanto riscos, além da contaminação com agrotóxicos.

Muitos desses produtos podem chegar até nós pela contaminação, mais ou menos complexa do ar, da água, da comida etc. O estudo de indivíduos de mais idade são de grande interesse, por já terem vivido mais tempo sofrendo de um efeito acumulativo desses produtos e pondo à prova a estabilidade da organização genética do organismo e, da poluição e da violência do meio.

Um exemplo de doença que afeta fisicamente as pessoas com mais idade na maioria é o câncer, assim como a arterosderose a qual também se relaciona à exposição química.

Na doença de Alzheimer, tem-se estudado sua possível ligação com a toxidade do alumínio, que foi revelado na autópsia de pacientes.

O manganês também é um outro metal que causa um tipo de neuropatia com a idade. E que está associado com desordem do núcleo extrapiramidal, caracterizada por tremor. Num estudo com macacos, os sintomas neurológicos de movimento choreo-athtóide, rigidez e tremor ocorreram depois de 18 meses de exposição ao manganês. Estes sinais clínicos, em associação com severas lesões no globo pálido e núcleos subtalâmicos assemelham-se ao parkinsonismo e sugerem uma possível ligação entre exposição ambiental e a ocorrência da doença na velhice de certos indivíduos.

O estudo do efeito neurotóxico de outros metais tem sido grandemente realizados, em particular o do chumbo, o que parece afetar reduzindo a capacidade intelectual nas crianças (Needleman et al., 1979) tempo de reação diminuído (Hunter et al.,1985) e prejuízo de outras habilidades cognitivas (Winneke et al.,1982; Hanssen et al., 1985). Muitos estudos demonstraram que déficits cognitivo e emocional são devidos a longa exposição ao chumbo (Hogsted et al., 1985; Hanter et al., 1984).

O consumo de álcool, produto baseado no etanol, tem efeitos variados na corpo, dentre as pessoas mais velhas. Entre individuos mais velhos há uma diminuição da tolerância ao álcool, devido à um aumento da sensibilidade do sistema nervoso central ao efeito depressor do mesmo. Um aumento de ácido úrico sérico é comum durante a ingestão maciça de álcool, o que então leva a artrites agudas em pacientes com gota. Hipoglicemia e hiperlipidemia ocorrem em pacientes que não se alimentam adequadamente ou que estão ingerindo um dieta de alta gordura com etanol.

A administração concomitante de etanol e barbitúrico resultam num intenso efeito depressor dessas drogas sobre o SNC e que podem resultar na morte ou coma. Deterioração intelectual e demência são complicações comuns de alcoolismo crônico. Os pacientes do alcoolismo demonstram um envelhecimento mental em todas as idades cronológicas. O consumo do álcool também está associado com a hipertensão e um crescimento de acidentes cérebrovasculares.

O fumo também provê um excelente exemplo de problemas encarados na consideração do impacto ambiental sobre o envelhecimento. Num estudo realizado com ratos foi constatado um aumento de várias patologias depois da exposição à fumaça de cigarros.

De certa forma, a velhice e a forma com ela é vivida são reflexos acentuados do que foram a personalidade do indivíduo e os efeitos ambientais da qualidade de vida que o indivíduo teve.

Além de um envelhecimento natural do corpo, soma-se a aceleração do acúmulo de tudo o que o individuo viveu, a forma com ele organizou sua qualidade de vida, os níveis de estresse a que o homem hoje se acha submetido, a maneira como ele dorme, sua alimentação associada a uma falta de regularidade de práticas de atividades físicas e de lazer são fatores que irão influenciar como este individuo chegará a sua velhice e a maneira como ele poderá saber viver essa nova fase de vida.