Revista de Psicofisiologia, 2(1), 1998

Sobrevôo: da ontogênese, passando pela infância e se detendo na velhice

3.1) Envelhecimento atual

Viver para o ser humano, considerado como um todo incluindo os seus órgãos, com ritmos diversos para cada um deles é avançar no tempo e vê-los aparecer, crescer e envelhecer. Atualmente o homem raramente vive mais do que cem anos, mas tem potencial para mais. A duração da vida se abrevia pelas enfermidades, que por sua vez obedecem a uma determinação genética total ou parcial, influência de um estilo de vida favorável ou desfavorável. Portanto, depende do próprio patrimônio genético como também as influências externas a que está exposto ou a que se expõe o indivíduo desde a geração até a morte.

O suprimento de oxigênio, o fluxo sangüíneo cerebral, a redução da utilização da glicose etc, podem ser inadequados e podem caracterizar o envelhecimento cerebral, devido a arterisderose. A população neuronal não morre toda de uma vez; perece diariamente um número elevado de neurônios, suprimindo um maior número ainda de sinapses intra-encefálicas, podendo se acelerar a partir dos 30 anos. Juntamente aí pode-se dar o aumento do índice da área ventricular, sem neurônios, do cérebro. O aumento de estreitamento da carótida e da resistência vascular cerebral podem diminuir nitidamente o fluxo sangüíneo cerebral.

Podem haver alterações nos sistema dopaminérgicos, colinérgicos, nem tanto no envelhecimento normal, e mais acentuadas nos serotoninérgicos, menos conhecidos.

Com o envelhecimento, podem-se verificar também modificações nas reações emocionais do idoso. Poderá haver redução da capacidade física e intelectual, o acúmulo de perdas e separações, a solidão, o isolamento e a marginalização sociais podem acelerar o envelhecimento emocional. Por outro lado, a força muscular é um fator fisiológico que pode realimentar a deterioração da vida social do idoso. Do ponto de vista psicológico, o envelhecimento pode significar uma semi ou total dependência.

No envelhecimento emocional as principais características são dificuldades de resposta emocional adequada, com redução da tolerância aos estímulos, vulnerabilidade à ansiedade e à depressão, com sintomas hipocondríacos, autodepreciativos ou passividade, conservadorismo do caráter e das idéias, com acentuação de traços obsessivos, hipocondríacos ou histéricos pré-existentes.

Pode haver perda gradual da audição, diminuição de acomodação do cristalino e outros defeitos visuais no idoso. Além do déficit causado por alterações fisiológicas, há também uma redução da capacidade perceptiva.

Essa redução poderá influenciar principalmente três esferas de funcionamento: o aprendizado, a memorização e a resolução de problemas. No homem, quando ele chega aos 40 anos pode haver uma estabilização da capacidade perceptiva que, á partir dai começar a declinar e, após os 65 anos se acelerar esse processo. Pode ser comum uma crescente dificuldade de aquisição de novas técnicas e conceitos. O tempo de aprendizado pode aumentar progressivamente, ao mesmo tempo em que se reduz a precisão deste. Pode haver também um déficit na memória de fixação, permanecendo as memórias antigas. No entanto observa-se que cenas pessoas, que não se acomodam facilmente no ócio, mantém uma longa vitalidade. Não seria o trabalho um vitalizador? Parece que sim.