Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997 |
2.2) Emoções e motivações
A síndrome de Kluver Bucy é provocada pela ablação do pólos temporais e tem na amígdala sua estrutura crítica, leva a um quadro de hipersexualidade e inadequação somado a diminuição da agressividade. Acredita-se que os distúrbios comportamentais dela decorrentes se dêem por que os animais não são mais capazes de fazer uma associação entre os estímulos do ambiente e as respostas a eles adequadas. Macacos amidalectomizados quando retornam a seu grupo social perdem sua posição hierárquica e são desprezados pelos seus companheiros justamente por estarem impossibilitados de processar estímulos e responderem de maneira adequada. O giro do cíngulo quando estimulado provoca sensações de familiaridade, "déjà vu". Há evidências de que a amígdala é estimulada em momentos de ansiedade, e teria ela a função de conferir uma conotação afetiva a percepção da ameaça. O resultado desse processamento seria transmitido ao hipotálamo medial e matéria cinzenta periaquedutal, que seria responsável pelas manifestações comportamentais, neurovegetativas e hormonais do medo que constituem a reação de defesa. Cannon descobriu que, quando um animal se defrontava com uma situação que evocava dor, raiva ou medo, respondia por um conjunto de reações fisiológicas que o preparava para enfrentar o perigo pela "luta" ou "fuga". A raiva e a placidez está diretamente ligado a núcleos no SNC. Em relação a raiva, temos o núcleo amigdalóide e o dorso-medial, enquanto, em relação a placidez, temos o ventro-medial e o septal. Esses núcleos interagem um inibindo o outro da seguinte maneira: o amigdalóide inibe ventro-medial, que inibe o dorso medial que inibe o septal. Em alguns tipos de loucura, a lobotomia temporal era feita de modo que o circuito descrito anteriormente era desequilibrado, onde o núcleo amigdalóide era retitrado e o septal passava atuar, deixando o indivíduo plácido. O caso é exemplificado no filme "O estranho no ninho", que denuncia a burocracia médico-administrativa. |