Ligação de peptídeos às moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade

Os peptídeos que se ligam às moléculas de MHC são imunogênicos.

A célula T reconhece um peptídeo processado 
em uma célula apresentadora de antígenos (APC) e apresentado por uma molécula de MHC


Essa informação deve ser usada para o planejamento de vacinasConfira o Artigo:Strategies for cancer therapy using carcinoembryonic antigen vaccines. pela inserção de aminoácidos que se liguem ao MHC nos antígenos usados na imunização.

Características das interações Peptídeo-MHC

  • Ampla especificidade quanto à ligação de peptídeos.

  • Fina especificidade no reconhecimento dos antígenos devido aos receptores de antígenos dos linfócitos T.

    Animação:MHC classeI Animação:MHC ClasseII

    Todo peptídeo contra o qual pode ser gerada uma resposta imune deve conter alguns resíduos que contribuem para sua ligação às fendas das moléculas do MHC e devem conter outros resíduos que se projetam das fendas, onde eles são reconhecidos pelas células T. Existem várias e importantes características das interações das moléculas do MHC e peptídeos antigênicos.

  • Toda molécula do MHC de classe I ou de classe II tem uma única fenda de peptídeo que pode acomodar muitos peptídeos diferentes.

    Se uma célula T específica para um peptídeo for estimulada por uma Célula Apresentadora de Antígenos, a resposta é inibida pela adição de um excesso de outros peptídeos estruturalmente semelhantes. A molécula do MHC ligou diferentes peptídeos, porém a célula T reconhece apenas um complexo peptídeo-MHC.

  • Os peptídeos que se ligam às moléculas do MHC compartilham características estruturais que promovem essa interação.

    Uma dessas características é o tamanho do peptídeo. As moléculas de classe I são capazes de acomodar peptídeos que podem ter de 8 a 11 resíduos de comprimento, e as moléculas de classe II ligam peptídeos que podem ter de 10 a 30 resíduos de comprimento. Os resíduos de um peptídeo que se liga às moléculas do MHC são distintos daquele que são reconhecidos pelas células T.


  • A associação de peptídeos antigênicos e moléculas de MHC é uma interação saturável e de baixa afinidade com lenta taxa de associação e dissociação

    A taxa extraordinariamente lenta de dissociação entre o peptídeo e as moléculas do MHC permite que os complexos peptídeo-MHC persistam por tempo suficiente na superfície das células apresentadoras de antígenos para assegurar interações produtivas com as células T antígeno-específicas.


  • As moléculas do MHC exibem tanto os auto-antígenos quanto antígenos estranhos

    As células T investigam esses peptídeos exibidos quanto à presença de antígenos estranhos. Esse processo é central para a função de vigilância das células T. As células T possuem grande sensibilidade para pequenas quantidades de complexos peptídeo-MHC.


    Bases estruturais da ligação Peptídeo-MHC


    A ligação dos peptídeos às moléculas do MHC é uma interação não covalente mediada pelos resíduos tanto dos peptídeos como das fendas das moléculas do MHC.

    Os antígenos protéicos são clivados proteoliticamente nas células apresentadoras de antígenos para gerar os peptídeos que deverão ser ligados e exibidos pelas moléculas do MHC. Esses peptídeos ligam-se às fendas das moléculas do MHC em ampla conformação. Uma vez ligados, os peptídeos e suas moléculas de água associadas enchem as fendas, fazendo extensos contatos com os resíduos aminoácidos que formam as fitas b da base e as a-hélices da lateral da fenda.



    Complexo Peptídeo-MHC.A molécula principal de 
histocompatibilidade é colorida em azul e os peptídeos estão em magenta.
(à esquerda, molécula da classe I e à direita, molécula da classe II)


    Uma parte do peptídeo ligado é exposta pelo ápice aberto da fenda do MHC, e os aminoácidos das cadeias laterais dessa porção do peptídeo são reconhecidos pelos receptores de antígenos das células T específicas. O mesmo receptor da célula T interage também com os resíduos polimórficos da a-hélice da própria molécula do MHC . Portanto, os aminoácidos derivados tanto do peptídeo antigênico quanto das moléculas do MHC contribuem para o reconhecimento do antígeno pela célula T, sendo o peptídeo o responsável pela espe cificidade fina do reconhecimento do antígeno e os resíduos do MHC respondendo pela restrição ao MHC das células T.



    Pode-se acentuar a imunogenicidade de um peptídeo incorporando em um resíduo que fortaleça sua ligação às moléculas do MHC, que são comumente herdadas em uma população. Esta abordagem está sendo experimentada para a síntese de vacinas planejadas




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