Descoberta do RNA autocatalítico
O RNA autocatalítico foi descoberto no protozoário
Tetrahymena e, nesse organismo, era capaz de se autoprocessar, retirando um íntron
de forma perfeita, na ausência de qualquer outra proteína.
A posterior descoberta de um rRNA que era responsável pela
ligação peptídica entre dois aminoácidos reforçou
a idéia de que um RNA poderia ter funções catalíticas.
Talvez um RNA primordial poderia ser responsável pelo início da vida e teria
a capacidade de se autoduplicar e produzir polipeptídeos a partir de
moléculas precursoras.
Etapas para o autoprocessamento
O autoprocessamento do RNA de Tetrahymena ocorre
em algumas etapas. Primeiro é necessário que haja um co-fator para funcionar
como grupo de ataque, que fica provisoriamente incorporado ao RNA. Esse cofator
é normalmente um GMP, GDP ou GTP, o que importa não é o número de
grupamentos fosfatos ligados e sim a extremidade 3’-OH da molécula.
O co-fator G liga-se ao RNA e ataca a extremidade 5’ do íntron, ocorre o
rompimento da fita de RNA nesse local e o co-fator fica ligado à essa
extremidade do íntron. Isso gera ainda uma extremidade livre 3’-OH na
extremidade do éxon cortado. Essa extremidade do éxon então ataca a
extremidade 3’-OH do éxon anterior, gerando uma ligação entre os éxons e a
liberação do íntron.
A extremidade 3’ do intron então ataca uma ligação fosfodiéster perto da
extremidade 5’ do próprio íntron, gerando um fragmento circular de RNA mais
um fragmento de 15 nucleotídeos contendo o co-fator G. O RNA circular então
perde 4 nucleotídeos e se abre produzindo uma molécula linear chamada de RNA
L-19IVS (Linear minus 19 InterVening Sequence).
Esse autoprocessamento necessita necessariamente da integridade estrutural do
RNA inicial, pois seu pareamento intracadeia, que gera uma estrutura secundária
e terciária, é essencial para as etapas de corte (comprovado através do
tratamento com agentes desnaturantes, que inibem o processamento).
Sequencias consensuais foram encontradas no ponto de corte 5’ – região rica
em pirimidinas (CUCUCU) – e dentro dos íntrons – sequências ricas em
purinas (GGGAGG).