![]() |
Foto: F.A.Silveira |
As populações de abelhas silvestres têm sido reduzidas drasticamente devido à eliminação de suas fontes de alimento e locais de nidificação, pela ocupação intensiva da terra pela agricultura e urbanização e pela intoxicação com pesticidas. A redução das populações de abelhas, por sua vez, pode levar à diminuição da produção de frutos e sementes por plantas cultivadas e nativas. Mesmo em áreas preservadas a influência antrópica é causa de alterações ambientais (às vezes sutis) que põem em risco as populações locais de abelhas e, consequentemente, das plantas por elas polinizadas. Uma das dificuldades em se promover a conservação das abelhas é a falta de conhecimento sobre as mesmas: elas constituem um grupo com um número de espécies estimado entre cerca de 20.000 e mais de 30.000, das quais inúmeras restam ainda por descrever, principalmente nos trópicos.
Pouco resta da cobertura vegetal original de Minas Gerais: já em 1975 menos que 5% do território estadual era ainda coberto por vegetação nativa. As áreas florestadas do sul e leste apresentam, como vestígio da antiga cobertura, apenas capoeiras em altos de morros e a vegetação do cerrado está sendo rapidamente devastada para a exploração carvoeira e pela ocupação agropecuária. Neste contexto, certamente muitas espécies serão extintas ou terão suas populações drasticamente reduzidas e confinadas a áreas restritas. Isso torna urgente qualquer tentativa de conhecimento de algo que se aproxime da composição original da fauna e flora mineiras.
Apesar dos levantamentos de faunas locais de abelhas silvestres realizados em áreas sob vegetação de cerrado e na Zona da Mata, a fauna de abelhas de Minas Gerais continua pouco conhecida. O conhecimento da flora e da fauna de Minas Gerais é muito importante para o entendimento da biogeografia brasileira e neotropical, já que neste estado, encontram-se as divisas entre algumas das bacias hidrográficas e algumas das regiões fitogeográficas mais importantes do país.
A Zona Metalúrgica de Minas Gerais situa-se na região centro-sul do Estado, em altitudes em torno de 1000 m. Seu relevo alterna áreas suavemente onduladas e formações rochosas elevadas. Os solos são em geral pobres em nutrientes e ricos em óxidos de ferro e alumínio. O clima regional é o AW de Köppen (tropical com chuvas no verão e inverno seco e com temperatura média mensal superior a 18ºC). A vegetação apresenta grande variabilidade fisionômica e taxonômica, o que torna a região muito interessante ecologicamente: campos rupestres, diversas gradações do cerrado e florestas semidecíduas alternam-se na paisagem, acompanhando modificações no relevo, no solo e no microclima, e promovendo a completa substituição das espécies vegetais presentes, em abruptas faixas de transição.
OBJETIVOS
- | Conhecimento da fauna de abelhas silvestres da Zona Metalúrgica de Minas Gerais. |
- | Aumento da quantidade e diversidade das abelhas da Zona Metalúrgica em coleções entomológicas regionais e nacionais. |
- | Montagem de uma coleção das espécies de abelhas da região, no Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas do Departamento de Zoologia da UFMG, que sirva de referência para a identificação de espécimes coletados em projetos futuros de ecologia e biologia de abelhas. |
- | Conhecimento das plantas utilizadas como fontes de alimento pelas abelhas nas formações vegetais presentes na região. |
- | Identificação de espécies de abelhas potencialmente importantes e promissoras como objeto de estudos bionômicos futuros. |
- | Estudo das variações na abundância populacional e composição faunística dentro e entre áreas restritas na Zona Metalúrgica de Minas Gerais. |
- | Estudo das variações sazonais no número de espécies e na abundância populacional de abelhas na região. |
MATERIAL E MÉTODOS
Áreas de estudo e métodos de amostragem.
O levantamento faunístico está sendo executado por meio de coletas intensivas e sistemáticas em algumas áreas verdes dentro ou próximo à área urbana de Belo Horizonte e esporadicamente em diferentes locais nos municípios de Brumadinho, Moeda, Nova Lima, Ouro Preto, Catas Altas e Sabará. Também foi realizada uma amostragem ao longo de um gradiente de urbanização em Belo Horizonte.
Em todas as áreas, as abelhas são procuradas nas plantas em flor, coletadas com rede entomológica, mortas em frasco mortífero e guardadas em saquinhos de papel separadamente de outras abelhas coletadas em outras plantas e horários. As coletas sistemáticas estão sendo realizadas segundo a metodologia de SAKAGAMI et al. (1967), com algumas modificações. Nas áreas cobertas por floresta, as amostragens têm sido executadas em trilhas preexistentes e nas bordas da mata e se restringem às flores localizadas até uma altura de cerca de 4 m do solo.
Todos os espécimes de abelhas coletados estão sendo montados em alfinetes entomológicos, identificados e depositados na coleção do LSEA. Espécies vegetais visitadas pelas abelhas, sempre que possível, foram coletadas, identificadas e depositadas no Herbário do Departamento de Botânica da UFMG (BHCB).
Análise de dados.
Para evitar a influência de diferentes esforços amostrais, a riqueza em espécies está sendo estimada pelo número esperado de espécies (Sanders 1968; Hulbert 1971) em amostras aleatórias de diferentes tamanhos e a densidade expressa pelo número de indivíduos dividido pelo número de horas de coleta.
Hulbert,S.H. 1971. The nonconcept of species diversity: a critique and
alternative parameters. Ecology 52(4): 577-586. Sanders, H.L.1968. Marine
benthic diversity: a comparative study. American Naturalist 103: 51-59.
SUBPROJETOS
1. Mata Secundária sob Ação
Antrópica no Museu de História Natural e Jardim Botânico
da UFMG
2. As Áreas de Cerrado e Campo
Rupestre do Parque das Mangabeiras
3. As Matas da Reserva da COPASA no Barreiro
e do Parque das Mangabeiras
{Em andamento}
4. O Campo Rupestre da Serra do Cachimbo{Em
andamento}