3.2) Parassonias: são
definidas como transtornos que não são anormalidades dos processos
responsáveis pelos estados de sono e vigília por si, mas sim problemas
orgânicos indesejáveis que ocorrem predominantemente durante o sono.
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Síndrome
de apnéia do sono: é definida como uma cessação da passagem de
ar pelas vias aéreas superiores, com duração de pelo menos 10
segundos. As hipopnéias de sono quando ocorre uma diminuição da
passagem de fluxo aéreo pelas vias superiores. Devido a similaridade
e da mesma classificação das apnéias, é empregado o termo "apnéia
do sono" referindo-se às duas condições. As apnéias do sono
podem levar tanto à queixa de insônia como a sonolência excessiva.
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Transtornos dos
movimentos periódicos dos membros, repetitivos, altamente
estereotipados, em especial dos membros inferiores e que ocorrem
predominantemente durante o sono. Os movimentos geralmente são
acompanhados por despertares que podem ser breves ou prolongados, a
queixa do paciente tanto pode ser de insônia intermediária, sono
pouco reparadora ou sonolência excessiva.
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Síndrome de
pernas inquietas caracteriza-se por sensações desagradáveis nas
pernas, geralmente antes do início do sono, levando a pessoa a uma
necessidade incontrolável de mexê-las.
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Narcolepsia é
sonolência excessiva associada a cataplexia, perda súbita da tensão
muscular, e outros fenômenos do sono MOR como alucinações hipnagógicas,
experiências de percepção vívida ocorrendo na transição sono/vigília
acompanhada por intenso medo, às vezes com a impressão da presença
de terceiros no ambiente. A pessoa não consegue evitar o sono e
adormece seja quando dirigindo, conversando ou em outras situações
quaisquer.
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Hipersonia
idiopática tem origem presumivelmente em alguma disfunção do
SNC, caracterizando-se por sonolência excessiva diurna, com cochilos
prolongados e quase sempre reparadores, sendo que o sono noturno em
geral é longo, sem queixa de despertares à noite. Muitos pacientes,
apresentam grande dificuldade para despertar pela manhã, ficando
confusos e apresentando atitudes agressivas. A sonolência excessiva
aumenta diversos riscos de acidentes graves, podendo surgir
transtornos psicológicos que levam a sérias dificuldades no
relacionamento pessoal e profissional.
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Transtorno
comportamental de sono MOR caracteriza-se por ausência de atonia
muscular em sono MOR com atividades motores elaboradas associadas. Os
pacientes apresentam os mais variados comportamentos, por vezes
violentos, com ferimentos que podem ser severos e até mesmo chegar à
agressão física do(a) companheiro(a). Quando despertados, os
pacientes relatam sonhos, na maioria dos casos apavorantes.
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Sonambulismo
consiste numa seqüência de comportamentos complexos como: sentar-se
na cama, olhos abertos, pouco contato com o ambiente. A pessoa pode
levantar e caminhar até o banheiro. Amnésia ao despertar. Surge a
partir dos estágios 3 e 4, no primeiro terço da noite. Podem durar
de menos de um minuto a mais de 30 minutos. Admite-se que o
sonambulismo se inicie mais freqüentemente no infância entre 5 e 10
anos de idade, podendo ocorrer em qualquer idade.
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Terror noturno
geralmente se inicia em pré-escolares e pode ocorrer por toda a infância.
Ocorre em menor percentagem em adultos, por isso nossa caracterização
será feita com criança. Os episódios de terror noturno geralmente
ocorrem no primeiro terço da noite e se manifestam de maneira
alarmante. A criança, que estava dormindo calmamente, senta-se de
maneira abrupta no leito e grita intensamente. Quando despertada,
durante este episódio, a criança não recorda o ocorrido. Nos casos
em que há lembrança de algum conteúdo, este geralmente não é
complexo, mas sim fragmentado, por exemplo: a imagem de alguém
estranho entrando no quarto. Estes episódios duram geralmente menos
de 30 segundos, podendo chegar a 20 min. Após os mesmos, a criança
volta a dormir calmamente.
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Bruxismo: o
bruxismo caracteriza-se por um ranger de dentes durante o sono por
contrações rítmicas do músculo masséter e de outros músculos da
região oral. O ranger de dentes durante o sono pede ocorrer em
qualquer idade, mas atinge seu pico na infância e adolescência. Dos
3 aos 10 anos de idade observamos que cerca de 1/3 das crianças
apresentam este comportamento de maneira esporádica. O bruxismo
ocorre primariamente no estágio 2 e nos transições entre estágios.
Quando se inicia a partir dos estágios 3 e 4 pode ser o ritmo alfa
entremeado com traços de estágios profundos.
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Pesadelo: é
um episódio em que ocorre mais no sono NMOR, onde não há
relaxamento muscular suficiente, ou no sonho, demonstrando ansiedade.
No sono MOR surge geralmente a partir do terço final da noite e pede
seguir-se de despertar completo. Podem ser encontrados durante os
cochilos diurnos que durem mais de uma hora. Caso ocorram com freqüência,
podem, como complicação, levar à fobia do sono, ou provocar
interrupções repetidas do sono MOR, insônia de manter o sono,
acarretando problemas no sono regular e nas emoções. Os pesadelos
transitórios e situacionais ocorrem em qualquer idade e virtualmente
em todas as pessoas. Ocorre mais na primeira década de vida.
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Sonilóquio: sonilóquio
é a emissão de fala ou outro som durante o sono, sem que exista noção
crítica, subjetiva e simultânea do evento. As características do
sonilóquio podem variar desde sonos ininteligíveis, palavras
isoladas, frases incoerentes, até o enunciar claro de sentenças.
Geralmente dura 1 minuto e ocorre esporadicamente. O conteúdo dos
sonilóquios, quando ocorrem durante os estágios NMOR, refere-se mais
a acontecimentos recentes, reais e da vida diária, enquanto que nos
sono MOR faz alusão a acontecimentos mais afetivos. Em crianças os
sonilóquios são normais e passageiros.
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Enurese é
caracterizada pela micção, iniciando-se geralmente no sono profundo
NMOR, em um indivíduos que já deveria ter adquirido controle vesical
voluntário durante a vigília. A micção durante o sono após os três
anos de idade é considerada enurese.
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Epilepsia se
caracteriza por ser uma doença neurológica onde uma descarga elétrica
de grande amplitude é capaz de levar excessiva excitação às células
nervosas, saltando os circuitos neuronais. O sono interfere na
epilepsia e vice-versa. Os estágios NMOR são um período apropriado
para o desencadeamento de crises porque há um grande aumento
amplitude das ondas cerebrais, propiciando crises convulsivantes, que
ocorrem geralmente no estágio dois da fase NMOR. As drogas anti-epiléticas
tendem a produzir uma diminuição no número de crises e podem até
reorganizar o sono destes indivíduos. Sugerem-se algumas técnicas
para auxiliar nesta prevenção: evitar dormir fora de hora, evitar
dormir uma hora além do seu horário normal, não dar cochiladas
sobretudo prolongadas, evitar tomar café ou chá à noite etc.
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