Revista de Psicofisiologia, 2(1), 2000

O Sono, destacando o sonho, o ritmo biológico e a insônia

1.1) Monitoração eletrofisiológica
    "O cérebro é um meio elétrico continuamente em atividade" (Foulkes, 1989). No sonho é aumentada a freqüência de descarga de neurônios em áreas estratégicas das funções mentais e psicológicas. Os primeiros registros de EEG feitos em uma noite inteira de sono na Universidade de Chicago (Aserinsky & Kleitman, 1953) revelaram que havia um padrão cíclico de quatro estágios de atividades diferentes e tem correlações com variáveis fisiológicas. Estes quatro estágios são (Reimão,1990):

a) Entre os sonos de onda lenta distinguem-se:

  • Estágio 1, "sonolência": movimentos oculares vagarosos ou uma quietude quase total. É observado logo após a vigília e tem a duração de poucos minutos. MOR nunca é observado neste estágio. O ritmo alfa da vigília diminui sua amplitude, torna-se descontínuo e é substituído por atividade de baixa freqüência. O tônus muscular fica um pouco menor que durante a vigília.

  • Estágio 2: ausência de qualquer estimulação exterior claramente definida. É caracterizado pela presença de complexos K e fusos de sono, e pela ausência de ondas alfa de vigília. Os complexos K são uma onda bifásica que podem ocorrer espontaneamente ou relacionar-se às relações de despertar. O estágio dois parece ser intermediário, pois possui ausência das ondas de vigília assim como dos ondas delta, que definem os estágios de sono mais profundos.

  • Estágio 3 e 4: ambos contém considerável atividade de onda delta, apesar de no estágio 3 ainda se registrar presença de fuso. Estes dois estágios não possuem atividade ocular, que é um pouco influenciada pela atividade de onda cerebral.

b) Sono de onda rápida, MOR ou paradoxal
        O EEG torna-se subitamente mais rápido, acompanhando a progressão no ciclo do sono, verificando-se adicionalmente agrupamentos especiais como fuso de sono e complexos K. Nessa fase o limiar de despertar é muito alto. Há ausência de regularidade no EEG, significando que a descarga de células adjacentes não é sincrônica e a amplitude baixa. Os movimentos oculares predominam na direção horizontal, coincidindo com a maioria dos movimentos quando acordados. A transição do sono MOR para o estágio 1 do sono NMOR não é brusca e ocorre de forma progressiva.