Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

O Estresse e as Doenças Psicossomáticas

4) O CONTROLE DAS EMOÇÕES

Tens sido...
Um homem que as desgraças e recompensa da Sorte
Aceitas com igual gratidão... Dá-me o homem
Que não é escravo da paixão, que eu o trarei
No fundo do meu coração, sim, no coração do meu coração
Como faço contigo...
(Hamlet a seu amigo Horatio, Shakespeare)

Desde os tempos de Platão, o senso de autodomínio, de poder agüentar as tempestades emocionais que trazem as desgraças da sorte sem ser "escravos da paixão", tem sido louvado. O objetivo que devemos atingir é o equilíbrio mental e psicológico não a eliminação das emoções: todo sentimento tem seu valor e sentido. Mas, se precisa da emoção ccontrolada, o sentimento proporcional à circunstância. Quando as emoções são abafadas demais, criam o embotamento e a distância; quando extremas e persistentes demais tornam-se patológicas, como na depressão paralisante, na ansiedade esmagadora, na raiva demente e na agitação maníaca.

As pessoas não precisam evitar sentimentos desagradáveis, eles podem contribuir para uma vida criativa e espiritual. Só devemos impedir que eles desloquem contigo todos os demais estados de espíritos agradáveis.

Controlar nossas emoções é uma atividade de tempo integral: muito de que fazemos é uma tentativa de controlar o estado de espírito. Tudo, desde ler um romance ou ver televisão até as atividades e companhias que preferimos, pode ser uma maneira e nos sentirmos melhor.

No plano do cérebro muitas vezes temos pouco ou nenhum controle sobre quando seremos arrebatados pela emoção e sobre qual emoção eclodiremos. Mas podemos ter alguma voz sobre o quanto durará uma emoção. A tristeza, preocupação ou ira habituais passam com o tempo, mas quando as emoções são intensas demais como a ansiedade crônica, a ira descontrolada ou a depressão, podem exigir medicação e/ou psicoterapia.

Hoje, um sinal da incapacidade de autocontrole emocional pode ser o reconhecimento de quando a agitação crônica do cérebro emocional é demasiado forte para ser superado sem a ajuda farmacológica.

Estudos afirmam ainda a independência da inteligência emocional da cognitiva, constatando pouca ou nenhuma relação entre graus de QI e o bem estar emocional das pessoas.

Pesquisas demonstraram ainda, que não foi unanimidade entre os que acham que estados de espírito negativos devem ser mudados. Algumas pessoas admitem que jamais tentam mudar seu estado de espírito, pois para elas todas as emoções são "naturais" e devem ser experimentadas como se apresentam. Outras buscam regularmente entrar em estados desagradáveis por motivos pragmáticos: médicos que precisam estar sombrios para dar más notícias a pacientes, cobradores que enfurecem para ser mais firmes com os caloteiros, jovens que se provocam raiva para ajudar o irmão menor contra os valentões infantis. Mas tirando estes raros cultivos propositais de sentimentos desagradáveis a maioria se queixava de que estava à mercê de seus estados de espírito.