Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997 |
2.6) O desgaste da vidaPodemos considerar o estresse como um grau de desgaste do corpo, como um todo. Assim, a estreita relação entre o envelhecimento e o estresse torna-se evidente. O estresse é a soma de todo o desgaste causado por qualquer tipo de reação vital através do corpo, a qualquer momento. Por isso ele é uma espécie de velocímetro da vida. Portanto, a verdadeira idade (não a cronológica, mas a fisiológica) depende muito do grau de desgaste, do ritmo do autodesgaste. A vitalidade é como um tipo especial de depósito bancário que você pode usar para fazer retiradas, mas não para fazer depósitos. O único controle sobre essa fortuna é o ritmo com que você faz suas retiradas. A solução evidentemente, não é suspender as retiradas, pois isso resultaria na morte. Nem é retirar apenas o suficiente para a sobrevivência, pois isso permitiria somente uma vida vegetativa. O processo inteligente é gastar convenientemente a vitalidade, mas nunca malbaratar. Muitas pessoas pensam que, depois de se terem exposto a atividades que resultam em grande estresse, um repouso pode fazer com que se restabeleçam completamente suas condições. Isto, porém é falso, uma vez que cada experiência deixa uma cicatriz indelével, pois ela exige tanta adaptabilidade forçando o organismo como um todo até o nível de exaustão, que não podem ser restabelecidas. É verdade que após certas experiências exaustivas, o repouso pode fazer com que voltemos quase às condições anteriores, pela eliminação da fadiga mais grave. Mas a ênfase fica no termo quase. Desde que passamos constantemente por períodos de estresse e repouso, através de toda a vida, um pequeno déficit de energia de adaptação vai sendo acumulado dia a dia e resulta no que denominamos envelhecimento. |