A saculina tem um ciclo de vida simples – passa apenas de um caranguejo para outro. Outros parasitas passeiam por várias espécies. Muitos têm um controle extraordinário sobre os hospedeiros, mudando o aspecto ou o cheiro do animal para que ele atraia um predador. Podem até alterar seu comportamento e obrigá-lo a entrar no caminho do hospedeiro seguinte.
Um tipo de verme – o Dicrocoelium dendriticum, do gênero das fascíolas (veja abaixo e no artigo original seu ciclo parasitário)–, quando adulto, se aloja no gado e em outros ruminantes. Caramujos famintos engolem as fezes das vacas e acabam chocando os ovos da fascíola. Os parasitas fazem túneis na parede do intestino do caramujo e se instalam na glândula digestiva. Lá, eles dão à luz sua cria, que vai para a superfície do corpo do molusco. Para tentar se defender, o caramujo envolve o parasita com bolas de muco e as cospe na grama.
É a hora das formigas, que engolem o muco com centenas de fascíolas perfurantes. Os parasitas penetram no intestino do inseto e perambulam por seu corpo. A maioria deles vai morar no abdome da formiga, onde formam cistos, mas um ou dois se alojam na cabeça da vítima. Lá acontece o mais assustador: os parasitas fazem um vodu no hospedeiro. Eles ficam numa posição tal que o cérebro comanda o inseto para, quando a tarde cair e o ar esfriar, ele se afastar de suas colegas e subir em folhas de grama. Presas nas pontas das folhas, sem poder controlar a própria vontade, as formigas esperam ser devoradas por uma vaca ou outro animal herbívoro.
Se a formiga passar a noite inteira sem ser comida e o sol se levantar, as fascíolas deixam-na abandonar a folha e voltar para o formigueiro. Durante o dia todo, ela se comporta como um inseto normal. É que o sol direto mataria o hospedeiro, e o parasita junto com ele. No fim da tarde, quando volta a escuridão, a pobre formiga se transforma de novo em zumbi e vai para cima da folha. Até que um dia ela consegue ser devorada. E fecha-se o ciclo. Lá está a fascíola de novo no estômago de uma vaca.
Os cientistas vêm descobrindo um número cada vez maior de parasitas com mecanismos complexos como esse e estão chegando a uma conclusão alarmante: talvez eles sejam uma das forças motrizes mais poderosas da natureza. Muito mais do que se imaginava.