Colesterol


O colesterol modula a fluidez das membranas dos eucariontes, é o precursor dos hormônios esteróides, tais como progesterona, testosterona, estradiol e cortisol.
Konrad Bloch na década de 1940, em seu trabalho demonstrou que o acetato era precursor da síntese do colesterol. Ele forneceu como alimento aos ratos o acetato isotopicamente marcado nos seus átomos de carbono. O colesterol sintetizado por esses ratos continha o isótopo marcado.
Progresso posteriores vieram com os estudos em que o colesterol era sintetizado a partir do acetato marcado no carbono metílico ou no carboxílico. A degradação do colesterol sintetizado a partir do acetato marcado mostrou a origem de cada átomo da molécula do colesterol. A descoberta do esqualeno, com suas seis unidades isoprenóides foi a próxima pista importante, e levou a questão de como eram formadas as unidades isoprenóides.
A resposta a essa questão veio de estudos não relacionados de mutantes bacterianos, onde o mevalonato era capaz de substituir o acetato para satisfazer as necessidades nutricionais de mutantes exigentes de acetato.

 
O colesterol é derivado da Acetil CoA Citossólica
 

A maioria das células animais são capazes de sintetizar colesterol, a formação de colesterol só e substancialmente ativa nas células hepáticas. A função das lipoproteínas em parte esta associada a veiculação do colesterol à dieta e derivado do fígado para o restante das células do corpo.
A descoberta de que todos carbonos provêm do Acetil CoA usando marcadores radioativos, foi o principio da descoberta da síntese de colesterol. Outro fato foi a descoberta que o intermediário na biossíntese do Colesterol é o esqualeno e que é formado a partir do Isopreno.

Acetato (C2) ---> Isoprenóide (C5) ---> Esqualeno(C30) ---> Colesterol (C27)

 
Estrutura do isopreno
 

O colesterol é sintetizado a partir da acetil CoA citossólica, que é transportada da mitocôndria pelo sistema de transporte do citrato, sendo também usada na síntese de ácidos graxos é metabólito importante na ramificação da via da biossíntese de lipídios.
A condensação sequencial de 3 moléculas de Acetil CoA ,com formação do intermediário HMG CoA (Hidroximetilglutaril CoA) levando a formação do Mevalonato, é o primeiro estágio na formação do colesterol e as etapas de condensação são catalisadas por isoenzimas citossólicas de enzimas mitocondriais envolvidas na formação de corpos cetônicos.
Reações iniciais da biossíntese de colesterol levando à formação de m evalonato
A HMG CoA redutase, interconversível e inativada por fosforilação, catalisa a redução do HMG CoA a Mevalonato limita a velocidade da via global da síntese de Colesterol. A Insulina aumenta a atividade da redutase e o Glucagon tem efeito inverso, embora as etapas entre recepção hormonal e o estado de fosforilação permanecem desconhecidos. Moléculas de Acil CoA de cadeia longa causam inibição da enzima podendo levar a efeito alostérico direto na enzima ou de efeito de cinase que catalisa a fosforilação e a inibição resultante da HMG CoA redutase. A atividade de HMG CoA redutase também é controlada pela concentração de colesterol, maiores concentrações levam a formação de derivados do colesterol que inibem a enzima alostericamente. Os altos níveis de derivados levam a um aumento de degradação e diminuição da síntese da enzima.

Veja como a HMG-COA redutase é regulada



O Mevalonato é convertido a Isopentenil pirofosfato em várias etapas catalisadas por enzimas resultando na sua fosforilação, uma segunda fosforilação e descarboxilação.

 
Formação de isoprenil pirofosfato
 

Uma isomerase catalisa a conversão do isopentenil pirofosfato a seu isômero, diametilalil pirofosfato, que se condensa, cabeça - cauda, como isopentenil pirofosfato formando o geranil pirofosfato. A condensação de 2 moléculas em C5 para formação de um ionte carbônio, intermediário da dimetilalil pirofosfato, que é atacado pelo isopentenil pirofosfato.
Esta reação é repetida: C10 , geranil pirofosfato condensa cabeça com cauda com o o iospentenil pirofosfato formando farnesil pirofosfato, C15. duas moléculas de farnesil condensam-se do mesmo modo formando o esqualeno, C30.
Um intermediário, lanosterol, acumula-se em grandes quantidades em células ativando a síntese de Colesterol. As etapas entre esqualeno e lanosterol envolve adição de oxigênio seguida de ciclização da cadeia formando um núcleo esteróide com quatro anéis. A conversão do lanosterol ao colesterol ocorre por via de múltiplas etapas envolvendo deslocamento de metilas, oxidações e descarboxilações.



Veja um esquema da sintese do colesterol



 
Diversidade de produtos relacionados ao colesterol e a via metabólica de síntese de colesterol
 

O metabolismo do colesterol é a fonte de um grande número de outros constituintes celulares. O isopentenil pirofosfato é precursor de um grande número de produtos, como vitaminas lipossolúveis A, E e K e a ubiquinona em células animais, e terpenos, plastoquinona e fitol, cadeia lateral da clorofila, em vegetais.
O colesterol é precursor de sais biliares que facilitam a digestão de gorduras; vitamina D que estimula a captação de Ca 2+ pelos intestinos;hormônios esteróides tais como testorona, estradiol e esteróides que controlam o equilíbrio salino. O principal produto da síntese de esteróis é o próprio Colesterol, que modula a fluidez da membrana e é um componente essencial da membrana citoplasmática das células animais.

 
Transporte do colesterol.
 

O colesterol e outros lipídios orgânicos são transportados no sangue, para locais específicos, por lipoproteínas. O triacilgliceróis exportados pelo intestino são carreados por quilomícrons e hidrolizados por lipases das paredes dos capilares dos tecidos alvo. O Triacilgliceróis são exportados do fígado por VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade), que depois de liberar o seu conteúdo é convertida em IDL (Lipoproteína de densidade intermediária), e depois em LDL (Lipoproteína de baixa densidade ). A IDL e LDL carreiam esteres de colesterol (principalmente linoleato de colesterila), a LDL e captada por células Hepáticas e de tecidos periféricos por endocitose mediada por receptor de LDL por receptor. O receptor de LDL, atravessa a membrana plasmática, liga a LDL e participa da sua entrada. A ausência do receptor na forma homozigotica de hipercolesterolemia familiar leva a um aumento de LDL- colesterol, deposição de colesterol na paredes de vasos sangüíneos e ataques cardíacos em crianças.
Veja um esquema de uma lipoproteína do plasma


Veja uma animação super interessante de como que as lipoproteínas de transporte viajam pelo sangue clicando aqui.
Pode demorar um pouco para carregar mas vale a pena!!!