6 - O SONO DO RECÉM-NASCIDO
Numerosas teorias do sono afirmam que o recém-nascido (homem ou mamífero)
apresenta somente o sono paradoxal. "De acordo com essas noções, o
sono do recém-nascido funciona segundo mecanismo neurofisiológico
distinto dos adultos".15
Segundo Reimão16,
ao examinarmos o sono em recém-nascidos devemos considerar 4 aspectos: 1)
O estado da maturação neurológica: desenvolvimento do ciclo vigília-sono
em recém-nascidos prematuros e a termo; 2) O registro polissonográfico;
3) As características bioelétricas e comportamentais; 4) A importância
da monitoração do sono na detecção e prognóstico da patologia
neonatal.
Os recém-nascidos são
seres com alto potencial evolutivo, e a maturidade do ciclo vigília-sono
depende da evolução do circuito neuronal córtico-subcortical ponte
encefálica. Um dos fatores importantes na comunicação é a mielinização,
que começa na vida intra-uterina e pode durar até a terceira década de
vida. A seqüência da maturação é: sistemas nervosos periférico,
central, aferente e eferente.
Gatos e ratos recém-nascidos
mostram um comportamento particular: apresentam o sono agitado com
sacudidelas dos membros, o tônus sísmico, ausência do tônus muscular
permanente. Estas ativações esporádicas parecem necessárias para
desenvolverem a capacidade motora, quando vierem a ser utilizadas. Este
tipo de sono no recém-nascido humano chama-se "agitado".
Pequenas agitações aparecem também, como exceção, no sono paradoxal
do homem adulto. Daí proporem que o sono do recém-nascido nesta fase
seria todo ele paradoxal. Mas só a partir da terceira semana depois do
nascimento o sono do bebê, de acordo com o EEG, começa adquirir algumas
características do sono dos adultos.15
Lesões dos núcleos
da rafe e do cerúleo não ocasionaram modificações do sono do recém-nascido.
Já num animal de três semanas, reduz o tempo do sono lento no caso das
lesões da rafe, e causa abolição do sono paradoxal no caso do complexo
cerúleo. Concluiu-se então que os mecanismos do sono do recém-nascido
ocorrem na ausência dos núcleos da rafe anterior, sendo portanto
medulares1.
No estado fetal, os
mecanismos nervosos difusos, sobretudo medulares, seriam responsáveis por
uma motilidade espontânea à base de sacudidelas. À medida que as
estruturas cerebrais superiores se desenvolvem no recém-nascido, os núcleos
da rafe e do cerúleo ultrapassariam o controle difuso. A soma desses dois
mecanismos leva em conta efetivamente as proporções respectivas,
mantendo bem conhecidas, o sono sísmico depois o sono paradoxal e enfim,
do sono lento no curso do desenvolvimento.1, 16
Os ciclos do sono do
recém-nascido são mais curtos, acordando a cada 2 horas, e não tem a
mesma função do adulto. O bebê passa várias vezes pelo ciclo completo
do sono, mas não tem o correspondente ao estágio do sonho. Mesmo na vida
intra-uterina, possui o chamado "sono agitado". Esse tipo de
sono ocorre até os três meses de vida.
O bebê não pode
sonhar com coisas que ainda não viveu. Mas durante o "sono
agitado", correspondente ao sonho do adulto, ele está também
aprendendo, isto é, herdando, geneticamente, o desenvolvimento nervoso
dos seus antepassados. 1, 15, 16
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