Revista de Psicofisiologia, 2(1), 2000

O Sono, destacando o sonho, o ritmo biológico e a insônia

8) CONCLUSÃO
    Pelas considerações feitas podemos destacar a importância do sono não só em seus aspectos fisiológicos, mas psicológicos e mentais. Fazemos nossas as palavras do Professor Ferrando Pimentel de Souza de que o sono talvez seja o momento mais importante da nossa vida em termos de atividades intelectuais e psicológicas. Quando dormimos, estamos aprendendo, e não apenas no aspecto cognitivo, mas também no aspecto de emotivo.

    Atualmente há uma preocupação em produzir demais para se ganhar mais dinheiro e/ou elevar o status social. Devido a isso, as pessoas preferem não dormir ou dormir menos do que precisam, acarretando diversos distúrbios. Por causa desses distúrbios do sono, as pessoas estão sonhando menos. Isto acaba refletindo na perda da qualidade de vida e no aumento dos problemas psicológicos. Estas pessoas se preocupam demais no sentido financeiro e acabam se esquecendo do fundamental, que é a qualidade de vida. Chega a ser engraçado, pois no fundo o que uma boa situação financeira busca, para estas pessoas, é justamente uma qualidade de vida melhor, se esquecendo, ou muitas vezes não tendo a informação, que o dormir bem seria o principal fator que as deixaria preparadas para enfrentar as diversas dificuldades de seu cotidiano.

    O sono envolve muitos outros aspectos como por exemplo ao poluição sonora. O barulho é um malefício, pois sacrifica o sono em geral e encurta os sonhos. As estruturas arquitetônicas e urbanísticas da maioria das cidades modernas, por intermédio do barulho, podem exercer influências maléficas sobre o sono, fazendo um efeito de caixa acústica. As condições sociais, como por exemplo a falta de um lugar adequado para dormir sem barulhos e com penumbra, atrapalham o sono e o desempenho acordado. A insônia já acomete 35% da população nas cidades do Primeiro Mundo e na metrópole de São Paulo essa porcentagem chega a 73% (Braz, 1988). A falta de sono produz uma crescente irritabilidade e, não há por que não associarmos essa irritabilidade a crescente onda de assassinatos, suicídios, violência em geral e acidentes de trabalho, situações estas que geram um ciclo de tensão no qual o indivíduo quando vai deitar não consegue dormir.

    A má qualidade de vida interfere no sono, e a falta de sono interfere na qualidade de vida. Podemos, com isso dizer que um é reflexo do outro. Assim, se não tomarmos sérias providências em relação a ambos seremos gravemente prejudicados, e o que é mais importante, não apenas em nível individual, mas no que diz respeito a uma sociedade inteira.