Revista de Psicofisiologia, 2(1), 1998

Predominam o racional e o emocional respectivamente nos hemisférios esquerdo e direito para pessoas destras. A ativação parcial dos hemisférios cerebrais de maneira intermitente e assincronicamente durante o sono MOR pode explicar, como em certa medida, uma percepção sensorial pode ser evocada, sem que uma reminiscência pessoal se desenvolva em um espaço e em um tempo reais, como em vigília, e em tempo e duração diferidos da respectiva emoção, mas mantendo a amplitude do decurso como em tempo real conforme experimentos de Hall.

O sono MOR é um estado necessário para a consolidação da memória a curto e longo prazo, isto é, passando da memória a curto para outro estado permanente onde o hipocampo seria uma espécie de filtro de passagem para a memória expandida, imagina-se semelhança do processo holográfico, projetando-se por amplas áreas do cérebro, daí sua resistência ao esquecimento. A privação do sono MOR provoca distúrbios de memória, aprendizagem, concentração e criatividade. Durante a estimulação das estruturas límbicas predominam exclusivamente reminiscências do tipo pessoal. As reminiscências conceituais são praticamente ausentes. Assim o sistema límbico contribui mais para consolidação de memória de vivências pessoais, do que dos conceitos, cuja memorização requer uma atenção seletiva com a do estado de vigília.^{3, 12}

A excitabilidade neuronal encontrada durante o sono MOR ativa o cérebro para desempenhar funções como a consolidação da memória, a reprogramação de condutas instintivas ou mesmo funções de restauração ou de maturação cerebral. Os sonhos não só representam uma série de fenômenos mentais que tanto têm intrigado o homem sob o ponto de vista psicológico, mas também são sinais de diversas mudanças cerebrais e o resultado da ativação de extensas redes e conjuntos neuronais, que hipertrofiam, quando os neurônios estendem seus tentáculos a busca de outros contatos na rede neural, durante a ativação cerebral.