Revista de Psicofisiologia, 1(1), 1997

A dor e o controle do sofrimento (II)

2) NEUROFISIOLOGIA DA DOR

O fenômeno sensitivo doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras periféricas, são transferidos para o Sistema Nervoso Central (SNC). Todo estímulo intenso, exceto o vibratório, de qualquer modalidade energética, poderá produzir dor. O agente nocivo é detectado pelas ramificações periféricas das fibras nervosas mais finas e numerosas do corpo. As fibras que enervam toda a pele, os músculos, as artirm fish exposed to carbon dioxide, conductivity and pH changes. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 21(1):119-121.23). PIMENTEL-SOUZA F., SCHALL V.T., BARBOSA N.D.C., SCHETTINO M. & LAUTNER-JR., 1988. Influence of experimental illumination and seasonal variation on crossbreeding mating in the vector snail B. glabrata. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 83(1): 79-85.24). PIMENTEL-SOUZA F., BARBOSA N.D.C. & RESENDE D.F., 1990. Effect of temperature on the reproduction of the snail B. glabrata. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 23:441-449.25). PIMENTEL-SOUZA F & SIQUEIRA AL, 1992. Effect of external carbon dioxide concentration on the electric organ discharge frequency in the gymnotiform fish Apteronotus albifrons. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 25(2inina, leucitrieno, substância P, tromboxina, fator de ativação plaquetário, radicais ácidos, íons potássio.

A substância P contribui para sensibilizar os receptores nociceptivos diretamante na periferia ou na membrana pós-sináptica ou através da interação com outros elementos algiogênicos. Por exemplo, a substância P promove vasodilatação e liberação de histamina do interior dos mastócitos, que liberada num ambiente tecidual, resulta em permeação dos vasos sangüíneos presentes no seu interior.

Atualmente, admite-se que o Sistema Nervoso pode contribuir de modo expressivo para acentuação ou desencadeamento de processos inflamatórios teciduais.

Os nociceptores, que constituem os receptores farmacológicos dos axônios de células nervosas , desencadeiam a condução elétrica , levando a informação dolorosa de sua origem periférica à medula espinhal por via específica No cérebro, a informação é identificada e se transforma em sensação de dor. Entre os receptores periféricos e o cérebro, existem duas vias mediadoras dos estímulos dolorosos: a paleo-espinotalâmica e a neo-espinotalâmica.

 

a) Via Paleo-espinotalâmica:

Também denominada espino-reticulodiencefálica, faz conexões com a formação reticular (FR) e está muito relacionada aos componentes afetivos da dor. Além da FR, essa via se conecta também com outras áreas do cérebro: hipotálamo medial, substância cinzenta que margeia o aqueduto de Sylvius (periaquedutal) e ao terceiro ventrículo do diencéfalo. Essas áreas comandam o comportamento de defesa e de fuga pela ação no sistema límbico.

Conduz a dor lenta e pouco definida, de localização difusa, devido respectivamente a neurônios mais curtos (com maior número de sinapses) e falta de somatotopia , devido a difusão inespecífica da FR.

Os sinais passam por inter-neurônios de fibras curtas nos próprios cornos dorsais antes de chegarem, em sua maioria, às lâminas I e II da medula. O último neurônio da série dá origem a longos axônios que , passando pela comissura anterior para o lado oposto da medula e, depois, subem até o encéfalo propriamente dito pela mesma via ântero-lateral.

Apenas de um décimo a um quarto das fibras seguem todo o trajeto até o tálamo. Em lugar disso, elas terminam em áreas do bulbo, ponte e mesencéfalo e se conectam com a FR. Essa região inferior do encéfalo parece ser muito importante para a avaliação dos tipos de dor sofridos, pois animais com apenas seu tronco cerebral funcionante ainda apresentam inegáveis evidências de sofrimento quando qualquer parte do corpo é traumatizada.

b) Via Neo-espinotalâmica:

É formado por uma cadeia de três neurônios. O primeiro neurônio (aferente) tem suas terminações na periferia e aloja-se em gânglios situados próximos ao SNC. Conduz a informação da periferia para o SNC. Tem forma de T no próprio gânglio, sendo que um ramo se dirige à superfície e outro às vísceras; o outro ramo, estabelece contato com o segundo neurônio (aferente secundário) que, por sua vez, faz sinapse com o terceiro neurônio (aferente terciário), localizado no tálamo. Algumas fibras do feixe neo-espinotalâmico terminam em áreas reticulares do tronco cerebral, porém muitas delas seguem até o tálamo, em sua maior parte no complexo ventrobasal. Dessa área, os sinais são transmitidos a outras áreas basais do encéfalo e ao córtex sensorial somático.

Por ser direta, rápida, fidedigna e específica para cada unidade sensorial, esta via permite boa discriminação do local e da intensidade da dor (somatotopia), e é responsável pela dor aguda, transmitindo principalmente dores em pontadas e térmicas.

 

c) Função da Formação Reticular, Tálamo e Córtex Cerebral na avaliação da DOR

A remoção total das áreas sensoriais somáticas no córtex cerebral e do complexo ventro-basal no tálamo não destrói a capacidade de percepção de dor do indivíduo , pelo contrário , estas lesões não sendo específicas nas projeções de dor podem liberar a dor de inibição dos sistemas fibras-grossas que pensa-se funcionar identicamente ao sistema de Portão medular de Melzack e wall. É provável que impulsos de dor que cheguem à FR, tálamo e outros centros inferiores possam ocasionar a percepção consciente da dor. Mas , isso não significa que o córtex cerebral nada tenha a ver com a apreciação normal da dor , pelo contrário , acredita-se que o córtex tenha um papel importante na interpretação da qualidade da dor , ainda que a detecção emocional da dor seja , principalmente , função dos centros inferiores.