>>>Genealogia
Entre
meus antepassados há uma história interessante. Meu bisavô, Odin, veio para o
Brasil com a equipe de Peter Lund. O motivo pessoal de Lund era cuidar de sua saúde,
provavelmente tendo contraído uma tuberculose, procurou um clima seco e não
muito quente da região de Logoa Santa. Mas como era naturalista e tinha alguma
posse e influência, organizou uma equipe para estudar a fauna, a flora e a
paleontologia locais.
Dois membros desta equipe, Odin e de
Rapstorff, casaram-se com duas irmãs da família Oliveira, tendo o último
retornado à Dinamarca. Hoje a família guarda o nome de Paludan, da qual um dos
membros foi minha correspondente em inglês na minha puberdade. Este retorno
aconteceu com a maioria da equipe de do Dr. Lund, que aqui ficou, recuperou-se
da saúde e viveu até cerca de 80 anos, dormindo muitas vezes ao relento nas
cavernas.
Mas, Odin não trabalhava no grupo e
montou farmácia em Nova Lima, que talvez tenha sido a primeira deste local.
Mais tarde transferiu-se para Santa Margarida na Zona da Mata mineira. Ele e
minha avó, Carolina, voltaram várias vêzes à Kobenhavn e viveram com grande
nostalgia aqui, semelhante ao "banzo" dos negros dessaragaidos de suas
civilizações.
Meu tataravô era Carl Emil
Ludwig Aarestrup, médico e pioneiro da poesia romântica erótica, tornou-se um
clássico das antologias de língua dinamarquesa, contemporâneo e amigo de Hans
Christiansen Anderson, escritor de histórias infantis, como a da sereia
Marmaid, cuja estatueta decora o porto de Kobenhavn. Viveram nos meados do século
XIX.
Durante minha estada na França nas décadas
de 60 e 70 procurei em primeira mão ver se havia condições de me adaptar na
Dinamarca. Andei 1500 km nesse país de sul a norte, leste a oeste, e senti uma
nostalgia ao inverso, sobretudo ao visitar a monótona península da Jutlândia.
Não era mais Wiking, já tinha virado "macunaíma" de vez.
Por outro lado, sentimos muito
orgulho de nossa ascendência. Uma amiga dinamarquesa traduziu para o francês
com seus comentários 3 poemas de Emil, que seguem:
“Un des poèmes d'amour les plus fameux de la poesie, danoise, parmi les trois ou quatres les plus connus. Noter: l'usage fréquent des voyelles sombres: o - ae - u - oe, donnant l'impression de mystère ou de sincérité. ... Cela donne une idée de son zèle, son impatience et de son amour.
o0o
A une amie
Sur tes lèvre, le charme,
Dans ton regard, l’abîme,
Dans le ton de ta voix
La musique étérée d’un rêve.
Sur ton front, la sérénité,
Dans tes cheveux des ténèbres,
Autour de toi, les parfums des fleurs,
Qui oscillent quand tu vas e viens.La fossete de ta joue
Cache un trésor de sagesse éternelle,
Ton âme est comme une source de santé
Pour les coeurs.Dans ton intérieur un Monde
Un printemps exalté et chaotique,
Que je ne peux jamais oublier,
Que j’odore et comprends.
C’est avec Emil Aarestrup qu’on a l’inauguration du sensualisme dans la littérature danoise. Avant lui, l'amour était chevaleresque, poétique, mais ne portait jamais cet empreinte d'érotisme. Noter: le rythme est quelque fois saccadé, mais le poème est tout de même très bien equilibré.
Elas, ces deux épaules –
Elles dont trop audacieuses !
Elles rebondent comme celles d'une déesse,
Autant nues et provoquantes.
Ces deux prisonnières évadées et dangereuses
Je les saisis.
Je les mets aux fers
A ne jamais déchaîner. Je les flétrirai
Ce qu'elles méritent bien !
Regardent mes lèvres chaudes
Y ont mis une marque couleur de rose !
o0o
Angoisse
Serre-moi plus fort
Dans tes bras ronds;
Serre-moi, à ce moment
Où ton coeur a encore du sang, de la chaleur.
Si peu de temps, et nous seront séparés,
Comme les grains de la buisson,
Si peu de temps, et nous n'existeront plus,
Comme les bouillons du cours d'eau.”