CONCLUSÃO
Foram estudados 35 pacientes do sexo masculino em pré-alta, sendo 22 no Hospital da Baleia e 13 no Hospital das Clínicas-UFMG. Os pacientes possuíam idade média de 35,6 anos, renda familiar média de 2,90 salários mínimos, estado civil de 94,3% casados ou solteiros, ocupação de 56,9% empregados ou autônomos, tendo 20,6% mudado de atividade no último ano, escolaridade de 80% analfabetos ou só possuíam o primário, no conjunto isso caracterizou uma representação de 90,9% de classe pobre. O período de ocupação de 75,9% dos pacientes era .diurno-fixo com uma carga média ponderada de trabalho de cerca de 54,3 horas semanais. Os pacientes não faziam uso de hipnóticos ou sedativos e não possuíam deficiência auditiva apreciável. Não houve diferença nas pressões arteriais sistólica ou diastólica e freqüência cardíaca.
A perturbação do sono por parassonias é elevada e atingiu 30,8% dos pacientes nas Clínicas-UFMG e 18,2% na Baleia. Apenas "pernas inquietas" diferiu significativamente, maior nas Clínicas-UFMG do que na Baleia, tanto em casa quanto no hospital, mas não constitui uma conseqüência diferencial dos dois hospitais, mas da amostra de pacientes estudada. A incidência de despertar noturno, o número de despertares por noite, despertar precoce, despertar com alerta suficiente e a satisfação com a duração do sono não diferiram entre hospitais.
A insônia nos hospitais atingiu cerca de 76,9% dos pacientes nas Clínicas-UFMG e 54,6% na Baleia, quando se considera só latência excessiva e acordar precoce. A perturbação do sono por problema de saúde em geral atingiu 84,6% dos pacientes nas Clínicas-UFMG e 59,1% na Baleia. Estas cifras apesar de elevadas parecem estar ligadas à condição hospitalar.
A perturbação do sono entre os grupos de pacientes dos dois hospitais foi estatisticamente igual em todos os itens referentes ao barulho em casa e, no hospital e em casa, nas questões de saúde (tratamento médico, distúrbio ou doença orgânica, problemas psicológicos, envelhecimento e outras causas) indicando uma amostra sem vício, à qual não se pode atribuir alteração do sono devido a estes fatores. Entretanto, os dois hospitais dferiram significativamente na perturbação do sono por barulho na última noite e na discriminação da fonte de ruído: perturbação do sono por ruído de trânsito ou de buzina de veículos automotores foi significativamente maior no Hospital das Clínicas-UFMG do que no Hospital da Baleia. A percepção subjetiva do nível de ruído mostrou uma ocorrência maior no percentual de incomodados no Hospital das Clínicas em relação à residência e ao Hospital da Baleia, corroborado pela medida objetiva dos níveis de ruído médio, noturno, respectivamente de 45,4 e 53,7 dB(A).
A excreção urinária de cortisol, em 24h, obteve as médias de 110,59 mcg/24h na Baleia e 112,23 mcg/24h nas Clínicas-UFMG, portanto não caracterizando esta situação de ruído como indutora de estresse crônico. Portanto, a pior qualidade de sono nas Clínicas-UFMG em relação à Baleia deve-se ao nível médio elevado de ruído, que torna o sono mais superficial e pior, apresentando ainda diferença significativa quanto ao acordar fatigado e ao desejo de maior número de horas de sono, embora dormindo 30 minutos a mais.