|
 nº 109 - Setembro 2012
|
|
Atividades de Políticas Públicas e de Projetos do Mater Natura, em agosto |

|
Dentre nossas atividades de Políticas Públicas realizadas no mês de agosto,
destacamos a participação em: (i) 84ª Reunião Ordinária do Conselho
Estadual do Meio Ambiente – CEMA (Curitiba-PR, dia 07); (ii) Encontro no
Centro de Ação Voluntária de Curitiba - CAV/Germinar Sul (Curitiba-PR,
dia 09); (iii) Painel: Perspectivas socioambientais a partir da Rio+20
(Curitiba-PR, dia 09); (iv) Reunião do FBOMS - Campo socioambiental
(Brasília-DF, dia 14); (v) IX Assembleia Geral da Rede Brasil sobre
Instituições Financeiras Multilaterais (Luiziânia-GO; Dias 15 a 17 -
Foto); (vi) Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná - 44ª reunião ordinária
(Curitiba-PR, dia 21); (vii) I Conferência Nacional de Desenvolvimento
Regional - I CNDR - Comissão Organizadora Estadual-COE (Curitiba-PR, dia
28); (viii) Em reunião ordinária do Conselho Municipal do Meio Ambiente
foi aprovado o Plano Municipal para Conservação e Restauração da Mata Atlântica do Município de Curitiba,
documento elaborado pela empresa Maraibi Consultoria Ambiental Ltda. e o
Mater Natura com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMMA.
Este é um dos produtos do projeto "Planos Municipais de Conservação e
Recuperação da Mata atlântica (RS, SC, PR e MS)”, executado pela ONG
Mira-Serra e no qual o Mater Natura é o perceiro estadual. O PDA/MMA é o
financiador do projeto (Curitiba-PR, dia 31).
As atividades realizadas em nossos projetos no mês de agosto, foram:
(i)
Entre os dias 16 a 24 foi realizada a oitava incursão de campo do
projeto “Território, biologia reprodutiva e elaboração de um Plano de
Ação Nacional para Conservação da Maria-da-restinga (Phylloscartes kronei)”,
aprovado junto à Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza –
FGBPN. Foram registrados indivíduos com início de placa de incubação
indicando que a estação reprodutiva da espécie em 2012 está começando.
Foram capturados e anilhados dois novos indivíduos (24 e 25) e coletadas
informações sobre a área de vida de um macho adulto (Indivíduo 17) que
não era registrado desde janeiro. Durante a tentativa de anilhamento de
um indivíduo de maria-da-restinga foi capturado um adulto de
não-pode-parar (Phylloscartes paulista), espécie globalmente
ameaçada de extinção e pouco comum na área da Reserva
bicudinho-do-brejo. Na foto, de Carlos Gussoni, Indivíduo 25 capturado
em 21 de agosto de 2012.
(ii) Entre os dias 10 e 14, a equipe do
projeto “Vulnerabilidade de Aves Estuarinas à Mudança Climática”,
financiado pela FGBPN, realizou suas atividades de campo. Neste mês
foram encontrados novos ninhos de Bate-bico, sendo quatro com ovos e um
com filhote. Já para o Bonito-do-piri, não foram registrados novos
ninhos. Os ninhos encontrados foram medidos e a fitossociologia do local
de nidificação foi realizada. Estes também foram acompanhados ao longo
da fase, com o propósito de observar novas posturas e sobrevivência do
filhote. Um indivíduo de Bonito-do-Piri foi anilhado. Também foram
realizados censos de aves, medição de salinidade e maré, fenologia e
fitossociologia da vegetação.
(iii)
Nesse período, a equipe do projeto “Zona Livre de Braquiária: uma
proposta para a conservação do bicudinho-do-brejo na APA de Guaratuba
(PR)”, aprovado junto à FGBPN realizou duas expedições. A primeira entre
os dias 9 e 15 no estuário da baía de Guaratuba e a segunda entre os
dias 22 e 28 na Reserva Bicudinho-do-brejo, na Lagoa do Parado. Tanto no
estuário como na Reserva as atividades de monitoramento do
bicudinhos-do-brejo e de manejo das braquiárias continuaram e as
áreas manejadas foram ampliadas, ou seja, além dos pontos que já estão
sendo trabalhados, foram encontradas e removidas duas porções de
braquiária na Lagoa do Parado e outras duas no estuário. No estuário foi
removida uma porção de braquiária na Ilha do Jundiaquara, onde os
bicudinhos são monitorados desde 2006 (ver foto). No estuário a equipe
contou com a ajuda de Andre Targa Cavassani e na Reserva
bicudinho-do-brejo com a ajuda de Vinícius Tonetti.
(iv)
Pelo projeto “Avaliação da Vulnerabilidade de Extinção das Espécies da
Floresta Atlântica Mediante o Uso de Redes de Interação Mutualística
entre Plantas Zoocóricas e Aves Frugívoras”, financiado pela FGBPN,
neste mês foi realizada a saída a campo, com quatro dias na Reserva
Natural Serra do Itaqui e sete dias na Reserva Natural Salto Morato. A
atenção, a partir deste semestre, está voltada principalmente para o
levantamento da abundância e fitofisionomia das plantas encontradas nas
três fases sucessionais. As atividades realizadas no mês foram:
acompanhamento das espécies em frutificação e observação das interações
entre as aves frugívoras e as plantas ornitocóricas durante as primeiras
horas do dia (6:30-9:00); coleta dos frutos e sementes e do material
vegetativo para coleção e fitofisionomia da vegetação. Na foto, de Tiago
Machado de Souza, observa-se a Jacutinga (Aburria jacutinga), uma das aves estudadas no projeto.
(v) Durante esse mês a equipe do projeto “Riqueza, ecologia molecular e conservação de Melanophryniscus
(Amphibia: Anura: Bufonidae) da Floresta Atlântica do sul do Brasil”,
apoiado pela FGBPN, desenvolveu atividades em laboratório, amplificando
um novo gene nuclear para as populações montanas de Melanophryniscus.
Também trabalhou na redação do manuscrito para a descrição de 6 (seis)
novas espécies descobertas durante a execução do projeto. O projeto foi
divulgado em matéria publicada na Gazeta do Povo, no dia 8 de agosto, e em reportagem transmitida pela Rede Record,
no dia 10. No IX Simpósio do Programa de Pós-graduação em Ecologia e
Conservação, da UFPR, parte do projeto foi apresentada como proposta de
mestrado de uma integrante da equipe.
(vi)
Agosto foi o último mês do projeto “Heterogeneidade ambiental e
diversidade de anuros (Amphibia: anura) dos Campos Gerais, Paraná,
Brasil”. Este projeto teve como objetivos: (i) Inventariar, descrever e
comparar as taxocenoses de anfíbios anuros na região dos Campos Gerais,
representadas por quatro Unidades de Conservação (Parques Estaduais do
Guartelá, Vila Velha, Caxambu e Floresta Nacional de Piraí do Sul); (ii)
Avaliar influência da complexidade estrutural do habitat e paisagem na
diversidade das espécies. A riqueza registrada na região de estudo
representa aproximadamente 25% da riqueza registrada para o estado do
Paraná, que é de 142 espécies.
A investigação da influência da
heterogeneidade ambiental na diversidade de espécies evidenciou que
corpos d’água com maior área, com maior heterogeneidade de vegetação em
suas margens e maior porcentagem de vegetação emergente na lâmina da
água foram as características estruturais correlacionados com maiores
valores de riqueza. Detectou quatro características ambientais
(percentual de vegetação emergente na lâmina da água, heterogeneidade da
vegetação nas margens, heterogeneidade de tipos de solo nas margens e
menor distância do corpo d’água até o fragmento florestal mais próximo)
que favorecem a abundância de 15 espécies individualmente. Concluímos
que alta heterogeneidade ambiental da paisagem regional resultou no
encontro de poderes de explicação tanto por parte das variáveis locais
quanto das variáveis regionais para explicar o padrão de distribuição
dos anfíbios. Expressamos nossos agradecimentos à FGBPN pelo apoio
recebido, que foi fundamental para aumentar o conhecimento da anurofauna
do Paraná e da fisionomia de Campos Gerais.
(vii)
Em relação ao projeto "Ações de Governança Participativa no Corredor de
Biodiversidade do Rio Paraná", financiado pelo MMA/PDA, e do qual o
Mater Natura é um dos integrantes do consórcio de instituições
coexecutoras, em agosto foi iniciada a elaboração do diagnóstico do
território do corredor. Também foi realizada uma ida a campo para o
monitoramento do projeto na margem de proteção do lago de Itaipu (foto) e
iniciada a organização da última oficina do projeto, que será realizada
em Foz do Iguaçu nos dias 13 e 14 de setembro. Na foto percebe-se a
presença de agricultura ao redor do Corredor Santa Maria
(mantido pela Itaipu Binancional), ao fundo.
(viii) Quanto
ao projeto "Corredor das Araucárias" financiado pelo MMA/PDA, e do qual o
Mater Natura é um dos integrantes do consórcio de instituições
parceiras coexecutoras, no dia 07 de agosto foi realizada reunião da
Rede Gestora do projeto, ocasião em se deu continuidade à elaboração do
Plano de Ação para orientar os trabalhos da Rede Gestora após a
conclusão do financiamento do PDA. Entre os dias 08 a 10 desse mês,
ocorreu a complementação das visitas de monitoramento (iniciadas em
julho último) nas propriedades rurais que participam de projetos pilotos
relacionados à meta 4 do projeto de forma a propriciar fontes de
renda alternativas e garantir a segurança alimentar de agricultores
inseridos em áreas prioritárias do Corredor das Araucária. Da mesma
forma, entre os dias 24 de agosto a 02 de setembro, ocorreu saídas de
campo para a validação do mapa de uso do solo do Corredor das Araucárias
(Meta 5.5 do projeto).
(ix) No mês de agosto, o projeto
“Gerenciamento Integrado de Unidades de Conservação da Mata Atlântica: a
Capacitação em Gestão Participativa como uma Estratégia de
Conservação”, aprovado na chamada 09 do Programa Demonstrativo do
Ministério do Meio Ambiente (PDA/MMA), deu continuidade às ações da fase
de “enriquecimento prático” em cada unidade de conservação (UC). No Território do Paraná
as seguintes ações foram executadas: I – reunião da Câmara Técnica de
Conservação dos conselhos da APA/ESEC de Guaraqueçaba e Parque Nacional
do Superagui, que aconteceu no início do mês, no município de
Guaraqueçaba; II – reunião do Grupo de Trabalho de Avaliação e
Monitoramento da gestão do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, em
Matinhos; III – reunião do Grupo de Trabalho de Reestruturação dos
conselhos da APA/ESEC de Guaraqueçaba, na sede do Mater Natura.
No Território do Rio Grande de Sul,
as seguintes ações foram executadas: I – oficina de capacitação dos
conselhos da APA da Rota do Sol e ESEC Arating, que aconteceu no dia 08
de agosto em São Francisco de Paula. Foi também a primeira reunião
conjunta desses conselhos, recém-criados, contando com a presença de 52
conselheiros entre titulares e suplentes; II – aconteceu a terceira
reunião da Rede de Áreas Protegidas do Litoral Norte, em Itati, criada
no escopo do projeto PDA. Um dos pontos de pauta envolveu a discussão
sobre a criação do Mosaico de UCs Porta de Torres. No site do Projeto você encontra maiores informações sobre as ações do projeto realizadas até o momento.
(x)
Pelo projeto “Implantação do Plano de Conservação do
Bicudinho-do-brejo”, patrocinado pelo Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade - Funbio, entre os dias 8 e 14 de agosto a equipe esteve
novamente na região da baía de Guaratuba para obter mais amostras para o
trabalho de variabilidade genética das populações do
bicudinho-do-brejo. Além do trabalho de campo, as análises continuam no
Laboratório de Dinâmica Evolutiva e Sistemas Complexos da UFPR. Na foto,
de Ricardo Belmonte, uma fêmea de bicudinho-do-brejo.
(xi) Em
agosto encerrou-se o projeto "Inclusão e Ampliação da Proteção da
Floresta Ombrófila Mista – Floresta Ombrófila Densa em Quatro UCs de
Proteção Integral na Serra do Mar Paranaense", financiado pelo Funbio,
com uma reunião de apresentação dos resultados aos técnicos das
instituições parceiras do projeto (o IAP - Instituto Ambiental do
Paraná, SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
e o ITCG - Instituto de Terras, Cartografia e Geociências), a partir da
qual formulou-se os encaminhamentos finais. Agosto também foi o mês
programada para o recebimento da documentação de “cadeia sucessória
jus em ré” solicitada aos cartórios dos municípios de Antonina e
Morretes (PR), a qual está em fase final de levantamento para repasse.
Em função das dificuldades de agenda encontradas para se realizar a
reunião de apresentação e agregar as contribuições oriundas dela no
relatório final, foi solicitada ao FUNBIO uma extensão da data final
para apresentação do relatório final para o dia 30 de setembro.
(xii)
Dando continuidade às atividades previstas para a prestação de serviços
no "Programa Petrobras Agenda 21 Comunitária (PPA-21)", firmado com a
Petrobras, foram realizados ao longo do mês de agosto, encontros
com jovens que irão participar como voluntários nas atividades de
levantamento para o diagnóstico das comunidades trabalhadas. Para tanto,
será realizado um treinamento para o censo e posterior tabulação e
interpretação dos dados levantados. Neste mês, também foi elaborado e
entregue à Petrobras o relatório dos trabalhos realizados na Fase I do
projeto.
(xiii) A equipe do projeto "Cultivando Esperança“,
apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES, finalizou em agosto os diagnósticos e o mapeamento no
Assentamento Rosa (Guarapuava-PR); nas outras comunidades participantes
da proposta esses trabalhos ainda terão continuidade em setembro, bem
como a prospecção de novos participantes. Também foi enviada a prestação
de contas da segunda parcela trimestral ao BNDES, além de solicitada
nova parcela. Em setembro, no Assentamento Rosa, será iniciada a
implantação de áreas piloto de restauração. Neste mês também começará a
capacitação das comunidades em atividades de recuperação florestal e uso
sustentável dos recursos naturais da Floresta com Araucária.
(xiv)
O projeto "O Parque Nacional do Iguaçu: um Patrimônio Mundial a
Descobrir e Proteger", do qual o Mater Natura é parceiro executivo da
Rede Verde, continua multiplicando as atividades no âmbito da Terapia
Laboral com os dependentes químicos hospedados na Comunidade da Sagrada
Família no bairro Porto Belo (Foz do Iguaçu-PR), com o apoio da Itaipu
Binacional. As atividades realizadas incluem auriculoterapia, yoga
kundalini, nutrição, cuidados aos animais domésticos (foto) e
construção de um viveiro para a produção de plantas medicinais. Também,
uma oficina culinária sobre o crudivorismo foi ministrada no mês de
julho pela Anne-Sophie, durante a qual os alunos aprenderam a fazer
macarão com abobrinha, substitutos para feijão, arroz e carne moída,
hambúrgeres, molhos, várias sobremesas e até pães. O crudivorismo é o
ato de se comer alimentos crus, como a raça humana fez durante
praticamente toda sua existência. A literatura científica comprova que
quanto mais se cozinha um alimento, mais seus nutrientes são perdidos e
diversos outros elementos cancerígenos, que não estavam presentes
anteriormente, se formam durante o cozimento. Além disso, em quase todos
os casos, também retiramos dos alimentos um nutriente essencial à saúde
humana: a água. Saíba mais sobre o crudivorismo clicando aqui.
No
projeto de doutorado da pesquisadora associada ao Mater Natura,
Anne-Sophie Bertrand, foi iniciado os testes com dez armadilhas
fotográficas na região do município de São Miguel do Iguaçu (PR), na
zona de amortecimento e no interior do Parque Nacional do Iguaçu. As
câmeras foram instaladas no mato durante 15 dias e revelaram a presença
de 25 espécies e alguns detalhes de interação interespecífica. O
objetivo era testar o equipamento uma vez que em setembro, será iniciado
um monitoramento contínuo de 24 meses. Durante este monitoramento, as
10 câmeras estarão permanente ativadas em campo, deslocadas a cada 15
dias. O objetivo é verificar a presença dos mamíferos nesta zona de
transição entre o hábitat florestal e a zona de amortecimento
predominantemente agrícola. Este projeto recebe o apoio da Universidade
de Aveiro (Portugal), do Parque das Aves (Foz do Iguaçu, PR) e da
Reserva Ecológica Ecojahom (Sâo Miguel do Iguaçu, PR). Na foto,
interação interespecífica entre uma cutia (Dasyprocta azarae) e um bacurau (Caprimulgus rufus). Informações adicionais podem ser obtidas através da página Facebook da Rede Verde e de seu website.
|

|

|
Saiba mais sobre espécies recém-descobertas ou ameaçadas de extinção |

|
(i) No dia 8 de agosto o jornal paranaense "Gazeta do Povo" publicou reportagem com
entrevista ao pesquisador associado ao Mater Natura - Instituto de
Estudos Ambientais, Marcos Ricardo
Bornschein, para anunciar que um grupo de pesquisadores da
UFPR e do Mater Natura descobriram 15 novas espécies de sapos no Paraná -– oito do gênero Brachycephalus e sete do gênero Melanophryniscus.
Essas 15 novas espécies aguardam descrição técnico-científica e
publicação em revista técnica, para serem oficialmente reconhecidas pela
ciência. Um processo que que deve levar vários anos.
As descobertas das espécies de Brachycephalus
foram realizadas sob a coordenação dos pesquisadores associados ao
Mater Natura, Luiz Fernando Ribeiro (que já foi vice-presidente da ONG) e
Marcos Bornschein. As descobertas dos sapos do gênero Melanophryniscus deve-se aos esforços da equipe do projeto "Riqueza, ecologia molecular e conservação de Melanophryniscus (Amphibia: Anura: Bufonidae) da Floresta Atlântica do sul do Brasil" executado
pelo Mater Natura, com patrocínio da FGBPN. Parabéns aos pesquisadores
do Mater Natura e da UFPR, cujos trabalhos contribuem para o
aumento do conhecimento científica sobre a anurofauna paranaense.
Consulte a página 47 do Relatório Institucional do Mater Natura para conhecer outras espécies da fauna brasileira descobertas por pesquisadores associados à nossa ONG.
(ii)
O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina
Hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho (RO),
resultou na redescoberta de um anfíbio de formato parecido com uma
cobra. Atretochoana eiselti é o nome científico do animal
raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no
Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília.
Nenhum deles têm a descrição exata de localidade, apenas ‘América do
Sul’. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora
foi divulgada. O biólogo Juliano Tupan, analista socioambiental da Santo
Antônio Energia, concessionária da usina hidrelétrica, conta que foram
encontrados seis exemplares do anfíbio, que ficou conhecido como cobra
mole, durante o processo de secagem de um trecho do leito do rio. Os
animais estavam no fundo do rio Madeira entre pedras que compunham as
corredeiras de Santo Antonio, no leito original do rio.
Segundo Tupan, o ponto mais importante dessa descoberta é que agora se tem a noção de onde a Atretochoana eiselti
pode ser encontrada. “Provavelmente em todo o rio Madeira até a região
da Bolívia”, diz. Juliano explica que a divulgação da descoberta foi
feita somente agora porque estava em processo de validação e catalogação
científica. O formato cilíndrico do corpo do anfíbio faz logo pensar
que se trata de uma cobra meio esquisita. Mas Juliano explica que a Atretochoana eiselti
não tem parentesco algum com répteis. “Esse anfíbio é parente próximo
de salamandras, rãs, pererecas e sapos. Apenas se parece com uma
serpente, mas não é”, afirma o biólogo.
(iii)
Cientistas do Museu Nacional de História Natural da França anunciaram
no dia 1º de agosto, no períodico científico “Nature”, a descoberta do
primeiro fóssil completo de um inseto pré-histórico com 8 milímetros de
comprimento, tórax separado da cabeça e do abdôme, três pares de patas e
365 milhões de anos. O fóssil do Strudiella devonica, que
teria existido no período Devoniano Superior, foi descoberto pela equipe
de André Nel em um sítio da localidade de Strud, na Bélgica. "É o
primeiro fóssil quase completo do período Devoniano", afirmou André Nel.
"Foi nesta época que estes animais começaram a se diversificar, a
conquistar as terras emersas", acrescentou. "É um marco, uma testemunha"
que confirma as datações moleculares (feitas a partir do estudo de
DNA), segundo as quais "os insetos são muito antigos", explicou. Até
agora, os únicos restos fossilizados de insetos deste período eram duas
mandíbulas encontradas na Escócia.
(iv)
Um time internacional de cientistas descobriu na Itália os animais mais
antigos já preservados em âmbar – uma resina de árvore fossilizada
capaz de manter seres pré-históricos da mesma forma como eram em vida.
Os três pequenos espécimes têm cerca de 250 milhões de anos. O achado
está descrito na edição do dia 27 de agosto da revista “Proceedings of
the National Academy of Sciences” (PNAS). Os pesquisadores examinaram
minuciosamente 70 mil gotas de âmbar encontradas no nordeste da Itália.
Os artrópodes – categoria de invertebrados que inclui insetos,
crustáceos e aracnídeos – morreram nessa “armadilha” que parece uma
seiva durante o período geológico Triássico. Dos três bichos, dois são
ácaros microscópicos (chamados de Trasacarus fedelei e Ampezzoa triassica) e o outro é uma mosca menor que uma mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster).
Os autores, liderados por David Grimaldi, do Museu Americano de
História Natural, em Nova York, nos EUA, explicam que já foram
descobertos insetos mais antigos em fósseis de rochas, mas esses dois
aracnídeos e o inseto são diferentes porque não foram comprimidos e
estão praticamente intactos, o que evidencia detalhes e torna possível
uma comparação com as espécies atuais.
(v) As populações de
coalas de certas regiões da Austrália estão enfrentando um forte
declínio em seus números. Muitos dos animais vivem na natureza, mas
perto de regiões já bastante urbanizadas, e acabam sendo atropelados por
automóveis em estradas locais ou atacados por cães. O pequeno Joey, de
cinco meses de idade, foi abandonado em um parque local, mas após ter
sido encontrado se tornou um dos 250 coalas que estão recebendo
tratamento no Hospital Currumbim para a Vida Selvagem. Segundo
funcionários do hospital, houve um aumento de 40% desde o ano passado no
número de animais que dão entrada no hospital por ferimentos ou
doenças. Desde maio deste ano, 36 coalas já morreram na região de Nova
Gales do Sul, no sul da Austrália. O governo australiano está procurando
mapear a população de coalas do país, mas especialistas afirmam ser
preciso realocar espécies para regiões onde elas enfrentam menos
ameaças.
(vi)
Pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) vão
levantar a população de lobos e leões-marinhos existentes na Ilha dos
Lobos, localizada na frente da cidade de Torres, no Rio Grande do Sul. O
trabalho "Refúgio de Vida Silvestre (Revis) da Ilha dos Lobos - Do
conhecimento ao manejo" conta com dados de censos realizados em
embarcações e aéreos, produzidos por pesquisadores do Centro Nacional de
Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos, do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela
administração da Unidade de Conservação.
"Tradicionalmente, os
censos de lobos e leões-marinhos são feitos a partir de embarcações ou
de ponto fixo. A colaboração entre projetos sobre lobos-marinhos e
baleias, para estimativas de abundância nesta unidade de conservação,
será a primeira avaliação feita por meio de censo aéreo com fotografias
para os lobos e leões-marinhos no Brasil", informa a coordenadora do
projeto, a bióloga Larissa Oliveira. "Os dados também vão permitir uma
estimativa mais realista da população sazonal dos animais que ocupam a
região, já que a metodologia é mais precisa e gera menos distúrbio em
comparação com outros métodos", ressalta Larissa.
(vii) A África
do Sul abriu um orfanato para rinocerontes que pretende salvar os bebês
cujas mães foram vítimas dos caçadores ilegais. O primeiro e por ora
único morador do “Entabeni Safari Conservancy”, localizado perto de
Mokopane, é um filhote com quatro meses de existência. A iniciativa é
uma das várias respostas para a explosão de caça proibida de
rinocerontes, cujos cifres são comercializados no mercado negro da
medicina tradicional chinesa. Desde o início do ano, 300 desses
mamíferos foram mortos, em comparação com os 448 massacrados em 2011. Um
terço das vítimas da caça ilegal são fêmeas com filhotes, que, órfãos,
precisam de cuidados especiais, explica Karen Trendler, encarregada do
orfanato e conhecida como “mamãe rinoceronte” por ja ter salvado mais de
200 animais desta espécie. Curiosamente, o único filhote de rinoceronte
por enquanto no centro não é uma vítima dos caçadores, e sim foi
rejeitado pela mãe. No orfanato, ele será preparado para conviver com
outros de sua espécie, como Mike e Nann, dois rinocerontes adultos que
vão chegar para virar pais adotivos e ensinar “os rinocerontezinhos a
ser rinocerontes”.
(viii)
Pesquisadores do Laboratório Especial de Coleções Zoológicas do
Instituto Butantan descobriram 17 novas espécies de aranhas na Mata
Atlântica brasileira. Junto com outros seis pesquisadores brasileiros, o
biólogo Antonio Brescovit trabalha há seis anos no projeto
internacional “Inventário Planetário da Biodiversidade (PBI, na tradução
do inglês), que envolve outros 20 pesquisadores no mundo
inteiro. Com o objetivo de documentar todos os gêneros da família
Oonopidae, o PBI reúne 46 aracnólogos de 12 países e ampliou a
documentação de 300 para 1.016 espécies nestes seis anos. Brescovit
ressalta que o grupo brasileiro já identificou cerca de 70 espécies
dentro do PBI, que começou em 2006. O estudo das 17 novas espécies de
aranhas foi publicado no boletim do Museu Americano de História Natural.
“Esse grupo foi um dos mais interessantes que achamos porque ele tem o
aspecto totalmente diferente dos animais que nós conhecíamos aqui. A
quelícera (mandíbula) dela é modificada e lembra a do ser do filme O
Predador, motivo pelo qual o nome dado ao gênero foi Predatoroonops. As 17 espécies tem nomes de coisas ou personagens relacionados ao filme. As aranhas têm de 1,8 a 2,10 milímetros.
(ix)
O aquecimento global não deixará as espécies de áreas tropicais tão
vulneráveis à extinção como os ecologistas pensavam antes, segundo um
estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça.
O estudo “Forecasting extinction risk of ectotherms under climate
warming: an evolutionary perspective”, publicado na revista Functional
Ecology, da Sociedade Ecológica Britânica, examinou como as espécies
podem evoluir e se adaptar ao ambiente para compensar o aumento drástico
da temperatura. “Acredita-se que a mudança climática representa um
risco maior aos organismos de sangue-frio dos trópicos (ectotérmicos) do
que às espécies de zonas temperadas e polares. No entanto, como o
potencial de adaptação das espécies ao aquecimento não foi estudado nos
antigos modelos, usamos esta teoria para montar um padrão para o futuro,
com as respostas evolutivas das espécies”, explica o autor do estudo,
Richard Walters, agora na Universidade Reading, no Reino Unido.
Conhecidos
como ectotérmicos, peixes, anfíbios, insetos e répteis têm sangue frio e
sofrem elevação da temperatura corporal com o aumento do calor externo –
ou seja, quanto mais quente estiver, menor será o tempo de vida deles. O
aquecimento global pode interferir na expectativa de vida, mas essa
redução pode contribuir para que a espécie “ganhe” mais gerações e
evolua. Com mais ciclos de vida, é possível que eles tenham uma
adaptação mais rápida ao aquecimento frente aos animais de outras zonas
climáticasdo globo. “Nosso modelo mostra que a vantagem evolutiva de um
menor tempo de geração deve compensar as espécies que estão melhores
adaptadas às faixas de temperatura. Prevemos que o risco relativo de
extinção provavelmente será menor para as espécies tropicais do que para
as de clima temperado”, conclui. Clique aqui para ter acesso a versão completa do estudo.
(x)
Paul Clerkin, um estudante da Universidade do Estado da Califórnia, nos
Estados Unidos, encontrou vários tubarões raros em uma expedição
de dois meses ao sul do oceano Índico. Entre as descobertas estão
possíveis oito novas espécies de tubarão. Os animais foram recolhidos em
uma área remota nas profundezas do Índico, segundo uma nota oficial do
Laboratório Marinho Moss Landing, ligado à universidade, ao qual o aluno
está vinculado. Clerkin espera confirmar a descoberta das novas
espécies analisando 86 amostras de material genético e dados de cada um
dos animais encontrados.
Para Dave Ebert, diretor do
laboratório, o achado pode ser o mais importante sobre este tipo de
peixe desde a descoberta do tubarão branco. “Tubarões brancos são
protegidos na América e em muitos lugares do mundo, enquanto estas novas
espécies eram desconhecidas e por isso não puderam ser preservadas”,
afirmou o pesquisador. A expedição encontrou ainda tubarões da espécie Pseudotriakis microdon,
considerados muito raros. Segundo Clerkin, os pescadores no barco que
utilizou para chegar ao local da descoberta capturaram dezenas deles, o
que pode servir para analisar se os tubarões desta espécie “são
realmente poucos ou apenas vivem em locais profundos e de difícil
acesso”.
| |

|
Saiba mais sobre espécies recém-descobertas ou ameaçadas de extinção (2) |
|
(xi)
Uma nova espécie de inseto foi descoberta acidentalmente pelo cientista
australiano Shaun Winterton, PhD em insetos pela Universidade de
Queensland, na Austrália, enquanto ele navegava pela internet. O
pesquisador trafegava pela rede quando se deparou com uma imagem do
animal no Flickr, site de compartilhamento de fotos. A nova espécie,
batizada de Semachrysa jade em homenagem à filha do
pesquisador, foi registrada na última edição da revista internacional
“ZooKeys”, lançada no dia 7 de agosto. O autor das imagens, Guek Hock
Ping, foi contatado por e-mail pelo cientista australiano. Em um
primeiro momento, Ping não foi capaz de encontrar novamente o animal no
lugar onde ele fez as fotos, uma área de floresta no estado de Sabah, o
segundo maior da Malásia. Foi só depois de um ano que o fotógrafo voltou
a fazer contato com Winterton, com mais informações e imagens da
espécie. O estudo da “ZooKeys” é assinado em conjunto pelos dois e por
um pesquisador do Museu de História Nacional de Londres, Stephen Brooks,
que confirmou que bicho descoberto era inédito.
(xii)
Cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos,
identificaram duas novas espécies de corujas das Filipinas. Os animais
eram conhecidos há cerca de 15 anos, mas só agora houve a confirmação de
que se tratam de novos tipos de animais, dizem os pesquisadores. Uma
das espécies, chamada de Ninox rumseyi, era considerada extinta
até agora, diz a pesquisadora Pam Rasmussen, responsável pela
descoberta. Na região filipina de Cebu, onde a coruja-águia foi
encontrada, o desmatamento praticamente acabou com as florestas. A
espécie foi identificada graças ao seu canto diferente do pio de outras
corujas, disse Pam. “As corujas não aprendem a cantar. O som faz parte
do seu DNA, é usado para atrair parceiros ou defender o território.
Então se um chamado é diferente, deve ser uma nova espécie”, afirma a
pesquisadora. A outra coruja-águia, a Ninox leventisi, foi
encontrada na ilha filipina de Camiguin. Ela possui olhos azuis, o que a
diferencia de outras espécies. Além disso, o animal possui canto e
características físicas distintas, segundo o estudo. A demora para o
reconhecimento da espécie ocorreu porque há uma variação muito grande
entre as corujas e porque o canto das duas espécies não havia sido
objeto de estudo, de acordo com a pesquisadora.
(xiii)
Uma aranha de grandes patas, apelidada de “pé-grande” pelos cientistas,
foi descoberta em cavernas na região sudoeste do estado do Oregon e em
florestas da Califórnia, nos Estados Unidos. O aspecto da aranha e o
habitat chamaram tanto a atenção dos pesquisadores que eles batizaram o
gênero de Trogloraptor (“bandido da caverna”, na tradução do
latim). A descoberta foi obra de uma equipe da Academia de Ciências da
Califórnia, em conjunto com pesquisadores da ONG Conservação das
Cavernas do Oeste. Ao mesmo tempo, cientistas da Universidade Estadual
de San Diego, também nos Estados Unidos, encontravam animais do mesmo
tipo em áreas de floresta na Califórnia.
As aranhas do gênero Trogloraptor
criam teias rudimentares dentro de cavernas. De tamanho pequeno, ela
chega a ter quatro centímetros com as pernas abertas. As grandes
quelíceras e as patas enormes sugerem que estes animais são predadores
de insetos, mas cientistas ainda não conseguiram identificar o
comportamento da espécie. Os pesquisadores acreditam que a existência da
Trogloraptor vai causar uma “revolução” nos estudos de
evolução das aranhas. O estudo aponta que o animal é parente próximo das
Oonnopidae, uma família de aracnídeos pequenos e de hábitos noturnos. A
descoberta é tão importante que a aranha “pé-grande” deu origem a uma
família nova, a Trogloraptoridae.
(xiv) Cientistas descobriram uma nova espécie de rato nas florestas de uma ilha da Indonésia. Ao contrário de outros roedores, o Paucidentomys vermidax
não possui a maioria dos dentes, inclusive os molares. Ele não mastiga
ou rói sua comida. O rato se alimenta de minhocas e vermes encontrados
na terra com ajuda de seu grande focinho. Como possui apenas dois longos
dentes incisivos, o Paucidentomys vermidax os usa para morder e
depois sugar as minhocas. O animal foi identificado por pesquisadores
de várias instituições, como o Museu Zoológico Bogoriense, da Indonésia;
o Museu Victoria, da Austrália; e a Universidade mcMaster, do Canadá. O
registro da descoberta foi realizado na publicação científica "Biology
Letters". Ratos parecidos são encontrados nas Filipinas e na Nova Guiné,
mas em geral eles possuem dentição e molares reduzidos.
(xv)
Uma espécie rara de barata que brilha no escuro foi descoberta na
América do Sul por cientistas europeus. Eles estudavam a
bioluminescência, capacidade dos animais de produzir luz, quando
identificaram o animal. A barata Lucihormetica luckae foi
encontrada na encosta de um vulcão no Equador, segundo a pesquisa,
publicada na revista científica “Naturwissenschaften” (Ciências
Naturais, na tradução do alemão). O animal bioluminescente gera luz em
três áreas de sua cabeça: em dois pontos maiores, que dão a aparência de
serem olhos, e um ponto bem pequeno no lado direito da cabeça.
A
luz gerada pela barata segue o mesmo padrão de um inseto encontrado no
Brasil, o besouro-clicador (também chamado de barata-de-estalo ou
elaterídeo), de acordo com o cientista Peter Vršanský, da Academia de
Ciências da Eslováquia, um dos responsáveis pela pesquisa. Como a Lucihormetica luckae
não tem veneno, a conclusão a que os cientistas chegaram é que o animal
imita o besouro, que também é bioluminescente e possui toxinas. A
imitação ocorre como forma de defesa natural. Esta é a primeira espécie
em que a bioluminescência é usada com finalidade de defesa, avalia
Vršanský no estudo. O estudo aponta ainda que a luminescência das
baratas descobertas está ligada à presença de bactérias específicas nos
pontos da cabeça de onde a luz é emitida.
(xvi)
Um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Biologia Marinha
(Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP) resultou na descrição de
nove espécies novas de briozoários do gênero Bugula no litoral
brasileiro. Os briozoários são animais invertebrados majoritariamente
marinhos que vivem em colônias, presos ao substrato. O estudo que
descreve as espécies – encontradas nos litorais de São Paulo, Rio de
Janeiro e Espírito Santo – foi publicado na revista PLoS One. As novas
espécies foram denominadas de: Bugula bowiei, Bugula foliolatan, Bugula guara, Bugula biota, Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula alba, Bugula rochae e Bugula migottoi.
O artigo com a descrição foi elaborado por Leandro Vieira, pesquisador
do departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP,
Karin Fehlauer-Ale, pesquisadora do Laboratório de Sistemática e
Evolução de Bryozoa do Cebimar, e Judith Winston, do Museu de História
Natural da Virginia (Estados Unidos).
(xvii) O governo do
Zimbábue quer pedir permissão a órgãos internacionais para leiloar seu
estoque de marfim. A medida visa financiar ações de proteção a elefantes
e outros animais, segundo disse o diretor da Autoridade Nacional para
Gestão dos Parques e da Vida Selvagem, Vitalis Chadenga, a órgãos de
imprensa africanos. O país acumulou 50 toneladas de marfim apreendidos
de caçadores ilegais e recuperados de elefantes que tiveram morte
natural ou foram sacrificados com autorização do governo por algum
problema de saúde, de acordo com o site de notícias “Otango Daily
Times”. São necessários US$ 30 milhões anuais para a conservação de
elefantes e ações contra os caçadores no Zimbábue, mas o investimento
atual está “longe disso”, afirmou Chadenga ao “Otango Daily Times”.
“Vamos chegar a um ponto onde vai crescer tanto a população de elefantes
que eles vão competir entre si e podem destruir uns aos outros. Isto
está acontecendo em alguns de nossos parques”, disse o diretor. A
população de elefantes no Zimbábue chega a 100 mil indivíduos, segundo o
jornal. Animais adultos comem entre 100 e 300 quilos de comida por dia.
(xviii) Cientistas descobriram uma espécie de aranha sem olhos em uma caverna do Laos, na Ásia. Chamado de Sinopoda scurion,
o animal é o primeiro do tipo “caçador” totalmente cego identificado
até agora, segundo Peter Jäger, chefe do setor de aracnologia do
Instituto de Pesquisa Senckenberg, localizado em Frankfurt, na Alemanha.
O aracnídeo foi descrito em estudo na publicação científica “Zootaxa”. A
falta de olhos é uma adaptação da aranha ao escuro total da caverna,
assim como a ausência de pigmento, segundo a pesquisa. O nome scurion
foi dado em homenagem a uma empresa suíça que produz lanternas, usadas
para encontrar a espécie dentro da caverna, afirma Peter Jäger. “Nós já
havíamos encontrado aranhas deste gênero em outras cavernas, mas elas
todas tinham olhos e pigmentação completa. A Sinopoda scurion é
a primeira sem visão”, disse o cientista ao site do instituto. A nova
espécie de aranha mede seis centímetros, com as pernas abertas. Animais
como peixes, escorpiões e caranguejos encontrados em cavernas no Laos
também apresentam adaptação similar e são cegos, segundo Jäger.
(xix)
O guará, uma ave típica de manguezais, retorna a Santa Catarina após um
longo período de extinção local. A constatação é da equipe do Projeto
Aves, da Univille, que desde novembro do ano passado monitora a espécie
na Baía da Babitonga, litoral norte do Estado. O último registro
oficialmente documentado no Estado é de 1858, no litoral de Palhoça.
Segundo a bióloga Marta Cremer, um grupo com mais de 70 indivíduos
reproduziu na região, em uma das ilhas do Saguaçu, entre dezembro de
2011 e abril de 2012. “Mesmo após o evento reprodutivo, os guarás se
mantêm na região, o que indica que voltaram para ficar”, afirma a
pesquisadora da Univille. “O registro da reprodução desta espécie na
Baía da Babitonga demonstra a grande importância da região e de suas
áreas de manguezal, reforçando a necessidade de medidas urgentes para a
conservação de sua biodiversidade”, enfatiza.
Ameaçada de
extinção no Paraná e em Santa Catarina, o guará esteve desaparecido por
décadas, dizem os pesquisadores do Projeto Aves. Os últimos registros
são históricos, dos séculos XVIII e XIX. Os relatos indicam que no
passado o guará era considerado abundante e foi observado por diversos
viajantes e exploradores, como James Henderson, que em 1820 relatou
grandes revoadas da espécie colorindo os céus de vermelho na Baía da
Babitonga. “O guará sofreu um declínio populacional intenso em todo o
Sudeste e Sul do Brasil, principalmente pela degradação do manguezal e
pela caça descontrolada para a retirada das penas”, explica o
pesquisador Alexandre Grose. As penas, de vermelho vivo, eram exportadas
para a Europa e Estados Unidos para confecção de chapéus e outros
adornos. O guará se alimenta principalmente de caranguejos, mas pode
capturar peixes e invertebrados aquáticos.
(xx)
Uma nova espécie de pássaro foi descoberta na Serra do Cipó, nos campos
rupestres de Minas Gerais. A princípio, os pesquisadores pensaram ter
encontrado uma população isolada do pedreiro (Cinclodes pabsti),
que vive nas serras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas acabaram
surpreendidos pelos resultados de exames de DNA, indicando que os
passarinhos de Minas e do Sul são espécies distintas. Realizado por um
grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, o
trabalho foi previamente publicado on-line no periódico IBIS, e em
outubro deve chegar à edição impressa. O Cinclodes espinhacensis
ou pedreiro-do-espinhaço é um passarinho grande, com cerca de 22
centímetros de comprimento. Tem a plumagem cor de chocolate, com a parte
inferior beje e uma faixa amarelada sobre os olhos, assim como o primo
das serras dos sul. A semelhança com o C. pabsti é tamanha que levou os autores a publicarem uma nota, em 2008, identificando o pássaro mineiro como uma população isolada de C. pabsti.
|
 |
|
Pulgões podem ser primeiros animais capazes de realizar fotossíntese |
|
Os afídeos, conhecidos também como pulgões, apresentam características desconcertantes. Além da suspeição de captar DNA de outros seres,
são capazes de realizar partenogênese. Em outras palavras as fêmeas
dessa superfamília procriam sem precisar de machos que as fecundem.
Assim, as fêmeas podem nascer grávidas e depois parir essas crias que
também nascem grávidas, e assim sucessivamente.
Em adição à
lista de excentricidades, o estudo “Light- induced electron transfer and
ATP synthesis in a carotene synthesizing insect” publicado em 16 de
agosto na revista Nature pelos pesquisadores franceses Jean
Christophe Valmalette, Aviv Dombrovsky, Pierre Brat, Christian Mertz,
Maria Capovilla e Alain Robichon indica que eles talvez possam capturar
luz solar e usá-la com propósitos metabólicos. Em outras palavras são
capazes de realizar a elaboração de nutrientes, de maneira análoga a das
plantas, por meio de um processo muito similar ao da fotossíntese. De
acordo com a revista “Nature” seria a primeira evidência de fotossíntese
em insetos.
Os pulgões são os únicos entre os animais que têm a
capacidade de sintetizar os carotenoides, pigmentos típicos de
vegetais. Muitos animais dependem destes pigmentos para uma variedade de
funções, tais como a manutenção de um sistema imunológico saudável e a
produção de certas vitaminas, mas todos os outros animais só conseguem
obtê-los por meio de sua dieta alimentar. Mas, de acordo com a pesquisa
da equipe do entomologista Robichon, os pigmentos presentes nos afídeos
podem absorver a energia do sol e transferi-lo para o maquinário celular
responsável pela produção de energia solar.
Embora sem
precedentes em animais, a capacidade é comum em outros reinos. As
plantas e algas, bem como certos fungos e bactérias, também sintetizam
carotenoides, e em todos estes organismos os pigmentos formam parte da
máquina fotossintética.
Aproveitando a descoberta de 2010 de que
os altos níveis de carotenoides encontrados em afídeos são produzidos
pelos próprios insetos, Robichon e sua equipe decidiram investigar por
que os pulgões produzem químicos que exigem tanto do metabolismo.
Os
carotenoides são responsáveis pela coloração dos afídeos, o que
determina o tipo de predador que pode vê-lo. A pigmentação corporal dos
pulgões criados em laboratório por Robichon é afetada por condições
ambientais: insetos verdes no frio e alaranjados em condições padrões.
Quando a população é grande e os recursos limitados eles são brancos.
Quando
os pesquisadores mediram os níveis de ATP dos pulgões – responsável
pela transferência de energia em seres vivos – os resultados foram
surpreendentes. Pulgões verdes, que contêm altos níveis de carotenoides,
produzem significativamente mais ATP do que os brancos, que são quase
desprovidos desses pigmentos. Além disso, a produção de ATP aumentou
quando os insetos laranja - que contêm uma quantidade intermediário de
carotenoides - foram colocadas sob a luz, e caiu quando eles foram
transferidos para o escuro. Em seguida, os pesquisadores extraíram e
purificaram os carotenoides dos afídeos alaranjados, demonstrando que
esses pigmentos são responsáveis pela absorção de luz e transferência de
energia.
Maria Capovilla, uma das autoras do estudo e também
entomologista, do Instituto Sophia, ressalta que são necessárias mais
pesquisas antes de os cientistas terem certeza de que os afídeos
realmente fazem fotossíntese, mas as descobertas levantam essa
possibilidade. E a maneira como as moléculas de caroteno se organizam
nos insetos dá peso a essa hipótese: os pigmentos formam uma camada que
fica entre 0 e 40 micrômetros abaixo da cutícula dos animais, o que os
deixa em posição perfeita para capturar a luz do Sol.
Nancy
Moran, geneticista de insetos da Universidade de Yale, em Connecticut
(Estados Unidos) - responsável pela descoberta original de que os
afídeos possuem os genes para a produção de carotenoides - revela, no
entanto, que há muitas perguntas não respondidas. “A produção de energia
parece ser o menor dos problemas de um afídeo: sua dieta tem açúcar em
excesso, e eles não conseguem usar a maior parte disso”, ela explica. O
argumento leva à pergunta de por que os afídeos precisariam fazer
fotossíntese. Segundo Maria, talvez o processo funcione como um sistema
de emergência que poderia ajudar em momentos de estresse ambiental, como
no período de migração para uma nova planta hospedeira.
Além de
modificar os conceitos clássicos em nossas aulas de Biologia essa
descoberta promete elucidar, entre outros enigmas da ciência moderna, a
forma como a vida tem evoluído em nosso planeta.
Clique aqui para ler o artigo completo na "Nature".
|

|

|
Fauna desaparece mais que o esperado em fragmentos da Mata Atlântica |

|
Grandes
e médios mamíferos que vivem em fragmentos da Mata Atlântica isolados
das áreas florestais mais amplas estão se extinguindo em um ritmo mais
acelerado do que se imaginava, segundo o estudo “Pervasive Defaunation
of Forest Remnants in a Tropical Biodiversity Hotspot”, publicado no dia
14 de agosto no site científico PLOS ONE.
Para chegar a esta
conclusão, a equipe liderada pelos biólogos Carlos Augusto Peres, da
Universidade de East Anglia (UEA), Inglaterra, e Gustavo Canale,
da Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), viajaram durante dois
anos (entre janeiro de 2004 e 2006), por 210 mil quilômetros de
estradas. Ao fim da pesquisa, eles amealharam informações detalhadas
sobre 196 fragmentos de floresta, que abrangem 256.670 quilômetros
quadrados. Cada fragmento possui áreas entre 1 e 5.000 hectares. A
região estudada abrange cerca de 25% da Mata Atlântica do Nordeste
Brasileiro, entre o leste de Minas Gerais, Bahia e Sergipe.
A
equipe mapeou os principais fragmentos via satélite e realizaou
inventários em 50 desses fragmentos, em busca de informações sobre um
conjunto de 18 espécies de mamíferos de porte grande e médio – acima de 5
quilos. Nos demais locais entrevistaram moradores da zona rural de cada
região, os quais estivessem habituados a visitar a mata em busca de
informações sobre os animais. Cerca de 8.846 pessoas foram
entrevistadas, todos moravam há, pelo menos, 15 anos na região. De um
total de 3.528 populações possíveis de existir nos 196 fragmentos,
somente 767 foram contabilizadas. Na média, cada remanescente retinha
somente 4 das 18 espécies investigadas.
Na prática, isso
significa que cinco animais estão praticamente extintos nesse
pedaços importantes da mata atlântica: onças-pintadas, queixadas,
tamanduás-bandeiras, antas e muriquis. Preguiças, pacas, bugios e
raposas se saem só um pouco melhor. Os únicos mamíferos a resistirem em
mais de metade dos fragmentos estudados são os saguis.
As
estimativas anteriores sobre a fauna desses trechos isolados, com base
no tamanho de cada fragmento, previam uma sobrevivência maior dos
animais, segundo o estudo. Mas aquelas estimativas subestimavam
persistentes fatores humanos, como queimadas e a caça. “Essa é uma má
notícia para a conservação”, disse Peres. Muitos animais, segundo ele,
sumiram mesmo em áreas de mata que eram consideradas grandes e intactas.
“O nosso trabalho mostra que, do ponto de vista de conservação
de fauna, não basta garantir somente a retenção de manchas florestais”,
afirma Peres. "Não há substituto para a proteção integral de fragmentos
florestais remanescentes nos hotspots de biodiversidade como a Mata
Atlântica brasileira. Esse estudo é um aval muito grande e positivo para
a criação de mais áreas protegidas”, disse o pesquisador.
A
combinação dos efeitos da caça e da fragmentação do habitat resultam em
altas taxas de extinção local. Como estes fragmentos não guardam conexão
com outras áreas de floresta, não existe a substituição das populações
dizimadas pela caça. O efeito é mais grave do que aquele que pode
ocorrer em grandes áreas de floresta contínua, como a Amazônia. Lá, a
caça pode ter menos impacto, pois populações vizinhas da mesma espécie
tem chance de recolonizar o local.
Peres também alertou sobre a
importância da implementação das unidades de conservação com efetiva
fiscalização, que impeça, por exemplo, a entrada de caçadores ou
madeireiros. “Apenas cinco dos remanescentes investigados eram
protegidos na prática contra estas atividades e foram os que
apresentaram as maiores taxas de retenção de espécies”, destacou.
A
situação se mostrou mais crítica nos fragmentos localizados no oeste do
Nordeste, onde há menos unidades de conservação. “A disponibilidade de
proteína animal nessa região é baixa, por conta da alta taxa de
densidade demográfica na zona rural. A economia de muitas casas de baixa
renda é subsidiada por um padrão de caça que varia de recreativo à
subsistência. Só a fauna relativamente tolerante a essa pressão
persiste”, comentou o biólogo.
Clique aqui para acessar a íntegra do estudo, em inglês.
|
 |
|
Vegetais e oceanos absorvem mais CO2, segundo estudo |
|
|
Nossas
emissões de CO2 crescem a cada ano, mas a vegetação e os oceanos, que
absorvem cerca da metade do dióxido de carbono emitido, também estocam
uma quantidade maior hoje do que no passado, segundo o trabalho
“Increase in observed net carbon dioxide uptake by land and oceans
during the past 50 years” publicado na edição do dia 1º de agosto da
revista científica Nature. “A absorção global em sorvedouros de
carbono oceânicos e terrestres quase dobrou nos últimos cinquenta
anos”, segundo relatório elaborado por cinco cientistas da Universidade
do Colorado (Estados Unidos), em Boulder.
Os sorvedouros de
carbono definem os processos naturais que contribuem para retirar o CO2
da atmosfera. Eles se referem principalmente aos oceanos, que estocam o
carbono nas profundezas, aos vegetais e às florestas. A metade das
emissões de dióxido de carbono é absorvida por estes sorvedouros.
O
potencial e a evolução destes processos são tema de debate e estudos
recentes sugerem uma diminuição de sua capacidade de absorção, indicaram
os cientistas que insistem na importância de quantificar adequadamente
estes fenômenos para prever melhor as evoluções do clima.
Ao
analisar as medidas de concentração de carbono na atmosfera ao longo dos
anos e levando em conta as emissões de origem humana, eles calcularam a
absorção líquida anual mundial em terra e nos oceanos. Segundo eles,
esta absorção dobrou em cinquenta anos, passando de 2,4 bilhões de
toneladas anuais de carbono em 1960 a 5 bilhões em 2010. “A taxa de
aumento do CO2 atmosférico continua aumentando porque as emissões de
origem fóssil se aceleraram, não porque os sorvedouros de carbono
falharam”, insistiu.
A absorção de CO2 por vegetais e oceanos é
amplamente vinculada à pressão do dióxido de carbono na atmosfera e é
lógico, até um certo limite, que o aumento das emissões de CO2 provoquem
um aumento da absorção destes sorvedouros, destaca o cientista.
Por outro lado,
cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriram uma
nova fonte de emissão de gases de efeito estufa: as árvores doentes
podem estar gerando metano, um dos gases responsáveis pelo aquecimento
global. Eles pesquisaram 60 plantas na floresta de Yale Meyers, na
região nordeste do estado de Connecticut, e encontraram concentrações do
gás 80 mil vezes maiores do que o normal.
Em condições comuns, a
presença do metano é de menos de duas partes por milhão na atmosfera.
Nas partes ocas das árvores doentes, os pesquisadores encontraram níveis
médios de 15 mil partes por milhão de metano no ar.
A pesquisa “Elevated methane concentrations in trees of an upland Forest” foi divulgada na revista Geophysical Research Letters
(“Cartas de Pesquisa Geofísica”, na tradução do inglês). A concentração
do metano nas árvores doentes chega a ser inflamável, segundo o
coordenador do estudo, Kristofer Covey, da Universidade de Yale.
O
pesquisador aponta que as condições encontradas nas árvores são normais
em vários locais de floresta no mundo, o que indica que os cientistas
podem ter achado uma nova fonte de produção do metano “em escala
global”. As árvores doentes têm um potencial de aquecimento global
equivalente a 18% do carbono capturado pelas mesmas florestas, reduzindo
o benefício climático que elas criariam em cerca de um quinto, segundo
Covey.
“Se nós extrapolarmos o que foi encontrado no estudo para
florestas em escala global, o metano produzido pelas árvores
representaria 10% das emissões do mundo”, afirmou Xuhui Lee, co-autor da
pesquisa e professor de meteorologia em Yale. Ele reconhece que os
cientistas “não sabiam da existência” deste processo de criação do
metano.
As árvores que produzem metano são mais velhas e doentes,
com idade entre 80 e 100 anos. No caso da floresta de Yale, elas estão
sendo afetadas por um fungo que cria condições favoráveis para a
proliferação de micro-organismos que fabricam o gás. Ninguém havia
pensado que a ideia de podridão causada por fungos, um problema comum em
florestas, poderia estar ligado à produção de gases-estufa e ao
aquecimento global, reforçam os cientistas.
| |

|
|
Desmatamento na Amazônia cai 23% em 12 meses |

|
|
Dados
do Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter)
divulgados no dia 2 de agosto, em Brasília, pela ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, confirmam a tendência de redução do
desmatamento da Amazônia Legal. Os alertas registrados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram uma redução de 23% entre
agosto de 2011 a julho de 2012 em comparação com o mesmo período
anterior, caindo de 2.679 km2 para 2.049 km2. Com isso, quase 700 quilômetros quadrados foram poupados na comparação entre os períodos avaliados.
A
diminuição foi ainda mais expressiva nos últimos quatro meses, chegando
a quase 50% quando comparados ao mesmo quadrimestre de 2011. Entre
abril e julho de 2012 a área desmatada foi de 652 km2 , contra 1.283 km2
no período anterior. A baixa cobertura de nuvens em praticamente oito
dos nove estados da Amazônia Legal dão consistência à análise do Inpe.
Períodos de alta nebulosidade impedem o registro feito pelos satélites
ópticos.
Com exceção de Roraima, todos os estados da região
mantiveram ou reduziram a taxa de desmatamento local. O Maranhão foi o
estado que registrou a maior queda de desmatamento (67%), seguido pelo
Amazonas com 45% menos áreas devastadas e pelo Acre e pelo Pará, onde a
derrubada de árvores reduziu em 42% em cada estado. O Deter revelou que o
desmatamento da região amazônica aumentou apenas em Roraima, com
acréscimo de 218% no período 2011/2012. O estado contabilizou 56 mil
quilômetros quadrados de áreas devastadas, enquanto entre agosto de 2010
e julho de 2011, a área desmatada somava 18 mil quilômetros quadrados.
O
sistema Deter identifica desmatamentos quase que diariamente e o INPE
consolida esses dados mensalmente, registrando o corte raso e a
degradação da floresta em áreas superiores a 25 ha, o que equivale a
pouco mais de dois campos de futebol e meio. "Não podemos afirmar ainda
que o desmatamento caiu, mas sim que há uma tendência clara de queda a
ser confirmada pelo Sistema Prodes responsável pela taxa oficial de
desmatamento na Amazônia brasileira. Isso indica que estamos no caminho
certo", avalia a Ministra.
Os desmatamentos em áreas inferiores a
25 ha, fora do alcance do Deter, estão sendo combatidos pelas ações de
inteligência realizadas em conjunto entre Ibama, Polícia Federal e
Agência Brasileira de Inteligência. Segundo Izabella, a ação dos
desmatadores "está cada vez mais sofisticada", com corte da floresta até
mesmo no período chuvoso na tentativa de driblar a fiscalização do
Ibama. Por isso, as operações nas áreas apontadas pela inteligência
começaram em janeiro deste ano, se antecipando às ações dos infratores.
O
governo federal espera, para o início de 2013, a entrada em operação de
um novo satélite da família CBERS (satélite sino brasileiro) com
tecnologia mais avançada para identificar as áreas desmatadas na
Amazônia. A previsão é de que o novo satélite reduza a área de detecção
de 25 hectares passando a capturar áreas menores, mantendo uma
frequência quase diária, tal qual os sistemas que estão em operação.
Dessa forma, será possível a ação preventiva, combatendo o desmatamento
ainda em sua fase inicial ou mesmo antes que ele ocorra, destacou a
Ministra.
Clique aqui para acessar a apresentação "Avaliação do desmatamento DETER/INPE Agosto/2011 a Julho/2012".
No dia 10 de agosto, o Inpe inaugurou um novo serviço, o INPE-Emission Model ou INPE_EM,
que pretende disponibilizar estimativas anuais de emissões de gases do
efeito estufa (GEE) por mudanças de cobertura da terra no Brasil. O novo
modelo gera resultados a partir do cruzamento do mapa de biomassa na
Amazônia e dados de desmatamento do PRODES, sistema baseado no
monitoramento de satélites do próprio INPE, que calcula a perda de
floresta primária a cada ano.
O cálculo mostra que o desmate da
Amazônia representa 1,5% de todo o carbono emitido pela ação humana na
atmosfera no mundo. Com a queda da taxa do desmatamento nos últimos
anos, a Amazônia passou a emitir menos CO2. Segundo os pesquisadores do
Inpe, a emissão caiu 57% entre o período de 2004-2011.
Os números
são positivos, já que indicam que o Brasil está buscando atingir a meta
de redução de emissões – em 2009, o país se comprometeu a reduzir 80%
das emissões de desmatamento. No entanto, um dado pode preocupar: o
desmatamento está avançando para áreas mais densas de floresta, onde há
mais biomassa. Ou seja, mesmo um desmatamento menor nessa região pode
emitir mais CO2 na atmosfera. Por isso é importante manter as políticas
de controle do desmatamento e a proteção de unidades de conservação.
Clique no site do Inpe-EM para ter acesso aos dados completos de emissões na Amazônia.
| |

|

|
Tratado bom para o ozônio, mas ruim para o clima |

|
|
É possível
que o Protocolo de Montreal, o convênio que reúne todos os membros da
Organização das Nações Unidas (ONU) na proteção da camada de ozônio, já
não será o “acordo internacional de maior êxito”, como costuma dizer o
ex-secretário-geral Kofi Annan. O tratado teve um grande impacto nas
mais de duas décadas em que está em vigor, ao reduzir em 97% o consumo
de substâncias que prejudicam a camada de ozônio. Porém, agora é
criticado porque favorece a mudança climática, ao substituir os químicos
prejudiciais por compostos que aceleram este fenômeno.
A
eliminação total dos clorofluorcarbonos (CFC), importantes destruidores
da camada de ozônio antes usados como refrigeradores, levou à criação de
um bônus de proteção climática equivalente a 11 mil toneladas de
reduções de dióxido de carbono (CO2) ao ano, segundo o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Isto significa que o
Protocolo teve um impacto ambiental anual equivalente a um bilhão de
domicílios desconectados da rede de fornecimento elétrico.
Entretanto,
o enorme êxito se vê impactado pelos químicos usados para substituir os
CFC, os hidrofluorcarbonos (HFC), um grupo de “supergases” de efeito
estufa. Os HFC podem ser encontrados em numerosos produtos, como
refrigeradores e aerossóis, são o tipo de gases contaminantes de
maior crescimento e têm um enorme impacto no aquecimento global, segundo
muitos cientistas. Sem uma ação rápida que limite seu crescimento, os
HFC poderão passar a representar 20% dos gases que anualmente contribuem
para o aquecimento global, igual ao CO2, até 2050, diz um comunicado de
imprensa divulgado pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e a
Governança.
Canadá, Estados Unidos, México e Micronésia adotaram
uma posição firme na última reunião dos Estados-partes, realizada em
julho em Bangcoc (Tailândia), e propuseram emendar o Protocolo de
Montreal. “Reduzir os HFC é essencial para limitar os efeitos ambientais
adversos, inclusive sobre o sistema climático, das ações destinadas a
proteger a camada de ozônio”, segundo o documento divulgado no final de
julho na capital tailandesa. Se fosse levada adiante esta emenda
permitira reduzir o equivalente a cem bilhões de toneladas de CO2 até
2050, mas foi bloqueada por Brasil, China e Índia.
As três
potências emergentes argumentaram que a diminuição dos químicos
prejudiciais deve ser discutida no contexto do Protocolo de Kyoto, pois
tem a ver com a mudança climática e não com a destruição da camada de
ozônio. “O mandato legal do Protocolo de Montreal não se limita a
reduzir as substâncias que esgotam a camada de ozônio, mas também busca
garantir que os componentes alternativos sejam seguros, inclusive para o
clima”, explicou David Doniger, diretor do programa de clima e ar limpo
da organização A Onda Verde, com sede nos Estados Unidos.
“Os
HFC não existiriam sem o Protocolo de Montreal”, destacou a ativista
Clare Perry, da Agência Ambiental de Investigação. Além disso, “é o
órgão com maior experiência na eliminação desse tipo de químicos e tem
todas as instituições e todos os procedimentos necessários para fazê-lo
de forma efetiva”, explicou. Porém, as manobras políticas parecem
eclipsar os propósitos iniciais do tratado. É possível que seus críticos
tratem de reduzir o alcance do Protocolo para conseguir seus próprios
interesses financeiros, acrescentou.
China e Índia são “os
precursores dos HFC, e suas indústrias estão decididas a continuar
colhendo enormes e maiores benefícios com os supergases-estufa”, segundo
Perry. A decisão de bloquear a eliminação gradual dos HFC não está em
acordo com as promessas feitas pelos 192 Estados-partes, incluindo os
três críticos, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio +20), realizada em junho no Rio de Janeiro.
“Reconhecemos
que a redução gradual das substâncias que esgotam a camada de ozônio
causa um rápido aumento no uso e na liberação no meio ambiente de HFC,
com grande potencial de aquecimento global. Apoiamos uma redução gradual
do consumo e da produção de HFC”, diz o documento final, também
assinado por Brasil, China e Índia. “Ao que parece, seu compromisso em
salvaguardar o clima dos HFC teve menos de dois meses de vida”, apontou
Doniger.
O assunto exige atenção urgente, pois o dano à camada de
ozônio e o aquecimento global estão “intimamente relacionados”, segundo
James G. Anderson, cientista e autor de um estudo a respeito, publicado
pela norte-americana Universidade de Harvard. “Há muitas alternativas
aos HFC inócuas para o meio ambiente em quase todos os setores, e serão a
forma de mitigação de maior eficiência”, ressaltou Perry.
A
redução dos HFC também permitirá alcançar o sétimo dos oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM), de “assegurar a sustentabilidade do
meio ambiente” até 2015. Se o tratado assinado em 1987, o mais
ratificado da história da ONU, pretende recuperar sua reputação, é
preciso tomar medidas, insistiu Perry. O Protocolo de Montreal “costuma
ser considerado como o acordo multilateral em matéria ambiental de maior
êxito, mas cremos que o melhor está por vir e se deve assegurar que
merece essa honra com a rápida adoção de medidas que eliminem os HFC de
forma gradual”, enfatizou Perry.
| |

|

|
Mineração carbonífera na Índia ameaça tigres-de-bengala |
|
Um
novo documento do Greenpeace publicado em agosto, revelou que além de
contribuir para a poluição da atmosfera, para as mudanças climáticas e
para o desmatamento, a mineração de carvão também está colocando em
perigo a existência de diversos animais da fauna indiana, em especial o
tigre-de-bengala (Panthera tigris tigris).
De acordo o
relatório, intitulado “Como a mineração de carvão está destruindo a
terra dos tigres”, a Índia, que é atualmente lar de mais da metade dos
tigres selvagens do mundo, viu a população desses felinos ser
drasticamente reduzida de cerca de 100 mil no início do último século
para 1.706 atualmente, devido à caça e à destruição de seu habitat.
E,
segundo o documento, uma das principais causas de tal destruição é a
mineração carbonífera. O país, que detém a quinta maior reserva de
carvão do mundo e é o terceiro maior produtor atrás da China e dos EUA, é
também um dos maiores consumidores mundiais do produto, e 80% de sua
eletricidade vem dessa fonte.
Por isso, não é de se admirar que a mineração de carvão atinja o habitat de tigres, leopardos (Panthera pardus), elefantes asiáticos (Elephas maximus), ursos-preguiça (Melursus ursinus), e diversas espécies de cervos e antílopes.
Análises
do sistema geográfico de informação (GIS) mostram que a mineração
carbonífera em apenas 13 dos 40 principais campos de carvão da Índia
destruiu mais de 1,1 milhão de hectares de florestas em que tigres,
elefantes e leopardos vivem. Dados oficiais indicam que 18% dessas
florestas são conhecidas por serem lares de tigres, 27% de leopardos e
5,5% de elefantes. No total, oito reservas renomadas de tigres serão
impactadas, prejudicando cerca de 230 tigres, ou 13% da população desses
felinos na Índia.
“Infelizmente para o tigre, seu maior
habitat contíguo – a Índia Central – é também onde a maioria do carvão
da Índia fica. Muitos dos maiores campos de carvão indianos (como
Singrauli e Talcher) incluem áreas florestais adjacentes às reservas de
tigres, e onde tigres são encontrados. As minas de carvão já estão
ocupando essas áreas, e com a expansão atual, isso piorará”, comentou
Ashish Fernandes, autor do relatório.
Além de ameaçar a fauna
indiana, o relatório do Greenpeace aponta que a perda das florestas para
a mineração também afeta e afetará as populações humanas que dependem
das matas para sobreviver. “As comunidades florestais da Índia dependem
de uma variedade florestal produzida para seu próprio uso doméstico e
para venda em mercados locais – mel, frutas, flores, sementes, produtos
de bambu, lenha. Em muitas áreas, a floresta não apenas complementa
outros rendimentos, é o principal rendimento”, observou Fernandes.
“Quando
uma floresta é perdida para uma mina de carvão, a comunidade que
depende da floresta é forçada a migrar em busca de outras opções –
normalmente trabalhos casuais, se disponíveis, ou se mudar para outra
área florestal, aumentando a pressão humana nas florestas
remanescentes”, acrescentou o autor.
Além disso, o documento
também indica que a substituição das florestas por grandes plantações
agrícolas e para extração de madeira e grandes obras de infraestrutura
estão prejudicando o habitat desses animais e a subsistência dos povos
das florestas.
“A Índia está perdendo florestas naturais a uma
taxa de entre 1,5 a 2,7% ao ano – alarmante quando você considera que o
país já perdeu 70% de sua cobertura florestal. As plantações, no
entanto, estão crescendo – normalmente com monoculturas de espécies que
crescem rápido, como a acácia”, alertou Fernandes. “As plantações não
são um substituto para florestas naturais. O governo indiano está usando
seu programa agressivo de plantações para esconder a destruição atual
das florestas naturais – principalmente para a mineração, as barragens e
outros grandes projetos de infraestrutura”, continuou.
Clique aqui para ter acesso ao documento do Greenpeace, em inglês.
|

|

|
Lêmures e invertebrados estão extremamente ameaçados |

|
Um
grupo formado pelos mais importantes conservacionistas se reuniu em uma
oficina de trabalho da Comissão de Sobrevivência de Espécies, da União
Internacional para Conservação da Natureza (da sigla em inglês, IUCN),
no mês de julho, para rever o estado de conservação das 103 espécies de
lêmures existentes no mundo - o grupo de primatas mais ameaçado do
planeta. Os resultados da conferência destacam que muitas espécies de
lêmures estão à beira da extinção devido, principalmente, à perda de
habitat, o que reforça a necessidade de medidas de proteção urgentes.
Mais
de 91% das espécies de lêmures já são consideradas como “criticamente
em perigo”, “em perigo” ou “vulnerável” na lista vermelha de espécies
ameaçadas da IUCN. Das 103 espécies, 23 são agora consideradas
"criticamente em perigo”, 52 “em perigo”, 19 são "vulneráveis" e três
são “quase ameaçadas”. Apenas três espécies estão listadas como "pouco
preocupante".
A avaliação anterior realizada em 2005, como parte
da Avaliação Global de Mamíferos, identificou 10 espécies como
"criticamente em perigo”, 21 como "em perigo" e 17 como "vulneráveis",
que já eram considerados números muito altos. No entanto, devido ao
recente aumento no número de novas espécies na lista e o fato de que o
nível de ameaça aumentou nos últimos três anos, os especialistas
decidiram realizar uma reavaliação da fauna de lêmures.
Os
Lêmures estão em perigo de extinção pela destruição de seu habitat na
floresta tropical na ilha de Madagascar, na costa da África, no Oceano
Índico, onde a situação política aumentou a pobreza e a extração ilegal
de madeira. A caça desses animais também surgiu, na avaliação, como uma
ameaça mais séria do que se imaginava.
"Os resultados da oficina
de revisão foram chocantes, pois mostram que Madagascar tem, de longe, a
maior proporção de espécies ameaçadas de primatas em uma única região
do mundo ou em um só país. Como resultado, nós agora acreditamos que os
lêmures são, provavelmente, os vertebrados mais ameaçados do mundo”,
afirma Christoph Schwitzer, chefe de pesquisa do Bristol Zoo Gardens, da
Inglaterra.
Entre as espécies avaliadas como "criticamente em
perigo' está o Indri, o maior dos lêmures e que tem o valor simbólico
comparável ao de panda gigante da China, o lêmure-rato-de-Berthe que,
com apenas 30 gramas, é o menor primata do mundo e o
lêmure-preto-de-olho-azul, a única espécie de primata não-humano que tem
olhos azuis. Provavelmente a espécie mais rara de lêmure é o
lemur-desportista-do-norte (Lepilemur septentrionalis), da qual existem apenas 18 indivíduos conhecidos.
"Esta
nova avaliação destaca o risco de extinção muito elevado enfrentado
pelos lêmures em Madagascar e é indicativo das ameaças graves para toda a
biodiversidade do país, que é vital para a sobrevivência de seu povo.
As espécies únicas e maravilhosas dessa ilha são o maior patrimônio
desse povo e a marca mais distintiva do local, além de ser a base para
uma grande indústria de turismo que continua a crescer, apesar dos
problemas políticos atuais”, explica Russell Mittermeier, presidente da
Conservação Internacional e do Grupo de Especialistas em Primatas da
IUCN.
Os representantes do Reino Unido, Madagascar, Estados
Unidos, Canadá, Índia, Alemanha, Itália e França estão trabalhando
juntos para estabelecer um plano de ação de conservação para proteger os
lêmures mais ameaçados na próxima década.
Outro resultado
importante da conferência foi a divulgação da descoberta de uma espécie
previamente desconhecida de Lêmure - um tipo de lêmur-rato - por Peter
Kappeler e equipe no Centro Alemão de Primatas. A nova espécie é
encontrada no leste de Madagascar e sua descrição formal ainda não foi
publicada, o que significa que ela ainda não foi recebeu um nome
científico. Com esta nova descoberta, hoje são conhecidas 103 espécies
de lêmures.
De forma complementar, um outro estudo
(Spineless: Status and trends of the world’s invertebrates) da
Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês), IUCN e
Wildscreen, divulgado no dia 31 de agosto, alertou que um quinto da
população mundial de invertebrados está seriamente ameaçada pela
pressão humana sobre os recursos naturais, ameaças que vão desde a
perturbação do habitat ao aumento da temperatura, segundo o relatório.
Embora
se estime que existem muitos mais, estão descritas cerca de 1,3 milhões
de espécies de invertebrados, representando quase 80% de todos os
organismos vivos conhecidos no planeta. Mas só 11% da literatura
científica sobre o estado das espécies vivas lhes diz respeito. Na
prática, pouco mais de 12.000 espécies de invertebrados – 1% do total –
foram avaliadas pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da IUCN. Com
base nesta avaliação o estudo concluiu que as espécies de água doce
estão em maior risco de extinção, seguidas de perto por invertebrados
terrestres e marinhos. Mesmo assim, verificou-se que a ameaça contra os
invertebrados é semelhante à que existe contra os vertebrados e as
plantas.
Estima-se que existam 126 mil espécies de invertebrados
de água doce em todo o mundo, incluindo moluscos e insetos, como
libélulas. Das incluídas na Lista Vermelha da IUCN, 35% são consideradas
ameaçadas e 131 espécies estão listadas como extintas. De acordo
com o relatório, muitas das ameaças destas espécies de água doce
resultam da contaminação das águas causada pelos resíduos agrícolas e
industriais e, ainda, esgotos domésticos, além da construção de
represas que alteram os habitats. As espécies invasoras constituem outro
perigo que enfrentam estas espécies. Os
cientistas recordam que estes invertebrados são importantes em
ecossistemas que beneficiam os seres humanos, eles são bons
para filtrar a água e reciclar nutrientes.
Segundo o
relatório, a situação dos invertebrados marinhos não é muito clara, pois
o sistema marinho é o menos conhecido. No entanto, enfrentam a grande
ameaça da acidificação dos oceanos. Entre as espécies marinhas
analisadas, os pesquisadores mostram-se mais preocupados com aquelas que
são exploradas pelo homem, como lagostas, caranguejos e crustáceos. Os
cientistas também alertam para a necessidade de investigar outros
grupos, como o icónico Nautilus, um fóssil vivo, que é muito procurado
pela sua concha e como animal de estimação. O Nautilus conseguiu
sobreviver durante milhões de anos, mas pode estar particularmente
vulnerável pela sua pequena população e baixa taxa de reprodução.
Em
terra, os invertebrados como insetos, moluscos e vermes constituem 96%
de todas as espécies conhecidas e são considerados os arquitetos de
muitos serviços neste ecossistema. Os insetos desempenham um papel
fundamental na polinização das plantas, muitas das quais alimentam os
seres humanos. Em muitas partes do mundo, invertebrados terrestres fazem
parte da dieta alimentar de povos. Eles fazem partem de sistemas que
reciclam nutrientes e sistemas florestais que armazenam o carbono.
O
relatório alerta para a necessidade de proteção dos invertebrados e
chama a atenção para o valor econômico dos invertebrados. O trabalho dos
invertebrados tem um peso enorme na economia global e isso não é tido
em conta quando se tomam as decisões. Os invertebrados não os
animais mais visíveis, e as pessoas tendem a esquecer a sua importância.
"Conservar os invertebrados pode ser caro, mas ignorar a sua situação
pode sair mais caro", alertam os cientistas.
Clique aqui para ter acesso ao relatório completo da ZSL, IUCN e Wildscreen. Em inglês (8,2 MB).
| |

|
|
Queimadas na Mata Atlântica jogam carvão vegetal no oceano |
|
Uma
nova pesquisa (Continuous flux of dissolved black carbon from a
vanished tropical forest biome) publicada em 12 de agosto na "Nature
Geoscience", revela que restos de plantas carbonizadas na Mata Atlântica
– uma consequência das queimadas na agricultura – estão vazando do solo
para rios, chegando até o oceano. A entrada desse resíduo (chamado de
carbono negro) no ecossistema marinho pode prejudicar espécies animais e
vegetais – mais testes são necessários para confirmar essa hipótese.
A
equipe de cientistas liderada pelo biogeoquímico especializado em
sistemas aquáticos Carlos Eduardo de Rezende, da Universidade Estadual
do Norte Fluminense, no Rio, e pelo geoquímico Thorsten Dittmar, do
Instituto Max Planck de Microbiologia Marinha em Bremen, na Alemanha,
descobriu altos níveis de carbono negro no rio Paraíba do Sul (que banha
São Paulo, Minas Gerais e é o principal do Rio de Janeiro) e no solo da
região.
No Vale do Paraíba, ainda há queimadas da cana-de-açúcar
todos os anos, mas, segundo os pesquisadores apenas essa prática não
poderia ser responsável pela quantidade de carbono negro que eles
identificaram.
Para determinar quanto carbono negro a floresta
queimada produziu originalmente, Rezende e seus colegas buscaram pistas
em outro bioma brasileiro, a Amazônia. Como outros estudos calcularam a
taxa de carbono negro produzida por incêndios na floresta amazônica, os
cientistas combinaram esses números aos índices históricos de queimadas
na Mata Atlântica.
O resultado dessa conta mostrou que foram
emitidos de 200 milhões a 500 milhões de toneladas de carbono negro na
Mata Atlântica. Para que apenas metade dessa quantidade seja expelida do
solo, levariam de 630 a 2.200 anos, de acordo com os especialistas.
O
carbono negro geralmente escapa do solo quando a água da chuva carrega o
material até os rios, que por sua vez despejam os resíduos no
Atlântico.
Para calcular quanto de carbono pode estar sendo
adicionado ao mar, os cientistas coletaram amostras do rio Paraíba do
Sul a cada 15 dias, entre os anos de 1997 e 2008. Eles descobriram que o
carbono negro dissolvido continua a ser expelido pelo solo todos os
anos, em níveis aproximadamente constantes, durante a estação mais
chuvosa.
De acordo com eles, apenas o Paraíba do Sul é
responsável pela entrada anual de mais de 2,7 mil toneladas dos restos
da antiga mata no oceano. Com base nesses dados, Rezende e seus colegas
estimaram que toda a área devastada da floresta despeja de 50 mil a 70
mil toneladas de carbono negro dissolvido no ambiente marinho.
O
que acontece com esse carbono negro após sua entrada no oceano ainda é
um mistério. Uma pesquisa anterior descobriu carbono negro em áreas
profundas e remotas nos arredores da Antártida. Para Dittmar, a maior
parte desses resíduos acaba sendo depositadas no fundo dos oceanos, em
todo o planeta. Mas apenas novas pesquisas poderão revelar o quanto
desse carbono negro que sai dos rios chega às profundezas oceânicas e
como ele pode afetar a vida marinha – em especial as comunidades de
micróbios que vivem e se alimentam de pequenas partículas orgânicas.
|
 |
|
Parasitas podem ficar mais fortes com mudanças do clima, diz estudo |
|
Os
parasitas podem se tornar mais virulentos com a mudança climática,
segundo um estudo mostrando que rãs sofrem mais infecções de um fungo
quando expostas a oscilações inesperadas de temperatura. Parasitas, que
incluem os platelmintos, organismos minúsculos agentes da malária e de
fungos, podem se adaptar de forma mais ágil a mudanças climáticas do que
os animais que os hospedam, já que são menores e crescem mais
rapidamente, disseram cientistas.
“O aumento na variabilidade
climática deve tornar mais fácil para os parasitas infectarem seus
hospedeiros”, disse Thomas Raffel, da Universidade Oakland, nos Estados
Unidos, baseando-se nas descobertas sobre rãs e um fungo de pele que às
vezes pode ser mortal.
“Achamos que isso pode exacerbar os
efeitos de alguma doença”, ele disse sobre o relatório que liderou com
colegas na Universidade de South Florida. O relatório "Disease and
thermal acclimation in a more variable and unpredictable climate" foi
publicado na edição do dia 12 de agosto da revista Nature Climate
Change.
Um painel de especialistas da ONU diz que o aquecimento
global deve aumentar o sofrimento humano com mais ondas de calor,
enchentes, tempestades, incêndios e secas, e ter efeitos como a
disseminação do alcance de certas doenças. E a mudança climática,
atribuída a gases que provocam o efeito estufa liberados por
combustíveis fósseis, também deve significar mais oscilações nas
temperaturas.
“Poucos estudos consideraram os efeitos da
variabilidade ou previsibilidade climática sobre a doença, apesar de ser
provável que hospedeiros e parasitas terão respostas diferentes às
mudanças climáticas”, escreveram.
Os cientistas expuseram rãs cubanas em 80 incubadoras de laboratório a temperaturas variadas e a infecções de um fungo, o Batrachochytrium dendrobatidis, que costuma ser mortal para os anfíbios.
Em
um experimento, as rãs mantidas em uma temperatura de 25 graus Celsius
por quatro semanas sofreram mais infecções quando foram transferidas
para incubadoras a 15 graus e expostas ao fungo do que as que estavam
acostumadas a viver a 15 graus. “Se você muda a temperatura, a rã está
mais suscetível à infecção do que uma que já estava adaptada àquela
temperatura”, disse Raffel.
Em outro teste, as rãs que foram
expostas a variações previsíveis da temperatura diária, entre 15 graus e
25 graus, típicas das mudanças da noite para o dia, saíram-se bem
melhor em resistir ao fungo.
Baseando-se em fatores como tamanho,
expectativa de vida e fatores como seus metabolismos, os cientistas
disseram que as rãs provavelmente levaram 10 vezes mais tempo do que o
fungo para se acostumar a mudanças inesperadas de temperaturas, um
processo conhecido como aclimatação. Raffel disse que mais testes eram
necessários de outros parasitas e hospedeiros para confirmar as
descobertas. “Esse estudo só foi feito em uma única espécie de rã
tropical”, ele disse.
|

|
|
ONU lança iniciativa para a proteção dos oceanos |
|
Existem
tantas ameaças aos oceanos que é muito difícil saber qual deveria ser a
prioridade dos governos e entidades para evitar a deterioração dos
ecossistemas marinhos. Por exemplo, o aumento das temperaturas oceânicas
e da acidificação, causadas pela absorção em excesso de dióxido de
carbono (CO2), são responsáveis pelo branqueamento dos corais, processo
que pode levar a uma extinção marinha em massa.
A
acidificação diminui o PH da água e acarreta uma combinação de
mudanças químicas. Desde o início da revolução industrial, o PH médio
das águas na superfície dos oceanos diminuiu aproximadamente 0,1
unidade, passando de 8,2 a 8,1, elevando assim a acidez. Projeções
feitas por computadores mostram uma redução do PH em 0,2 a 0,3 unidade
adicional até o fim do século.
O Conselho Nacional de Pesquisa
dos Estados Unidos prevê o aumento do nível das águas, em consequência
do aquecimento global, de entre 8 e 23 cm até 2030, na comparação com o
nível do ano 2000, de entre 18 e 48 cm até 2050, e de entre 50 cm e 1,40
m até 2100. A última estimativa está muito acima da projeção do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) no relatório de
2007, que previa uma alta de entre 18 e 59 cm até o fim do século.
A
pesca oceânica industrial da forma como é realizada atualmente também é
um grande problema. Segundo o Banco Mundial, 85% dos cardumes
comerciais estão totalmente explorados, sobreexplorados ou esgotados.
Além
disso, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), a cada quilômetro quadrado de oceano existem 18 mil pedaços
visíveis de plástico flutuando. Algumas dessas “ilhas de lixo” são até
mesmo visíveis em fotos de satélite.
Diante de todos esses
problemas, os oceanos receberam uma atenção especial durante a Rio+20, e
a recomendação de que é urgente o estabelecimento de políticas de
conservação e de uso sustentável da biodiversidade marinha acabou sendo
um dos pontos altos do fraco documento final da conferência.
No
dia 12 de agosto, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
colocou em prática essa recomendação e lançou a iniciativa Pacto para os Oceanos,
que tem como grande objetivo proteger os oceanos de todas as ameaças e
melhorar o estado precário no qual esse ecossistema se encontra.
A
meta da ONU é conseguir que 10% das áreas marítimas e costeiras estejam
sujeitas a medidas de conservação até 2020 e que até 2025 todos os
países tenham fixado objetivos de redução dos vazamentos de poluentes no
mar.
A iniciativa também pede o reforço da luta contra a pesca
ilegal, a reconstituição das reservas e a erradicação das espécies
invasivas.
Nos próximos meses, será formado um comitê com
políticos, cientistas e especialistas, representando tanto o setor
privado quanto a sociedade civil, que criará um plano de ações para
proteger o ecossistema marinho e mitigar o impacto das ações humanas.
O
Pacto para os Oceanos recomendará que todos os países criem medidas
para evitar as piores consequências da elevação do nível do mar, assim
como o estabelecimento de redes de alerta para tsunamis. Além disso, a
iniciativa propõe o esforço de limitar a pesca ilegal e promete
estimular políticas de proteção de cardumes e de controle de espécies
exóticas.
“Nossos oceanos estão se aquecendo e expandindo.
Corremos o risco de mudar irrevogavelmente processos que mal
compreendemos, como as grandes correntes que afetam os padrões
climáticos. A acidificação dos oceanos destrói a base da vida nos mares;
a elevação das águas ameaça mudar o traçado do mapa do mundo à custa de
centenas de milhões de pessoas entre as mais vulneráveis do planeta”,
afirmou Ban Ki-moon, ao inaugurar uma conferência na Coreia do Sul que
comemora o 30º aniversário da assinatura da Convenção das Nações Unidas
sobre direito marítimo.
O secretário-geral aproveitou seu
discurso para também defender a implementação do Tratado de Direito
Marítimo, formulado em 1994, apontado por ele como o mais significante
instrumento legal para o desenvolvimento sustentável dos oceanos. “Os
oceanos são fundamentais para a vida no planeta e precisamos lidar com
as ameaças presentes no aquecimento global, poluição e pesca excessiva”,
concluiu.
Veja aqui uma extensa revisão de artigos sobre a temática dos impactos ambientais nos recursos marinhos.
E clique aqui para acessar o texto da campanha da ONU, em inglês.
|
 |
|
Estratégia Nacional de Conservação da Biodiversidade está sendo finalizada |
|
As
discussões destinadas a construir a Estratégia Nacional de Conservação
da Biodiversidade estão na reta final. O objetivo desse debate é montar
um Plano de Ação Governamental, a partir da contribuição de técnicos do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), de suas entidades vinculadas e do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Em reunião
ocorrida durante no dia 14 de agosto, na Secretaria de Biodiversidade e
Florestas (SBF/MMA), 55 especialistas finalizaram a proposta
governamental.
Um documento com os eixos dos principais problemas
e propondo as soluções mais adequadas à biodiversidade do Brasil será
levado à consideração de representantes de todos os ministérios dia 20
de setembro. "A estratégia brasileira será elaborada a partir do Plano de Ação Governamental para a Conservação da Biodiversidade e dos Diálogos sobre Biodiversidade: construindo uma estratégia brasileira para 2020,
documento este preparado, de comum acordo, por entidades da sociedade
civil organizada e pela iniciativa privada, explica a analista ambiental
da SBF, Lúcia Lopes.
As principais ameaças foram identificadas
durante a oficina de pré-montagem do que os técnicos definem como
"árvore de problemas", realizada nos dias 10, 11, 18 e 21 de maio, em
Brasília, e tiveram por base a pesquisa Causas e consequências da perda da biodiversidade.
O documento foi elaborado pelos consultores do Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (Funbio), Danielle Calandino e Fernando Vasconcelos, a
partir de entrevistas realizadas com gestores públicos de diversos
órgãos do governo federal sobre as causas e consequências da perda da
biodiversidade no Brasil.
Esse processo teve início ainda em 2011
e é uma resposta ao acordo internacional firmado por 193 países durante
a 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade
Biológica, realizada em Nagoia, Japão, e que resultaram nas Metas de
Aichi. São 20 metas globais voltadas à conservação da diversidade
biológica e o Plano de Ação Governamental, enumerando as causas da perda
da biodiversidade destina-se a adequar as Metas de Aichi à realidade
brasileira.
De acordo com Lúcia Lopes, o documento final será uma
composição das propostas do governo brasileiro e das sugestões da
sociedade civil organizada e iniciativa privada contidas nos Diálogos. A
proposta brasileira para a conservação da biodiversidade será
apresentada durante a Convenção das Partes para Conservação da
Diversidade Biológica, a COP-11, que ocorrerá na Índia em meados de
outubro.
|
 |
|
Índice de saúde dos oceanos mostra mau estado das regiões costeiras |
|
Após
dois anos de estudos, uma equipe composta por mais de 65 pesquisadores
dos Estados Unidos e Canadá e vinculados a uma série de instituições
científicas e universidades, incluindo a Conservação Internacional, a
Fundação pela Vida no Oceano Pacífico e a Sociedade National Geographic,
publicou no dia 15 de agosto um um relatório na revista Nature sobre o estado das águas nos mares territoriais do mundo.
O
novo “Índice de Saúde dos Oceanos” oferece uma visão dos oceanos que
combina aspectos humanos e ecológicos. A classificação foi elaborada a
partir do estudo de 171 Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) que se
estendem até 200 milhas náuticas da costa e cuja responsabilidade
corresponde aos países litorâneos. Estas ZEE representam 40% dos oceanos
do mundo, assim como o essencial de seus recursos, suas áreas de lazer e
empregos que o mar fornece. O índice se aplica apenas às águas
territoriais porque é a parte dos oceanos para as quais há mais
informações, e que, portanto, permite este tipo de avaliação.
Em
uma escala de zero a 100, globalmente, as águas dos mares territoriais
receberam uma nota 60, este índice é uma média das notas das águas
territoriais de todos os países. E, não de todo surpreendentemente,
países em desenvolvimento tiveram desempenho pior que os países
desenvolvidos. Segundo o pesquisador Bud Ris, presidente e CEO do
Aquário da Nova Inglaterra, a nota global 60 é um aviso que os oceanos
não estão sendo administrados de forma ótima, e de que há muita
oportunidade para aperfeiçoamento.
No Índice de Saúde dos Oceanos, as notas foram dadas segundo 10 critérios:
1. provisão de alimentos, ou seja, quanto alimento é retirado do oceano, de forma sustentável, por cada país; 2. pescaria artesanal, a oportunidade para a pesca em baixa escala que é crucial em nações em desenvolvimento; 3. produtos
naturais, ou seja, a coleta de produtos vivos mas não alimentares, como
corais, conchas, algas e peixes de aquariofilia, feita de forma
sustentável. Estão fora a prospecção de óleo, gás, ou produtos de
mineração; 4. armazenamento de carbono, que é representado pela
proteção de três habitats principais, os manguezais, gramíneas marinhas e
restingas, que armazenam carbono; 5. proteção da região
costeira, a presença de habitats naturais e barreiras, incluindo
manguezais, recifes de coral, sargaços, salinas e gelo marinho, que
protegem fisicamente estruturas costeiras, como casas, e locais
desabitados, como parques; 6. os meios de subsistência e
economias costeiras, o emprego e renda produzidos a partir da indústria
relacionados aos produtos marinhos, além dos benefícios indiretos de uma
economia costeira estável; 7. o turismo e recreação, o valor
que as pessoas dão ao prazer proporcionado pelas áreas costeiras, não o
benefício econômico que está incluído nas economias costeiras; 8. águas
limpas, ou seja, se a água é livre de vazamentos de óleos, químicos,
crescimentos anormais de algas, patógenos, incluindo os resultantes de
descarga de esgoto, lixo flutuante, mortes em massa de organismos e a
concentração de oxigênio; 9. biodiversidade, ou o risco de extinção enfrentado pelas espécies locais, bem como a saúde de seus habitats; 10. sentido
de lugar, aspectos de como as pessoas consideram o local como parte de
sua identidade, incluindo espécies de animais famosos e lugares com
valores culturais especiais.
A pior nota foi para Serra Leoa, um
país na África banhado pelo Atlântico, que teve nota 36. As águas mais
saudáveis foram da ilha desabitada de Jarvis, uma reserva de vida
selvagem dos Estados Unidos, no Pacífico Sul, com nota 86. Estados
Unidos, Canadá e Reino Unido tiveram as notas 63, 70 e 61,
respectivamente. A Índia teve nota 52, pouco melhor que a China, com
nota 51.
Algumas surpresas também apareceram, como a Polônia,
considerada um país desenvolvido, com a nota 42, e Singapura, também
desenvolvida, com nota 48. No lado das surpresas agradáveis, tem o
Suriname com nota 69, e as Seicheles, com nota 73, ambos considerados
países em desenvolvimento. A Alemanha teve nota 73, a melhor entre
países desenvolvidos.
O Brasil obteve um escore médio de 62,
ficando em 35° lugar na colocação global se forem consideradas no
ranking três ilhas desabitadas dos EUA (incluindo a Ilha de Jarvis),
duas ilhas pertencentes à França (a Ilha de Clipperton, que é
desabitada, e a Polinésia Francesa) e três outros territórios
pertencentes à Grã-Bretanha e Austrália. Se forem contabilizados só os
países, o Brasil sobe para a 27ª posição entre os que têm saúde oceânica
mais alta.
As notas do Brasil por critérios foram as seguintes:
provisão de alimentos: 36; oportunidades para a pescaria artesanal: 88;
produtos naturais: 29; armazenamento de carbono: 93; proteção da região
costeira: 86; meios de subsistência e economias costeiras: 51; turismo e
recreação: 0; sentido de lugar: 81; águas limpas: 76 e biodiversidade:
84.
“O Brasil está bem em alguns pontos de proteção costeira, mas
o índice talvez não esteja capturando um declínio recente na
biodiversidade”, diz a pesquisadora Cristiane Elfes, coautora do estudo,
responsável pelos números brasileiros. Segundo ela, um dos pontos que o
país precisaria melhorar é a maricultura, a criação de peixes e animais
marinhos. “Não estamos explorando a maricultura de forma sustentável”. O
pior resultado brasileiro foi com relação à densidade de turistas nas
áreas costeiras, em que o país recebeu nota zero. A média global, de 10
pontos, não foi muito melhor.
Cristiane ressalta dois pontos
positivos nesta nova metodologia. Primeiro, o estudo considera o ser
humano como parte do ecossistema marinho. “O homem é parte do
ecossistema. Ele pode melhorar ou piorar a situação dos oceanos”. O
outro ponto é que a metodologia pode ser aplicada ano após ano. Assim, é
possível saber em que áreas estamos melhorando e como agir para evitar a
degradação dos oceanos.
Confira aqui o estudo na íntegra.
|
 |
|
A humanidade já esgotou seu ‘orçamento’ ecológico para 2012 |
|
Desde
o dia 22 de agosto, a Humanidade está em déficit. Nos primeiros oito
meses do ano, os seres humanos esgotaram a totalidade dos recursos que a
Terra é capaz de produzir ao longo do ano. Em 22 de agosto, se alcançou
o que a ONG Global Footprint Network (GFN) chama de Global Overshoot
Day, isto é, “o dia da ultrapassagem da Terra" (dia do excesso). Desde
2003, esta ONG mede todos os anos a pegada ecológica do planeta, o
acúmulo dos recursos e a forma como os consumimos.
A capacidade
de regeneração anual do planeta é limitada. Diante disso, a capacidade
de consumo do ser humano parece ilimitada e o planeta não é suficiente
para cumprir com as exigências que a Humanidade lhe impõe. Desde a
década de 1970, os seres humanos vivem muito acima dos seus meios. O
relatório da GFN mostra um aceleramento constante do esgotamento dos
recursos. Em 2012, o Global Overshoot Day foi atingido 36 dias antes que
em 2011. A curva para baixo é constante. Os cálculos desta ONG se
baseiam em dados científicos que se articulam em torno de uma medida, o
hag, o hectare global mediante o qual se compara a biocapacidade do
planeta com o consumo de cada país. O resultado dos estudos é
catastrófico: para manter o nível de vida atual falta meio planeta
suplementar.
Os quatro meses que restam serão vividos então a
crédito. Os recursos que serão utilizados daqui até o final do ano
correspondem a estoques que não se renovam. “A hora do balanço chegou”,
disse a Global Footprint Network em seu relatório. Este ano, a ONG
ampliou os seus cálculos para os últimos 50 anos. Entre os anos 1960 e
agora, os recursos planetários foram divididos em dois, ao passo que as
necessidades cresceram para níveis extraordinários, a ponto de que se
consome 50% do que a Terra é capaz de produzir.
A pressão que os 7
bilhões de seres humanos exercem tornou-se desproporcional. Os
principais responsáveis pelo déficit são as emissões de dióxido de
carbono e a exploração dos recursos naturais. “A mudança climática como
consequência dos gases de efeito estufa que se emitem mais rápido do que
podem ser absorvidos por florestas e oceanos é a consequência mais
tangível e urgente”, anota a ONG. Mas não é tudo. A isso se agregam “a
diminuição das florestas, a perda das espécies, o colapso da pesca, o
aumento dos preços dos produtos básicos e os distúrbios civis”. O quadro
acaba com uma conclusão: “As crises ambientais e financeiras que
estamos experimentando são os sintomas de uma iminente catástrofe. A
Humanidade está simplesmente usando mais do que o planeta pode prover”.
Nem
todos os países têm a mesma responsabilidade no desastre. Segundo a
Global Footprint Network, os Estados Unidos e o Brasil são os primeiros a
atingirem o dia do excesso, 26 de março e 6 de julho, respectivamente.
Se todo o planeta necessitasse dos recursos que estes dois países
consomem faltariam respectivamente 4,16 e 1,9 planetas para satisfazer a
demanda. A exigência aumentaria para mais de seis planetas se
vivêssemos como o Qatar. Ao contrário, se todos os seres humanos
vivessem como a Índia, bastaria 49% dos recursos naturais do planeta.
Em
2008, a pegada ecológica da Humanidade correspondia a 2,7 hag por
habitante para uma capacidade real de 1,8 hag. Dos 149 países estudados,
60 são responsáveis pela dívida ecológica. O Ocidente tem uma
influência decisiva na deterioração do planeta. Em um país como a França
as necessidades ultrapassam 70% dos recursos presentes. A Argentina tem
uma biocapacidade de 8 hag e sua pegada ecológica chega a 2,8 hag. Nos
anos 1960, a Argentina contava com quase 14 hag e com uma pegada
ecológica de 4. O Relatório 2012 revela que entre 1970 e 2008, a
biodiversidade planetária caiu 30%. Segundo a GFN, cada ano desaparecem
0,01% das espécies. O fundador da ONG, Mathis Wackernagel, recorda que
“o déficit ecológico aumenta de maneira exponencial nos últimos 50
anos”.
Por paradoxal que possa parecer, há uma solução que não é
um milagre, mas o próprio desastre. O responsável da ONG ressalta que,
“no longo prazo, a recuperação só poderá ter sucesso se vier acompanhada
de reduções sistemáticas da nossa demanda de recursos e serviços aos
ecossistemas”. Caso isso não ocorrer, o desastre se encarregará de
fazê-lo por nós. Mathis Wackernagel estima que a tendência para o
megaconsumo dos recursos “mudará um dia de direção. Seja pelo impulso de
decisões, seja pelo desastre”.
A questão do uso excessivo dos
recursos tem, além disso, impactos econômicos muito fortes. A Global
Footprint Network recorda que “uma vez que o déficit de recursos aumenta
e os preços desses recursos são altos, o custo para os países será
insuportável”. Boa parte da Humanidade vive de crédito financeiro.
Entramos em outra etapa: o crédito ecológico.
Clique aqui para mais informações sobre o tema, em inglês.
|
|
|
| | |
|
|
|
| | |