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GENÉTICA
Pesquisadores iniciam análise do DNA do peixe-boi marinho

A coleta de tecido dos animais começou ontem no Centro Mamíferos Aquáticos, em Itamaracá

 Um convênio entre o Centro Mamíferos Aquáticos (CMA/Ibama), em Itamaracá, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está possibilitando o estudo do DNA do peixe-boi marinho (Trichechus manatus). O DNA é o ácido desoxiribonucléico, molécula responsável pela transmissão das características físicas e químicas nos seres vivos. O estudo determinará as diferenças genéticas entre esses animais nas diferentes regiões onde eles ocorrem. “Quanto maior a variabilidade genética do peixe-boi, menos ele estará susceptível a doenças ou a problemas decorrentes de variações climáticas”, explica a pesquisadora da UFMG e estudante de Biologia Juliana Vianna.

 A pesquisa teve início há dois dias. Até ontem, quatro dos 12 peixes-boi do CMA/Ibama tiveram amostras do tecido recolhidas. Pode-se colher material para exame de DNA através de sangue, cabelo ou qualquer outro tecido. O processo nos peixes-boi é feito a partir da retirada de uma pequena parte da cauda, de aproximadamente dois centímetros, realizada com um alicate de corte australiano (com a ponta triangular).

 São necessários oito homens para realizar a tarefa, dentro de um tanque com pouca água. Eles cobrem o peixe-boi com colchões molhados, imobilizando-os, a fim de garantir a coleta do material para análise do DNA. “Tentamos ser os mais rápidos possíveis. Depois aplicamos antibiótico no local onde o tecido foi extraído para garantir a cicatrização e evitar infecção”, explica o veterinário do CMA/Ibama Milton Marcondes.

 O material para identificação do DNA do peixe-boi é conservado em álcool a 70% e, até o final deste semestre, será copiado várias vezes e seqüenciado no Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular da UFMG, sob a supervisão do professor Fabrício Santos.

 Outra proposta da pesquisa é identificar se existem subpopulações ao longo da costa, ou seja, indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente isolados. “Esse estudo do DNA também ajudará a definir melhores estratégias para manejo e conservação, além de determinar as áreas mais indicadas geneticamente para reintrodução dos animais”, argumenta Juliana Vianna.

 O estudo, que tem apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, vai durar um ano. Em outra etapa, os pesquisadores pretendem coletar e seqüenciar o DNA do peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis). “Posteriormente tentaremos verificar se existem híbridos, que são resultados dos cruzamentos do peixe-boi marinho e do amazônico”, explica a pesquisadora da UFMG.

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Jornal do Commercio
Recife - 15.02.2001
Quinta-feira