O sobe e desce da vida:

    fazendo um mapa das Extinções em Massa


Extinção é um processo constante, exigindo uma adaptação contínua das espécies mesmo na melhor das épocas. Os biólogos acreditam que este é um dispositivo que abre continuamente os nichos para espécies novas, abastecendo desse modo o motor da seleção natural e do crescimento da diversidade biológica, que sempre cresceu, mesmo que não continuamente,  desde a primeira explosão de vida animal no Cambriano, há 540 milhões de anos.

O gráfico abaixo demonstra uma linha que ilustra os níveis de mudança da diversidade, medidos por fósseis dos organismos marinhos classificados por famílias. O registro fóssil mostra cinco eventos principais de extinção em massa, não contando a extinção maciça atual causada pela atividade humana (a qual alguns cientistas acreditam que será a mais severa de todas). Durante estas extinções, Famílias ou mesmo Ordens inteiras de organismos foram eliminados, redirecionando radicalmente o curso da evolução. A espécie humana evoluiu dentro da ordem dos mamíferos, por exemplo, mas se os dinosauros não fossem eliminados na grande extinção do Cretáceo, provavelmente não estaríamos aqui.

Outros vão mais além: o Dr. Dale Russell, um paleontologista do Museu Nacional de Ciências Naturais de Ottawa (Canadá), especulou que um dinossauro em particular, Stenonychosaurus, que tinha um cérebro grande, andar bípede e polegares, além de uma visão binocular, poderia ter se transformado em um ancestral evolucionário de criaturas que utilizassem a inteligência próximo à nossa espécie. Esta é uma idéia que nunca poderá ser testada e não faz muito sentido evolutivo já que não há nada que indique que exista uma tendência ao aparecimento de espécies inteligentes como o ápice da Evolução.

As explicações para estas extinções em massa são quase tão numerosas (e opostas) quanto os cientistas que especulam sobre elas.

A mais famosa das extinções em massa é a mais recente: a do fim do período Cretáceo (5 da fig.1), quando os dinossauros se extinguiram (com exceção, tal como muitos cientistas sugerem, alguns dinossauros que evoluíram em pássaros). A extinção do Cretáceo, mais do que qualquer outra, tem gerado uma grande controvérsia.

Muitos cientistas afirmam que esta teria sido causada pelos efeitos atmosféricos de um impacto por asteróide -- possivelmente este teria criado uma enorme cratera submarina na costa de Yucatan, no México. Mas outras explicações propostas para o desaparecimento dos dinossauros incluem a perda do hábitat, competição com mamíferos, mudança do clima, a propagação de doenças, um evento vulcânico maciço na Índia levando a um inverno vulcânico que durou meses ou anos, queda periódica de poeira cósmica, propagação das angiospermas e muitas outras possibilidades.

A extinção no Permiano de 250 milhões de anos atrás é especialmente intrigante, em parte porque de longe esta foi a pior na história da terra: estimativas sugerem que até 95 % de todas espécies vivas antes do evento de extinção (incluindo todos trilobitas e muito outros grupos animais) desapareceram. Uma mudança na composição da atmosfera da terra, vulcões na Sibéria e outras causas foram sugeridas, mas ninguém sabe ao certo.

 
Figura 1 - Gráfico mostrando a linha de riqueza de famílias de metazoários

Timeline Graphic

600 milhões de anos atrás
Após as Algas
A explosão do Cambriano foi "a grande explosão" da vida animal. Foi quando o oxigênio atmosférico aproximou-se aos níveis atuais e surge uma enorme diversidade dentro de alguns poucos milhões de anos.

1. 435 milhões de anos atrás
ORDOVICIANO
Logo depois que as primeiras plantas terrestres apareceram, o primeiro evento principal de extinção eliminou muitos tipos de trilobitas e outras formas de vida invertebrada marinha.

2. 345 milhões de anos atrás
DEVONIANO
Após o aparecimento dos primeiros insetos sem asa, dos peixes com armadura (Pteraspideos) e dos anfíbios (Icthyostega), uma onda de extinção eliminou muitos invertebrados, corais e placodermos marinhos (peixes primitivos).

3. 250 milhões de anos atrás
PERMIANO
Répteis, como o Dimetrodon (que não é um dinossauro), transformaram-se nos animais terrestres dominantes, mas antes, a extinção mais severa causou o desaparecimento de grupos inteiros de animais, incluindo trilobitas e alguns répteis semelhantes a mamíferos.

4. 195 milhões de anos atrás
TRIÁSSICO
Enquanto a vida se recuperava, répteis floresceram e os primeiros dinossauros apareceram. Uma onda de extinções eliminou muitos tipos de dinossauros "arcaicos", deixando lugar para os gigantes do Jurássico, como os Braquiossauros.

5. 65 milhões de anos atrás
CRETÁCEO
Tubarões, tais como aqueles que vivem até hoje, sobreviveram à extinção muitas vezes atribuída a um impacto de asteróide, mas dinossauros (à exceção dos possíveis ancestrais das Aves), répteis marinhos e voadores, não.

6. Hoje
HOLOCENO
No último milésimo de segundo do tempo geológico em que a humanidade andou pela terra, as taxas da extinção começaram a elevar-se em torno de 100 vezes ou mais do que era antes de 10 mil anos, quando o homem se organizou em cidades e aumentou sua população.
Para muitos cientistas, a questão é a seguinte: se a população de seres humanos duplicar neste século (uma estimativa subestimada), haverá lugar para mais quantas outras espécies?



Adaptado e atualizado de um artigo de MALCOM W. BROWNE
Fabrício R. Santos