VIDA NA ERA PALEOZÓICA
Francisco A. Coutinho
A EXPLOSÃO CAMBRIANA (543-500
milhões de anos)
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Poucos representantes dos filos animais
modernos (e.g. Cnidária e, possivelmente Annelida, Arthropoda e
Echinodermata) são conhecidos do final do Pré-cambriano.
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Há 530 milhões, a maioria
dos filos e classe dos animais marinhos com esqueletos, tanto quanto muitos
grupos que representam filos e classes extintos, rapidamente apareceram
no registro fóssil.
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Estudos geológicos atuais indicam
que essa "explosão cambriana" pode ter ocorrido dentro de uma faixa
de tempo de 30, ou talvez 5 a 10, milhões de anos.
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Esse intervalo marca o aparecimento
dos braquiópodes, trilobitas e outras classes de artrópodes,
moluscos, equinodermos e muitos outros.
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Muitos animais peculiares desse período
representam filos extintos (Cf. revisão sobre a fauna de Burgess
Shale de Whittington 1985, e o livro de Gould, 1990).
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Os mais bem conhecidos desses animais
incluem aqueles da bem preservada fauna de Burgess Shale (Colúmbia
Britânica). (Exemplos nas Figuras 1,2,3 e 4).
Figura 1. Opabinia (Filo)

Figura 2. Wiwaxia (Filo)

Figura 3. Anomalocaris (Filo)

Figura 4. Pikaia – um Cordado
não vertebrado
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A extraordinariamente rápida
diversificação taxonômica do cambriano é um
dos mais extraordinários eventos na história evolutiva.
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Mais de 35 filos de metazoários
apareceram no registro fóssil do cambriano.
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No cambriano, parecem os primeiros corpos
segumentado, conchas, esqueletos externos e notocorda.
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Alguns pesquisadores argumentam que
esse fato foi precedido por uma longa evolução que deixou
poucos traços no registro fóssil.
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A maioria, no entanto, acredita que
os filos se diversificaram rapidamente depois de uma origem ancestral no
final Pré-cambriano.
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Essa rápida diversificação
talvez tenha sido estimulada por mudanças ambientais tais como o
aumento da disponibilidade de O2 e carbonato de cálcio.
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Existem evidências (Bengtson and
Zhao, 1992) de que pressões seletivas causadas por predadores favoreceram
a mineração de conchas, aumento de tamanho corporal, e novos
modos de locomoção.
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O final do cambriano (há 500
milhões de anos) foi marcado por uma extinção em massa.
(Glaciação e depleção dos níveis de
O2 na água)
Figura 5. Uma árvore evolutiva
hipotética refletindo uma visão da história da vida
sugerida pela reinterpretação da fauna de Burgess. O desaparecimento
da maior parte dos grupos, em decorrência de extinções,
deixa grandes lacunas morfológicas entre os sobreviventes. A linha
tracejada representa a época de Burgess Shale, quando a disparidade
estava próxima de seu nível máximo (Cf. Gould, 1990).
ORDOVICIANO (500-439 milhões
de anos)
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Após a extinção
em massa do Cambriano, muitos filos se diversificaram no Ordoviciano (dando
surgimento a muitas novas classes e ordens).
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A fauna Ordoviciana possuía características
bem diferentes da predominante no Cambriano.
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Entre os grupos do Ordoviciano, existiram
mais 21 classes de equinodermos, tendo a maioria desaparecido no final.
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Novos grupos apareceram entre os trilobitas,
braquiópodes, briozoários, gastropodos e bivalvos.
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Primeiros vertebrados conhecidos (Agnatha).
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No final do Ordoviciano, existiam mais
de 400 famílias de animais marinhos.
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Uma extinção em massa
fechou o período Ordoviciano. (Glassiação de Gondwana
e baixa dos níveis oceânicos)
SILURIANO (438-408 milhões
de anos)
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A diversidade biológica aumentou
mais uma vez.
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Diversificação dos agnatas
e aparecimento de uma nova classe de vertebrados, os placodermas (que tinham
mandíbulas e, em alguns casos, estruturas com a forma de nadadeiras).
DEVONIANO (408-360 milhões
de anos)
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Período de grande radiação
adaptativa de corais e trilobritas e emergência dos Amonoidea (cefalópodes
semelhantes a lulas revestidos com conchas).
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Agnatas e placodermas atingiram o pico
de sua diversificação.
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Apenas alguns placodermas sobreviveram
à passagem para o do Devoniano para o Permiano e o registro fossilífero
dos agnatas cessa no final do Devoniano. (Entre os organismos atuais, os
agnatas são representados pelas lampreias e enguias).
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No Devoniano, a "Idade dos Peixes",
surgem os tubarões (Classe Chondrichthyes), apesar de serem bastante
diferentes dos tubarões atuais, os quais, junto com as arraias,
surgiram durante uma radiação ocorrida no Jurássico
e Cretáceo.

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Supõe-se que o esqueleto cartilaginoso
dos Chondrichthyes seja derivado do esqueleto ósseo de seus ancestrais,
os placodermas.
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Os ancestrais dos verdadeiros peixes
ósseos, os Osteichtyes, são desconhecidos.
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Do Ordoviciano ao Devoniano, a vida
marinha aumentou não somente em número de taxa, mas em diversidade
de modos de vida.
DEVONIANO – VIDA NA TERRA.

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Os primeiros representantes animais
da vida na terra foram os artrópodes.
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Os anfíbios apareceram nesse
tempo, provavelmente de crossopterígeos. Ichthyostega (Figs. 10
e 11), do final do Devoniano, tinha membros totalmente formados, mas seu
crâneo era muito semelhante ao dos crossopterígeos.

CARBONÍFERO E PERMIANO
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Carbonífero (360-286 milhões
de anos).
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extensas florestas dominadas por samambaias,
pteridospermas e licófitas de porte arbóreo e esfenófitas.
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Profusão de ordens primitivas
de insetos, incluindo Orthoptera, Blattaria (baratas), Ephemerida, Homóptera
(cigarras) e um grupo de ordens "paleópteras" primitivas que não
sobreviveram após o Paleozóico.
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Os anfíbios, muitos dos quais
enormes (mais de 4 metros), sofreram uma radiação adaptativa
que continuou através do Permiano, porém sua grande maioria
se extinguiu no final daquele período.
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Os primeiros répteis, os protorotirídeos,
evoluíram de um antigo estoque de anfíbios, os diadectiamorfos.
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Permiano (286-248 milhões de
anos)
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Primeiros fósseis da maioria
das ordens de insetos que não havia sido encontrada no Carbonífero:
os extintos Protodonata (libélulas gigantes), os Odonatas, Plecoptera,
Hemiptera, Neuroptera (formigas-leão), Mecoptera, Trichoptera, Coleóptera
e Díptera.
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Uma variedade de grupos de répteis
evoluiu a partir dos protorotirídeos, incluindo os pelicossauros
(Dimetrodon).
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Aparecimento dos Terapsídeos,
répteis com características de esqueleto dos mamíferos.
Figura 13. Um representante da subordem
Cinodonta, répteis com características dos mamíferos.
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Tempo da radiação dos
peixes ósseos condrósteos e evolução dos Holostei
(representados hoje pelo âmia e pelo peixe-agulha).
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No final do Permiano, ocorre a maior
extinção em massa até então sofrida pelos seres
vivos. Estima-se que até 95% de todas as espécies vivas antes
do evento de extinção desapareceram.
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Curiosamente, ocorrem extinções
de menor importância entre os peixes ou na vida terrestre.
A VIDA NA ERA MESOZÓICA
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O Continente global Pangeia começou
a se separar em continentes isolados, tendo como conseqüência
a provincialização da biota mundial.
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O isolamento crescente entre as massas
de terra favoreceu o desenvolvimento de biotas regionais independentes.
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No reino marinho, a diversidade aumentou
rapidamente à medida que os sobreviventes da grande extinção
Permiana se radiaram, preenchendo nichos ecológicos que se tornaram
vagos.
TRIÁSSICO (248-213 milhões
de anos)
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Aparecimento e proliferação
dos corais modernos.
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Aumento da diversidade de numerosos
grupos invertebrados, tais como bivalves.
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Aquisição de novos modos
de vida de alguns grupos de invertebrados. (Ex.: bivalvos e ouriços-do-mar
que, no Paleozóico, haviam sido em sua maioria habitantes da superfície,
no Triassico tornam-se escavadores)
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Predominância das Gmnospermas
e pteridospermas sobre as licófitas e esfenófitas.
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Primeiros fósseis de Lepidóptera
e Hymenoptera.
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Radiação espetacular dos
répteis (Mesozóico: "Idade dos Répteis").
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Tais répteis incluíam
as tartarugas, os ictiossauros marinhos e plesiossauros; e os arcossauros.
Figura 14. Ictiossauros
Figura 15. Arcossauro
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Aparecimento da ordem Saurischia que,
no triássico, eram pequenos (menos de 1 metro de comprimento), mas
que, no final do Cretáceio, mediam mais de 15 metros (Tyrannosaurus).
Figura 16. Tyrannosaurus
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No final do Triássico, alguns
terapsídeos aproximaram-se tanto da condição de mamíferos
que alguns deles são considerados como primeiros mamíferos.
JURÁSSICO (213-144 milhões
de anos)
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Início de uma extinção
massiva que eliminou a maioria dos amonites e muitos outros invertebrados
marinhos.
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Muitos invertebrados aumentaram sua
diversidade morfológica, adquirindo conchas resistentes que provavelmente
serviram como proteção mais eficiente contra predadores.
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Um novo grupo de peixes ósseos,
os teleósteos, evoluíram de ancestrais holósteos e
iniciaram uma enorme radiação adaptativa.
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Extinção de anfíbios
que haviam prevalecido até então. Aparecimento dos sapos
e salamandras.
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Primeiros lagartos.
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Os tecodontes deram origem a uma radiação
adaptativa de pterossauros.
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Archaeopteryx lithographica, do Jurássico
Médio, é a primeira ave conhecida.
Figura 17. Archaeopteryx
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No final do período, diversos
grupos de mamíferos arcaicos haviam surgido.
CRETÁCEO (144-65 milhões
de anos)
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Evolução dos tubarões
modernos e arraias.
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Extinção dos dinossauros
no final do período.
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Aparecimento das primeiras serpentes.
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Poucos pássaros deste período
conservam dentes (Ex. Hesperornis).
Figura 18. Hesperornis
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No final do período aparecem
as primeiras aves que podem ser atribuídas a ordens modernas, como
a ordem dos pelicanos.
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Os mamíferos incluíam
os térios (antepassados dos Methatheria e dos Eutheria).
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Methatheria e Eutheria tornam-se distintos.
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Evolução das Angiospermas.
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A diversificação das angiospermas,
no Cretáceo, coincide com um aumento pronunciado na diversidade
dos grupos de insetos cuja ecologia está intimamente relacionada
à dessas plantas (Lepdoptera, Hymenoptera e Díptera).
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O final do Cretáceo foi marcado
por um grande rebaixamento do nível do mar e pela segunda extinção
massiva na história da vida.
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Desaparecimento dos amonites e dinossauros,
declínio dos bivalves.
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No ambiente terrestre, todos os vertebrados
com peso acima de 25 quilos parecem ter caminhado para extinção.
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A extinção em massa foi
mais acentuada entre o plâncton marinho e invertebrados bentônicos.
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Causa da extinção em massa:
a queda de um cometa?
VIDA NA ERA CENOZÓICA
TERCIÁRIO (65 – 2,0 milhões
de anos)
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Diversificação das angiospermas,
que passam a dominar a maioria das florestas do globo.
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Formigas surgem a partir das vespas
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Diferenciação de famílias
modernas de vertebrados.
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Aparecimento e extinção
de várias famílias de vertebrados.
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Pelo menos 24 gêneros de proboscídeos
são reconhecidos, nesse período. Entre os úlitmos
representantes estavam o Mastodon e o mammuthus (mamutes); apenas duas
espécies de proboscídeos, em dois gêneros, sobrevivem
no presente.
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O estoque insetívoro deu origem
aos Carnívora e Primates.
QUARTENÁRIO (2,0 milhões
de anos atrás até o presente)
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Com exceção de alguns
gêneros que se tornaram extintos sem descentes, a biota apresenta
formas muito similares à Recente.
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A principal característica foi
o esfriamento drástico e a flutuação climática.
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A distribuição das espécies
de plantas e animais deslocou-se rumo aos trópicos. Por exemplo,
a Inglaterra tinha elefantes, hipopótomos e leões.
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Curiosamente, as flutuações
climáticas violentas parecem ter provocado um efeito bastante pequeno
na taxa de evolução ou na taxa de extinção.
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Evolução Humana. Aparecimento
da consciência e da linguagem simbólica.
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Conclusão – Discussão:
não existe algo como "o mais evoluído".