Os Tentilhões das Galápagos

As várias espécies reconhecidas de tentilhões demonstraram o poder do método hipotético-dedutivo de Darwin, que baseando-se em anotações detalhadas da morfologia, hábitat e comportamento destes pássaros, representam um dos argumentos mais aceitos em seu livro sobre a origem das espécies. Diferente do estudo com as tartarugas, as quais eram subespécies e não espécies distintas, os tentilhões demonstraram uma extrema diversificação entre e dentro das ilhas, que proporcionou a Darwin a ligação entre o processo de especiação e a seleção natural, representada aqui pelas diferenças de alimentação e hábitat ocupado por cada espécie.

As hipóteses e deduções de Darwin com os tentilhões

O postulado: todas as espécies de tentilhões no arquipélago se derivam da mesma espécie original.

A observação: apesar de sua semelhança forte, cada espécie de tentilhão tem uma forma altamente característica do bico.

Os fatores evolutivos: isolamento geográfico, ambiente ecológico, competição.

O isolamento geográfico impede a migração e fluxo de genes com a espécie original e com aquelas de outras ilhas, favorecendo a estabilização de características genéticas peculiares em cada ilha.

Os ambientes ecológicos diferentes, dentro da mesma ilha, conduzem a especializações nutricionais caracterizadas pelas diferenças no bico entre as diferentes espécies de tentilhões. Além disso, mostrou-se que para melhorar o alcance dos cantos de acasalamento, aqueles tentilhões que vivem nas zonas de vegetação densa tem canto diferente daqueles que vivem nas áreas de vegetação esparsa. Este fenômeno aumenta a probabilidade de encontrar um par o qual seja parte do mesmo milieu (ambiente): daí se dá a estabilização das características genéticas específicas ao ambiente ecológico.

A competição, que é particularmente severa durante períodos secos por causa da escassez do alimento, favorece aqueles indivíduos mais bem adaptados ao seu ambiente. Porque estes têm uma possibilidade maior de sobrevivência e portanto de se reproduzir, suas características genéticas particulares tendem a ser passadas para as gerações seguintes.
 

14 espécies de tentilhões distribuídas em 4 grupos:

Tentilhões da terra                (T)
--Geospiza scandens
--Geospiza conirostris
--Geospiza fuliginosa
--Geospiza fortis
--Geospiza magnirostris
--Geospiza difficilis
Tentilhões das árvores        (A)
--Camarynchus parvulus
--Camarynchus pauper
--Camarynchus psittacula
--Cactospiza pallidus
--Cactospiza heliobates
Tentilhão vegetariano            (V)
--Platyspiza cassirostris
Tentilhão cantor                   (C)
--Certhidea olivacea
Tentilhão das Ilhas Coco        (P)
--Pinaroloxias inornata

Figuras (veja também esquema com classificação das espécies clicando aqui)

Formato do bico

Há 13 espécies de tentilhões nas Galápagos, 14 se for incluído também o  tentilhão da Ilha dos Côcos que é uma espécie relacionada. Cada espécie tem uma forma altamente característica do bico. Darwin focalizou seu estudo na ligação entre a forma do bico e o alimento e hábitat de cada espécie. Esta pesquisa detalhada resultou na teoria da evolução e os 14 tentilhões transformaram-se em "estrelas" de sua teoria.
Veja figura abaixo e outros detalhes da classificação dos tentilhões de acordo com o formato dos bicos.

Reprodução

Esta característica não difere de uma espécie a outra. A fêmea coloca 2 a 4 ovos que chocam após 2 semanas de incubação. Os machos cuidam dos jovens por duas semanas após a fêmea deixar o ninho. Durante este tempo, se as circunstâncias ambientais permitem, as fêmeas acasalam-se com outro macho.

Árvore Filogenética

Darwin propôs uma história evolutiva explicando a origem das várias espécies de tentilhões a partir de um ancestral  vindo da América do Sul. Veja a proposta da diversificação adaptativa dos tentilhões atualmente aceita, na figura abaixo: