DARWIN NO BRASIL

 EVOLUÇÃO

Fabiana Alves
Fábio Oliveira
José Alexandre
Juliana França




 

"Dou graças a Deus e espero nunca mais visitar um país de escravos..."

CHARLES DARWIN


1 - INTRODUÇÃO

Charles Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809 na cidade de Shrewshury na Inglaterra. Foi o quinto filho de uma família rica e sofisticada. Era neto de médico e filho de aristocrata.

Na infância, Darwin era uma criança carente e solitária, passava a maior parte do tempo colecionando objetos: conchas, selos, ovos de passarinho, minerais... Para Darwin aqueles objetos eram considerados troféus. Charles também passava grande parte do seu tempo ajudando seu irmão mais velho, Erasmus, que trabalhava com plantas. Desde muito cedo interessou por esse tipo de literatura.

Na adolescência, aos treze anos, passava muito tempo como assistente de Erasmus no laboratório de química que possuíam num galpão de sua casa.

Aos dezesseis anos foi mandado para a Universidade de Edinburgh estudar medicina, mas para a tristeza de seu pai, abandonou o curso em 1827. Logo depois começou estudar, por conta própria, história natural. Seu pai ficou preocupado em ver seu filho nesta situação e no mesmo ano foi mandado para a Universidade de Cambridge para estudar artes e posteriormente se tornar cavalheiro (à serviço de Deus). Em Cambridge conheceu duas pessoas: o geólogo Adam Sedgwick e o naturalista John Stevens Henslow. Seu amigo geólogo ensinou fazer uma analise de rochas, solos dentre outras coisas, e Henslow lhe ensinou a ser um observador meticuloso e cuidadoso em relação aos fenômenos naturais e a ser um colecionador de espécimes. Depois de formado , no ano de 1831, Darwin foi enviado a bordo de um navio inglês de investigação, o HMS Beagle, que partiu da Inglaterra com o objetivo de descrever a cartografia do mundo e os recursos naturais que poderiam ser aproveitados para posterior exploração, principalmente comercial. A jornada de Darwin a bordo do Beagle lhe deu a oportunidade de observar as diversas formações geológicas em diferentes continentes e ilhas ao longo do caminho, obtendo uma ampla variedade de fósseis e organismos vivos.

Naquela época, a maioria dos geólogos acreditava na teoria da catástrofe, na qual a terra teria experimentado uma sucessão de criaçõesde vida animal e vegetal, e que cadacriação havia sido fruto de uma catástrofe repentina. De acordo com essa teoria, a catástrofe mais recente foi o dilúvio universal, eliminou toda a vida exceto aquelas que se salvaram na arca de Noé. O resto estava visível somente como fósseis. Deste ponto de vista, as espécies foram criadas individualmente e imutáveis.

O ponto de vista dos catastrofistas, foi questionado pelo geólogo inglês Charles Lyell sobre os Princípios de Geologia (1830-33). Lyell sustentava que a superfície da terra estava sofrendo mudanças constantes, como resultado das forças naturais que operavam uniformemente durante longos períodos de tempo. As implicações biológicas da teoria de Lyell para Darwin eram bem evidentes: se a Terra tinha um história longa e contínua, e se a explicação dos eventos legíveis no registro geológico não demanda forças outras, além de fatores físicos, não teriam os organismos vivos uma história semelhante?

Charles Darwin explicou a evolução em seu livro "A Origem das Espécies" publicado em 1858. Vários fatores influenciaram Darwin a propor a sua teoria, como a viagem ao redor do Mundo, onde pôde observar a grande variabilidade de espécies, dando-lhe uma visão diferente da natureza e sugerindo-lhe idéias básicas sobre a evolução.

2 - A VIAGEM DO BEAGLE

27 de dezembro de 1831: saída de Devonport com o objetivo de vistoriar a Patagônia e a Terra do Fogo, explorar a costa do Chile, Peru e algumas ilhas do Pacífico e estabelecer uma cadeia de medições cronométricas ao redor do mundo.

06 de Janeiro: chegada a Tenerife – impedido de desembarcar pelo receio de contrair cólera.

16 de Janeiro de 1832: chegada a Porto Praia, em São Tiago, ilha principal do arquipélago de Cabo Verde.

16 de Fevereiro : avistam a uma pequena distância os rochedos de São Paulo ao atravessarem o Atlântico.

2.1 - Chegada ao Brasil

2.1.1 - Fernando de Noronha

20 de Fevereiro : Fernando de Noronha

Permaneceu por poucas horas, observando que a ilha era de constituição vulcânica, não de data recente, notou uma colina de forma cônica elevando 310 m de altura, com cume escarpado, e um lado projetadofora da base. A rocha monolética divide-se em colunas irregulares, teve a impressão de que ela teria sido propelida bruscamente para cima num estado semi-fluido

2.1.2 - Bahia

29 Fevereiro: Bahia ou São Salvador

Pela 1ª vez se viu com a natureza no seio de uma floresta brasileira. Observou a diversidade da flora e da fauna num primeiro contato. Surpreendido por uma forte chuva concluiu que o verdor do solo é atribuído à chuva pois se as pancadas fossem como nos climas frios, a maior parte da água seria absorvida ou evaporada antes de chegar ao chão.

Ao longo de toda costa brasileira ( 2000 milhas ) onde quer que se encontre uma rocha sólida é de formação granítica. Levou em conta a opinião de geólogos que a área é constituída de materiais que acreditam ter se cristalizado quando submetidos ao calor da pressão.

Teria esse efeito sido produzido nas profundezas de um insondável oceano?

Teria sido o caso de um extrato primitivo que cobrisse a região e fosse subsequentemente removido ?

Alguma força poderia ter atuado conseguindo desnudar o granito ?

Observando um riacho que deságua no mar levantou discussão, relacionando com trabalho de Flumbolott sobre as diferentes colocações das superfícies das rochas.

Observou os hábitos de um peixe (Diodan antenatus) sua respiração, a absorção de água se baseando em sucção, a movimentação, e mecanismos de defesa, é capaz expelir uma secreção que não se sabe a natureza e utilidade.O animal era capaz de matar um tubarão quando engolido.

18 de março : Parte da Bahia – observou pelo caminho a presença de Trichadesmium erythracum, encontrada também sobre grandes áreas do Mar Vermelho e que produzia uma colocação vermelha pardacenta sobre a água.

Começou a fazer levantamentos sobre a coloração das águas e pensar no número incalculável de animais microscópicos existentes. Pôde ver na costa do Brasil uma delgada película oleosa refletindo cores à flor da água, que os marinheiros atribuíam a matérias em decomposição. Levantou duas circunstâncias:

Que maneira os corpúsculos que formam faixas com margens tão nítidas se conservam em contiguidade?

Que causa pode influenciar na maior ou menor extensão das faixas ?

Levanta a hipótese dos corpúsculos serem gerados em certos lugares favoráveis e dali removidos pela ação do vento e da água, mas:

De onde teriam procedido os corpúsculos paternos seforam espalhados aleatoriamente?

2.1.3 - Rio de Janeiro

4 de abril a 5 de julho: Aceitou o convite para se hospedar em uma fazenda de um amigo em Cabo Frio.

8 de abril: Praia Grande (Niterói) e Baía de Guanabara. Observou a mata, clima quente, relevo, etc.

9 de abril: Passou por planície arenosa e estreita admirando aves (garças e graús) e plantas como orquídeas. Passou por um lugar onde a água do mar uma vez por ano invadia o lago e pensou quantas observações poderiam ser feitas nesse local. Abandonou a costa e penetrou na floresta observando árvores altas e de troncos claros comparando com as espécies existentes na Inglaterra. Observou também enormes formigueiros que causaram danos às pastagens.

14 de abril: Rio Macaé. Observou a riqueza dos solos, apesar que o cultivo era pouco em relação ao tamanho do país. Adentrou em mata logo após uma chuva observando a evaporação por toda floresta que formava densa neblina. Supôs que era devido a grande superfície de folhagens aquecida pelos raios solares.

18 de abril: Coletou insetos na mata. Observou que as árvores eram altas porém de pequeno diâmetro.

19 de abril: Comparou colibris com mariposa-esfinge achando hábitos e movimentos semelhantes. Elogiou o Brasil pela fertilidade de um clima que possibilitava grande diversidade de espécies. O que mais observou no Brasil foram os invertebrados, interessando-se por uma planária de terra seca sendo que conhecia organismos desse gênero habitantes de água. Encontrou 12 espécies no Hemisfério Sul. Manteve algumas espécies durante 2 meses alimentando-se de madeira podre. Pôde observar sua capacidade de regeneração quando seccionou transversalmente um dos animais. Descobriu sapos com vocalizações mais modestas que na Europa. Adentrando por uma mata nobre encontrou um fungo (Hymenophilus) que atraiu um Strongylus e comparou com uma situação semelhante com organismos encontrados na Inglaterra. Chegou à conclusão de que a introdução de espécies pode interromper essa ligação.

Durante sua permanência no Brasil reuniu uma grande coleção de insetos e anotou. Observou que as mariposas eram mais comuns em regiões temperadas. Quantos às borboletas estudou uma em particular que apresentou propriedades que lhe interessaram, como produzir um som de chocalho e a locomoção através de patas.

Começou a observar não mais o número de espécies diferentes mas o número de insetos individuais. A variedade entomológica lhe chamou a atenção para alguns fatos como a disputa pelo ambiente (predação, a lei do mais forte). Fez análises a respeito de comportamentos, alimentação e estratégias de ataque de vários insetos, como formigas, uma vespa atacando uma aranha e várias espécies de aranha.

5 de julho de 1832: sai do Brasil rumo a Montevidéo.

12 de agosto de 1836: passados quatro anos dando a volta pelo mundo, quando já voltavam com destino a ilha de Cabo Verde, ventos contrários o trouxeram de volta ao Brasil (Recife). No tempo que ficou em Pernambuco a única observação que fez foi o recife que forma o ancoradouro.

19 de agosto: deixa novamente o Brasil - "Dou graças a Deus e espero nunca mais visitar um país de escravos..."

02 de outubro: chega à Inglaterra (Falmouth), termina assim a viagem do Beagle.

Considerava que o cenário de partes da Europa provavelmente suplantava tudo quanto tivesse visto, fazendo exceção das zonas intertropicais, não podendo estabelecer comparações entre as duas classes. Entre as cenas que se achavam profundamente impressas em sua mente, nenhuma excedia a sublimidade das florestas primevas, não tocadas pela mão do homem, no Brasil, onde predominavam os poderes da vida...

3 - CONCLUSÃO

Após o regresso de Darwin à Inglaterra, ocorreram diversos jantares nos quais muitos geólogos naturalistas e curiosos queriam escutar suas fascinantes histórias. Darwin, após cinco anos no mar possuía um registro completo em seu diário. Além disso, ele enviou para casa muito mais coisas: cadernos de notas sobre geologia e zoologia e vários barris contendo suas coletas listadas em seus catálogos principais, como sendo 1529 espécies conservadas em álcool e 3907 peles, ossos e outros espécimes desidratados. Ele certamente acreditava que o trabalho estava por começar. Naquela época, Londres era invadida por uma série de discursos sobre a criação divina e Darwin discordava disso; ele queria mais e tinha um milhão de perguntas a serem respondidas. Para ele havia uma evolução natural das espécies, mas precisaria provar como e porquê.

Esta viagem deu-lhe uma visão mais profunda da natureza e as inúmeras observações feitas sugeriram-lhe duas idéias básicas sobre a evolução :

a idéia da variabilidade das espécies;
a idéia de que as espécies atuaispodem ter tido antepassados comuns.


4 - CONSIDERAÇÕES

Em sua passagem pelo Brasil Darwin sugeriu a ocorrência de processos biológicos semelhantes em áreas geográficas e com seres vivos diferentes. Talvez seja o início de um processo de raciocínio que o tenha levado a elaboração da Teoria da Evolução, ou talvez, o início da coleta de dados comprobatórios dessa teoria. Preocupou-se com a alteração ecológica provocada pelo homem onde o equilíbrio biológico existente é rompido pela introdução de uma espécie nova.

5 - BIBLIOGRAFIA

Darwin, C., Viagem de um Naturalista ao Redor do Mundo - Vol.1, Nova edição, 1871.

Sites:

http://www.uol.com.br/instanqua/info13.htm

http://www.estado.com.br/jornal/suplem/viag/98/09/01/viag015.html

http://www.jornalismo.cce.ufsc.br/darwin.html

http://www.darwin.g12.br/diversos/biografiadarwin/biografia.htm