Actina
A actina é o maior componente dos filamentos finos das células musculares e do sistema citoesqueletal de células não musculares e está presente em todos os eucariontes. Na figura abaixo, observa-se as moléculas de actina F em uma célula de mamífero (indicadas pela letra "X")
A actina pode se apresentar de duas maneiras diferentes: actina G de formato globular, presente em soluções de baixa força iônica e a actina F de formato fibroso, que é uma forma polimerizada da actina G devido ao aumento da força iônica. A actina G é uma molécula bipartida com uma fenda onde está ligado o ATP-ADP. A actina F tem uma aparência de filamento duplo devido a uma rotação de 166° e uma translação de 27,5 Å.
A actina G possui um sítio de ligação ao ATP, e, quando ligada ao mesmo, ela consegue se ligar à actina F. Na figura abaixo observa-se a estrutura esquemática de uma molécula de actina G ligada à uma molécula de ATP.
A actina F possui duas extremidades, denominadas extremidades "mais" e "menos". Na extremidade "mais", está ocorrendo a entrada de actina G ligada a ATP, o que promove o aumento do polímero de actina F, e na extremidade "menos" está ocorrendo a saída de actina ligada a ADP, o que promove a diminuição da cadeia de actina F. Assim, o tamanho relativo da actina F depende da entrada e da saída de actinas G pelas extramidades "mais" e "menos", respectivamente (veja a figura abaixo).
Função da actina no movimento amebóide
A região do citoplasma mais externa da célula de amebas que localiza-se abaixo da membrana plasmática é chamada de ectoplasma, sendo um colóide no estado de gel (o nome gel indica que lá o citoplasma adquire um estado semi-sólido). Já a maior parte do citoplasma, interna ao ectoplasma, é chamada de endoplasma e é um colóide no estado sol (o nome sol indica que no endoplasma o citoplasma se apresenta fluido). É bastante antiga a observação de que células vivas, como amebas e leucócitos, têm a capacide de transformar, em certas circunstâncias, partes do hialoplasma geleificadas em sol, e vice-versa. Essas transformações estão na base do famoso movimento amebóide, através do qual amebas e leucócitos "derramam" seu citoplasma para a frente, formando pseudópodes. Os pseudópodes, vamos lembrar, não apenas permitem a locomoção da célula, como também sua nutrição, pelo conhecido processo da fagocitose. Veja abaixo nas figuras os desenhos esquemáticos de uma fagocitose e das regiões do citoplasma de uma ameba.
Observa-se nas figuras abaixo exemplos in vivo da fagocitose e das regiões citoplasmáticas demonstradas nos esquemas acima.
Como esse processo ocorre? Na região do ectoplasma, encontramos uma rede tridimensional de moléculas de actina F, polimerizada a partir da actina G, o que confere à mesma a aparência de gel. Já no endoplasma encontra-se somente a actina G (não-polimerizada). Durante a emissão do pseudópode, ocorre a despolimerização temporária da actina F no ectoplasma, o que leva ao infuxo de água para essa região (por pressão osmótica parcial). Tal influxo leva à expansão da região em questão, o que acaba por formar o pseudópode.
|