REPARO DE DNA EM ORGANELAS
 


 

          Desde a descoberta de que a mitocôndria apresenta um genoma próprio, independente do genoma nuclear, levantou-se a questão se eles estavam sujeitos aos mesmos mecanismos de reparo que ocorrem no genoma nuclear. Entretanto, por muito tempo acreditou-se que o reparo de DNA não estava presente no genoma dessa organela. Nesse sentido, o reparo não seria necessário devido à redundância da informação genética presente nas várias cópias do DNA das organelas. Essa visão era reforçada pelas observações de que: o genoma dessa organela não codifica para nenhum gene envolvido no reparo do DNA (Britt, 1996); o DNAmt apresenta uma maior taxa de mutação quando comparado com o nuclear (Richter et al., 1988); e pelo fato de que algumas lesões, como dímeros de pirimidina, não são removidas eficientemente do DNA mitocondrial (DNAmt) de mamíferos (LeDoux et al., 1992).

 
         No entanto, a retirada eficiente de purinas metiladas  (LeDoux et al., 1992); a presença da enzima UV endonuclease na mitocôndria de mamíferos (Tomkinson et al., 1990); além dos estudos de Thyagarajan e colaboradores. (1996), que verificaram que extratos protéicos mitocondriais são capazes de catalisar a recombinação de plasmídeos "in vitro" (sendo que os autores sugerem que esta atividade de recombinação está relacionada com o reparo de DNA mitocondrial); indicam que o genoma de organelas está sujeito a outros tipos de reparo, embora nenhuma evidência sugira que ocorra o reparo por excisão de nucleotídeos nesta organela.
         Entretanto, os dados mais interessantes sobre o reparo de DNA mitocondrial advém do estudo com plantas e levedura. Pang e colaboradores (1993) clonaram um gene de A. thaliana capaz de complementar bactérias deficientes no reparo por excisão de nucleotídeos. O gene ainda não tem função definida e não apresenta homologia com nenhum gene conhecido, entretanto, verificou-se que ele é direcionado para cloroplasto e mitocôndria. Outro gene de planta, thi1, também é capaz de complementar bactérias deficientes no reparo por excisão de nucleotídeos (Machado et al., 1996). Esse gene além de participar na síntese de tiamina também esta envolvido na estabilidade do DNA mitocondrial, tanto em planta, como em S. cerevisiae (Machado et al., 1997).
         O conhecimento do reparo de DNA mitocondrial pode ser essencial no estudo de diversas doenças que estão associadas com a mitocôndria, bem como com o processo de envelhecimento.


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