2. Reparo por excisão de bases (BER)
 

         Este processo é conduzido pelas enzimas  DNA glicosilases que reconhecem os produtos de citosina e adenina deaminadas no DNA gerando uracila e hipotanina. Esse tipo de reparo tem início com a ação de DNA glicosilases que reconhecem e removem bases lesadas da cadeia do DNA pela quebra da ligação N-glicosil, a qual mantém a base nitrogenada associada com o esqueleto de açúcar-fosfato (Friedberg et al., 1995). As enzimas com atividade de DNA glicosilase foram inicialmente estudadas e caracterizadas em E. coli, mas atualmente diferentes DNA glicosilases foram caracterizadas em eucariotos e essas apresentam grande homologia com as enzimas procariotas. A maioria das DNA glicosilases reconhecem lesões específicas como a adenina metilada na posição 3 (Steinum & Seeberg, 1986) ou a 8-hidroxiguanina (Boiteux et al., 1987).
         Após a retirada da base lesada gera-se no DNA um sítio apurínico ou apirimidínico (AP) que será reparado por AP endonucleases (Doetsch & Cunningham, 1990). Os sítios AP também podem ser gerados por hidrólise natural do DNA. Todas as AP endonucleases conhecidas até o momento realizam a quebra do esqueleto açúcar-fosfato na região 5’ deste. O resultado dessa quebra gera duas terminações: uma 3’-OH e outra 5’-fosfato-desoxirribose.
        A E. coli apresenta duas AP endonucleases: exonuclease III (xth) e endonuclease IV (nfo). A exonuclease III fo   i inicialmente caracterizada como uma exonuclease com uma atividade associada de fosfatase (Doetsch & Cunningham, 1990). Atualmente, sabe-se que a principal função fisiológica dessa proteína é a atividade de 5’ AP endonuclease. Essa enzima  tem aproximadamente 28 kDa e é capaz de atuar eficientemente tanto em sítios apurínicos quanto  apirimidínicos (Gossard & Verly, 1978).
Por sua vez, a endonuclease IV de E. coli não é detectada em extrato bruto de células selvagens, uma vez que ela é responsável por somente 10% da atividade de AP endonuclease em extratos brutos (Ljungquist, 1977). Essa enzima apresenta atividade AP endonuclease semelhante à exonuclease III.
Após a ação das AP endonucleases é necessário que ocorra a remoção de resíduos 5’-fosfato-desoxirribose. Essa etapa é realizada pela enzima DNA desoxirribo-fosfodiesterase (dRpase), para que uma DNA polimerase possa reconhecer e complementar a lacuna gerada pela retirada do nucleotídeo (Friedberg et al., 1995).
    A similaridade e conservação entre os genes de eucariotos e procariotos é também funcional, já que genes de eucariotos são capazes de complementar  bactérias deficientes em genes envolvidos no reparo por excisão de base (Friedberg et al., 1995). A possibilidade dessa complementação ocorrer advém do fato das enzimas que atuam nesse tipo de reparo reconhecerem lesões específicas e não precisarem montar um complexo enzimático para a retirada da base lesada. (Figura 2)
 


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