Membro inferior

Ezequiel Rubinstein

Joaquim E. G. Gomes

Márcio A. Cardoso

Humberto J. Alves

1 – Ossos da cintura pélvica e do membro inferior

O esqueleto é comumente dividido em duas partes principais: o esqueleto axial e o esqueleto apendicular. O esqueleto axial é formado pelo crânio, pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo esterno, enquanto o esqueleto apendicular é formado pelos membros superiores (úmero, rádio, ulna e ossos da mão) e pelos membros inferiores (fêmur, tíbia, fíbula, patela e ossos do pé).

As uniões entre o esqueleto axial e o esqueleto apendicular são realizadas pelas cinturas ou cíngulos. Unindo cada membro superior ao esqueleto axial está a respectiva cintura escapular, formada pela escápula e pela clavícula. Unindo cada membro inferior ao esqueleto axial está a respectiva cintura pélvica, que na infância é formada pelos ossos ílio, ísquio e púbis, unidos por cartilagem. Durante a adolescência estes três ossos se fundem, formando um osso único, o osso do quadril.

Para realizar um estudo proveitoso, faça uma leitura atenta do livro-texto observando suas figuras, bem como as do atlas e identifique, na peça óssea, os elementos descritos tendo como referência os citados na tabela 1.

Procure sempre estudar o osso em sua posição anatômica. Para isso é necessário determinar a qual lado ele pertence. Não use lápis ou caneta para apontar os acidentes ósseos, evitando, assim, danifica-los. Utilize um estilete ou um palito.

2 – Articulações do membro inferior

Antes de iniciar o estudo das articulações do membro inferior, lembre-se que elas estão fixadas pelo formol, o que reduz a sua amplitude de movimentos em comparação com o vivente. Assim, não force as peças e observe em você mesmo ou em um colega a amplitude “in vivo“.

Não se limite a identificar as estruturas relacionadas na tabela 2. Analise a forma das superfícies articulares, pense sobre o grau de congruência destas e sobre os mecanismos de estabilização. Faça sempre as classificações morfológica e funcional das articulações estudadas.

Os ligamentos capsulares descritos nos livros-texto nem sempre são de fácil visualização nas peças disponíveis, pois são áreas mais espessadas da cápsula articular, não tendo, portanto, limites nítidos

As demais articulações do pé serão objeto somente de estudo teórico

3 – Músculos do membro inferior

Ao iniciar o estudo dos músculos do membro inferior, lembre-se de:

3.1 – Fáscia do membro inferior

Cada músculo possui sua fáscia de revestimento. No membro inferior, além destas fáscias individuais, toda a massa muscular está envolvida por um invólucro fascial, que a subdivide em grupos funcionais.

Embora seja uma estrutura única, conforme a região do membro possui características peculiares e, as vezes, recebe nomes próprios. Assim, a fáscia da coxa, espessa e resistente é denominada fáscia lata; nas demais regiões não tem nome próprio: na região glútea é a fáscia glútea (embora alguns a denominem erroneamente de aponeurose glútea), na perna e no pé é a fáscia da perna e do pé.

Na maioria das peças só estão presentes restos da fáscia lata, de forma que seu estudo é mais teórico que prático. Contudo, é possível a identificação do trato iliotibial e do músculo tensor da fáscia lata.

Da fáscia lata partem septos que subdividem a massa muscular da coxa em grupos funcionais. São eles os septos intermusculares lateral e medial. Estude-os na teoria e faça um esquema mostrando sua disposição. Na perna, os septos intermusculares são de disposição espacial mais complexa que a da coxa. Estude-os teoricamente e veja a figura 1.

3.2 – Região anterior da coxa

Ainda na pelve identifique os músculos psoas maior e ilíaco. Observe que ao passarem para a coxa eles se unem, formando uma unidade anatômica e funcional, o músculo iliopsoas. Identifique, também, o músculo pectíneo, situado na porção medial da raiz da coxa.

Entre a espinha ilíaca ântero-superior e o tubérculo púbico existe uma estrutura denominada de ligamento inguinal, que é a borda inferior da aponeurose de inserção do músculo oblíquo externo do abdome. Na maioria das peças ele está ausente, mas você pode substituí-lo, para as finalidades deste estudo, por um barbante estirado entre os dois pontos ósseos de referência. O ligamento inguinal será visto com mais detalhes quando do estudo dos músculos do tronco.

Note que entre o ligamento inguinal anteriormente e o músculo iliopsoas posteriormente existem “espaços” vazios que são denominados de compartimentos. O “espaço“ ocupado pelo músculo iliopsoas e pelo nervo femoral, o qual passa entre as partes ilíaca e psoas maior do músculo iliopsoas, é o compartimento muscular. O outro "espaço", denominado de compartimento vascular está situado entre o músculo iliopsoas, lateralmente e o músculo pectíneo, medialmente e contém a bainha femoral e seu conteúdo (figura 2).

O que é arco iliopectíneo? Qual é o conteúdo da bainha femoral?

Identifique, a seguir, os seguintes músculos:

Os quatro primeiros, formam em conjunto, o músculo quadríceps femoral (ou da coxa). Qual dos componentes do quadríceps é biarticular? O que você pode deduzir deste fato?

3.3 – Região medial da coxa

Identifique os seguintes músculos:

Agora que as regiões medial e anterior da coxa foram vistas, você pode delimitar o trígono femoral e o canal adutor (ou subsartorial). Identifique, no músculo adutor magno, o hiato tendíneo. Qual a importância funcional destas estruturas?

3.4 – Região glútea

Na mesa neutra existe uma peça na qual foram preservados os planos superficiais  Observe e deduza a importância funcional da disposição espacial da camada areolar da tela subcutânea

Na peça do seu grupo, o músculo glúteo máximo foi rebatido a partir de suas origens no sacro e na crista ilíaca. Se ele não estiver em sua posição, recoloque-o e observe que ele não recobre totalmente o músculo glúteo médio, que lhe é anterior (lembre-se da posição de descrição anatômica).

Mobilize o músculo glúteo máximo lateralmente e identifique:

A mobilização do músculo glúteo médio permite a identificação do músculo glúteo mínimo, enquanto a mobilização do músculo quadrado femoral permite a identificação do ventre do músculo obturatório externo.

Na mesa neutra existem peças nas quais foram preservados os ligamentos sacrotuberal e sacroespinhal, bem como os músculo m. piriforme e obturadores externo e interno.

3.5 – Região posterior da coxa

Identifique, de lateral para medial, os seguintes músculos:

Observe, agora em vista posterior, o hiato tendíneo do músculo adutor magno. Porque, com a coxa em extensão total, é difícil fletir a perna?

3.6 – Fossa poplítea, perna e pé

Identifique os limites e o assoalho da fossa poplítea. Observe o músculo gastrocnêmio, com suas cabeças lateral e medial, o músculo poplíteo e o músculo plantar.

Na região posterior da perna identifique:

Observe o arco tendíneo do músculo sóleo. Que estruturas o atravessam?

Na região anterior da perna, identifique de medial para lateral, os seguintes músculos:

Identifique o retináculo dos extensores.

Na região lateral da perna reconheça os músculos fibulares longo e curto, bem como os retináculos dos fibulares e dos flexores (estes mais posteriormente). Qual a importância funcional dos retináculos?

No dorso do pé identifique o músculo extensor curto dos dedos. A musculatura da planta do pé, bem como a aponeurose plantar deverão ser estudados teoricamente e vistos na peça presente na mesa neutra.

4 – Vasos do membro inferior

Na peça de sua mesa estão visíveis somente as artérias do membro inferior, já que as veias, exceto as superficiais, dão satélites às artérias e, sabendo-se o trajeto destas, sabe-se, automaticamente, o trajeto das outras. A figura 3 é um exercício de revisão que deverá ser feito após o estudo prático das artérias do membro inferior.

As veias superficiais foram dissecadas e podem ser vistas na mesa neutra.

Após o estudo predominantemente teórico das veias do membro inferior, você deverá entender, pelo menos, o seguinte:

O estudo dos vasos linfáticos do membro inferior é teórico. Após tal estudo, você deverá entender, pelo menos, o seguinte:

4.1 – Artérias da coxa

Observe na sua peça que a aorta, ainda no abdome, bifurca-se nas artérias ilíacas comuns direita e esquerda. Cada artéria ilíaca comum, por sua vez, bifurca-se em artérias ilíacas externa e interna. A continuação da artéria ilíaca externa, distalmente ao ligamento inguinal, recebe o nome de artéria femoral e é a principal artéria do membro inferior.

A artéria femoral distalmente ao ligamento inguinal emite pequenos ramos superficiais, as artérias pudenda externa, epigástrica superficial e circunflexa superficial do ílio, que podem ser vistas na peça da mesa neutra.

Em uma distância variável de sua origem (um a cinco centímetros) a artéria femoral emite seu principal ramo, a artéria femoral profunda, principal responsável pela irrigação da região posterior da coxa. Entre a origem da artéria femoral e a origem da artéria femoral profunda encontram-se as artérias circunflexas lateral e medial do fêmur. A origem destas artérias tanto pode ser na artéria femoral, como uma ou ambas podem se originar da artéria femoral profunda. Compare sua peça com as peças dos outro grupos.

A artéria circunflexa medial do fêmur passa posteriormente ao músculo pectíneo e a artéria circunflexa lateral do fêmur passa posteriormente ao músculo reto femoral. Em algumas das peças os músculos foram seccionados para expor mais amplamente o trajeto destas artérias

Volte sua atenção agora para a artéria femoral profunda. Note que ela emite ramos, em geral 3 a 4, que se dirigem posteriormente: são as artérias perfurantes. Coloque a peça em visão posterior e acompanhe estas artérias na região posterior da coxa.

Com a peça novamente em visão anterior, observe que a artéria femoral emite diversos ramos musculares (cortados) em seu trajeto pelo canal adutor, penetrando, a seguir, no hiato tendíneo do músculo adutor magno.

Antes de continuar, reveja seus conhecimentos sobre o canal adutor e o hiato tendíneo do músculo adutor magno.

Coloque a peça em visão posterior e reconheça o hiato tendíneo do músculo adutor magno. A partir daí, a artéria femoral passa a ser chamada de artéria poplítea.

4.2 – Artérias da fossa poplítea, da perna e do pé

Na fossa poplítea, a artéria poplítea emite as artérias geniculares e surais (não precisa identificar).

Ao penetrar pelo arco tendíneo do músculo sóleo ou, às vezes, imediatamente antes, a artéria poplítea emite a artéria tibial anterior e continua-se como tronco tibiofibular, o qual após um curto trajeto, bifurca-se em artéria tibial posterior (medial e, em geral, mais calibrosa) e artéria fibular (lateral e, em geral, menos calibrosa). Pode ocorrer que o tronco tibiofibular não exista. Nestes casos, a artéria poplítea trifurca-se nas artérias tibial anterior, tibial posterior e fibular.

A artéria tibial anterior atravessa, de posterior para anterior, a membrana interóssea e tem seu trajeto anterior entre os músculo m. tibial anterior e extensor longo do hálux. Ao passar pelo nível da articulação talocrural (nível este dado por uma linha imaginária entre os pontos médios dos maléolos medial e lateral), ela muda de nome para artéria dorsal do pé.

A artéria tibial posterior bifurca-se, em geral, a meia distância entre o maléolo medial e a projeção do calcâneo, em artérias plantares medial e lateral.

Maiores detalhes sobre o comportamento das artérias do pé e dos dedos deverão ser vistos em estudo teórico.

4.3 – Artérias da região glútea

Identifique na sua peça e na peça da mesa neutra as artérias glúteas superior e inferior. Qual a relação delas com o músculo piriforme? De onde elas se originam?

 5 – Nervos do membro inferior

Antes de iniciar o estudo prático, reveja seus conhecimentos sobre a formação, distribuição e arranjo em plexos dos nervos espinhais.

Quase toda a inervação do membro inferior provém dos plexos lombar e sacral. Estude a teoria de sua formação e observe a peça da mesa neutra.

5.1 – Nervos das regiões anterior e medial da coxa

Identifique, no compartimento muscular, o nervo femoral. Observe que ele penetra na coxa já ramificado. Note seus ramos musculares. Após emitir a maior parte de seus ramos, o nervo femoral penetra no canal adutor, onde emite seus ramos terminais, o nervo para o músculo vasto medial e o nervo safeno, o qual logo se torna cutâneo e passa a acompanhar a veia safena magna na face medial da perna.

Na região medial da coxa está o nervo obturatório, que penetra na coxa já ramificado em ramo anterior e ramo posterior. O ramo anterior do nervo obturatório corre entre os músculos adutores longo e curto, enquanto o ramo posterior do nervo obturatório corre entre os músculos adutores curto e magno.

5.2 – Nervos das regiões glútea e posterior da coxa

Utilizando o músculo piriforme como guia, identifique em sua borda superior o nervo glúteo superior e em sua borda inferior os nervos isquiático, glúteo superior e cutâneo posterior da coxa (este está visível, pelo menos, na peça da mesa neutra). O nervo isquiático, embora funcionalmente dividido desde sua origem em componentes tibial e fibular, só o será anatomicamente em um nível variável, que p[ode ir de sua origem até a fossa poplítea. A forma mais freqüente é a que ocorre no terço distal da região posterior da coxa. Compare a sua peça com as dos outros grupos. Após a divisão anatômica, os componentes tibial e fibular recebem, respectivamente, os nomes de nervo tibial e de nervo fibular comum.

Observe, na região posterior da coxa, os músculos inervados pelo nervo isquiático. Quais o são pelo componente tibial e quais o são pelo componente fibular?

5.3 – Nervos da fossa poplítea e da perna

Observe que o nervo tibial acompanha a artéria poplítea, o tronco tibiofibular e a artéria tibial posterior, supre a musculatura posterior da perna e termina bifurcando-se em nervos plantares medial e lateral.

Siga o nervo fibular comum em seu trajeto próximo à borda lateral da fossa poplítea, note que ele contorna em direção anterior o colo da fíbula e se divide em nervo fibular superficial e nervo fibular profundo. O nervo fibular superficial após suprir os músculo m. fibulares longo e curto, tornas-se cutâneo. O nervo fibular profundo passa para a região anterior da perna, acompanhando a artéria tibial anterior, supre os músculo m. tibial anterior, extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos.

O comportamento dos nervos do pé e dos dedos deverá ser visto em estudo teórico.


TABELA 1 - ESTRUTURAS A SEREM IDENTIFICADAS NO ESTUDO DOS OSSOS DO MEMBRO INFERIOR

OSSO DO QUADRIL

forame obturado

acetábulo

fossa do acetábulo

incisura do acetábulo

face semilunar

corpo do ílio

asa do ílio

linha arqueada (ou terminal)

crista ilíaca)

espinha ilíaca ântero-superior

espinha ilíaca ântero-inferior

espinha ilíaca póstero-superior

espinha ilíaca póstero-inferior

fossa ilíaca

face glútea

face sacropélvica

faceta auricular

tuberosidade ilíaca

corpo do ísquio

ramo do ísquio

túber isquiático

espinha isquiática

incisura isquiática maior

incisura isquiática menor

corpo do púbis

face sinfisial

crista púbica

linha pectínea

tubérculo púbico

eminência iliopúbica

ramo inferior do púbis

ramo superior do púbis

crista obturatória

sulco obturatório

FÊMUR

Epífise

Diáfise

Cabeça do fêmur

Fóvea para o ligamento da cabeça do fêmur

Colo do fêmur

Trocanter maior

Trocanter menor

Linha intertrocantérica

Fossa trocantérica

Crista intertrocantérica

Linha áspera

Lábio medial da linha áspera

Lábio lateral da linha áspera

Linha pectínea

Tuberosidade glútea

Face poplítea

Linha supracondilar medial

Linha supracondilar lateral

Côndilo lateral

Côndilo medial

Face patelar

Fossa intercondilar

Tubérculo adutor

Epicôndilo medial

Epicôndilo lateral

PATELA

Ápice e base

Face anterior

Facetas articulares para os côndilos lateral e medial do fêmur.

TÍBIA

Face articular superior

Côndilo medial

Côndilo lateral

Eminência intercondilar

Tubérculo intercondilar lateral

Tubérculo intercondilar medial

Área intercondilar anterior

Área intercondilar posterior

Face articular fibular

Tuberosidade da tíbia

Bordas anterior, medial e interóssea

Linha do músculo sóleo

Maléolo medial

Face articular do maléolo

incisura fibular

Sulco maleolar

FÍBULA

Cabeça da fíbula

Face articular da cabeça da fíbula

Ápice da cabeça da fíbula

Colo

Corpo

Borda interóssea

Maléolo lateral

Face articular do maléolo

Fossa do maléolo lateral

PÉ ARTICULADO

Calcâneo

Tuberosidade do calcâneo

Sustentáculo do tálus

Tálus

Tróclea do tálus

Cubóide

Cuneiformes lateral, intermédio e medial

Metatarsais

Tuberosidade do 1o metatarsal

Tuberosidade do 5o metatarsal

Falanges proximal, média e distal

Ossos sesamóides

 


TABELA 2 - ESTRUTURAS A SEREM IDENTIFICADAS NO ESTUDO DAS ARTICULAÇÕES COXO-FEMORAL E DO JOELHO

Articulação coxo-femoral

Lábio do acetábulo

Ligamento transverso do acetábulo

Ligamento da cabeça do fêmur

Ligamento iliofemoral

Ligamento isquiofemoral

Ligamento pubofemoral

Veja nos cortes sagitais e frontais:

Cápsula articular

Cavidade articular

Ligamento da cabeça do fêmur

Tendões de inserção dos m.m. obturadores externo e interno.

Articulação Do joelho

Cápsula articular

Ligamento colateral tibial

Ligamento colateral fibular

Ligamento patelar

Menisco lateral

Menisco medial

Ligamento transverso

Ligamento cruzado anterior

Ligamento cruzado posterior

Veja nos cortes sagitais e frontais:

Cápsula articular

Cavidade articular

Bolsa infrapatelar

Porção intracapsular do tendão do músculo poplíteo

 


 

FIGURA 1 - SEPTOS DA PERNA.

 


FIGURA 2 - COMPARTIMENTOS DA RAIZ DA COXA


 

FIGURA 3 - ARTÉRIAS DO MEMBRO INFERIOR

Complete a relação abaixo seguindo a numeração da figura

01 - 14 -
02 - 15 -
03 - 16 -
04 - 17 -
05 - 18 -
06 - 19 -
07 - 20 -
08 - 21 -
09 - 22 -
10 - 23 -
11 - 24 -
12 - 25 -
13 - 26 -